Como parte da programação do 15º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, dia 13 de setembro aconteceu o 2º Domingo de Dados da Abraji. Em sua primeira edição virtual e totalmente gratuita, o evento ofereceu oficinas, desde os níveis básicos até os avançados, que abordaram caminhos para entrar nessa área, como produzir grandes investigações baseadas em dados, cobrir eleições e aprender linguagens de programação.
Editor do Estadão Dados, o jornalista Daniel Bramatti deu início ao Domingo de Dados falando sobre a mudança do presencial para o online. Na primeira edição do evento, realizada no ano passado, as salas estavam lotadas, enquanto agora não há limitação de participantes. O conteúdo alcança mais jornalistas. Além disso, lembra que a atenção da Abraji com o jornalismo de dados vem da época da reportagem com auxílio do computador (RAC).
Destaca-se a oficina “Jornalismo de dados, dê seus primeiros passos”, que mostra a importância dessa área para a sociedade. As jornalistas Natália Mazotte e Amanda Rossi falaram sobre o crescimento da comunidade de dados no Brasil, ressaltando que não há separação entre o jornalismo de dados e o tradicional. O escopo de trabalho, no entanto, foi ampliado principalmente pelas mudanças tecnológicas que facilitam acesso a dados.
Amanda explica que é possível descobrir histórias inéditas e relevantes a partir da investigação de dados, mas é necessário ter atenção à metodologia de coleta para evitar vieses na informação. Ela acrescenta que o jornalista pode trazer novidades para especialistas, e não apenas tê-los como fonte – isso aconteceu, por exemplo, na construção do projeto Basômetro, do Estadão Dados, que está ativo desde 2012 e foi insumo para a criação de um livro de professores da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A oficina inclui um tutorial de como obter dados e “entrevistá-los”. Natália alerta que, assim como fontes humanas, dados podem ser enganosos, não são completamente objetivos nem verdades absolutas. É necessário ter consciência dos erros, incertezas e escolhas feitas no processo a fim de evitar conclusões incorretas.
Participantes do R-Ladies, um projeto que busca a inclusão de gênero na comunidade da linguagem de programação R, Renata Hirota e Maria Marinho produziram a oficina “Estatística para jornalistas”. Elas mostraram a importância de conceitos básicos, como média, mediana e moda, e chamaram atenção para a escolha da medida estatística correta, para que distorções na informação sejam evitadas. Diversos tipos de gráficos, assim como expressões frequentemente utilizadas no jornalismo – média móvel e pontos percentuais, por exemplo – foram explicados. As principais recomendações incluem entender o contexto dos dados, escolher a apresentação visual adequada e contar uma história, não apenas apresentar números.
“Melhore sua visualização de dados” contou com o designer de informação Ricardo Cunha Lima e o jornalista Rodolfo Almeida, que abordaram infografia e estratégias de informação visual. Ao escolher gráficos, é necessário considerar quem é o leitor, que conceitos ele já conhece e quanto tempo você espera que ele passe com sua visualização. A oficina enfatizou quais estilos de gráficos são mais precisos e sugeriu ferramentas de acordo com o nível de habilidade do jornalista.
Outras oficinas incluíram raspagem de dados e linguagens de programação R, Python e SQL. A decisão de oferecer o Congresso gratuitamente foi consequência dos impactos financeiros da pandemia, mas a Abraji aceitou contribuições de qualquer valor.
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Julia Barroso – 7º período
Coluna originalmente publicada em JotaUVA.
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