Numa clara mudança no tom da comunicação do Ministério da Saúde, utilizado nas coletivas de imprensa, boletins e tweets, os registros da última segunda-feira (25) apontavam para o número de pessoas recuperadas do vírus Covid-19, bem como os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) habilitados. Até a data, país registrava 23.473 óbitos devido ao vírus, 374.898 contaminados e 153.833 recuperados. Durante toda a pandemia o Ministério da Saúde habilitou 6.344 leitos de UTI para pacientes de covid.
De acordo com a docente do curso de Jornalismo e consultora em estratégia de comunicação, Cecília Seabra, essa modificação no discurso é proposital e tem como objetivo agradar ao presidente, que prega uma política de desinformação, evidente quando dois ministros da saúde médicos e científicos foram trocados por não concordarem com as medidas de Bolsonaro.
“Essa mudança de posicionamento do ministério reflete a estratégia de desinformação, que infelizmente, é adotada pelo governo para desviar o foco da raiz do problema, que é a falta de uma estratégia nacional de combate à pandemia. O que temos são estados e municípios fazendo suas próprias estratégias, sem nenhum alinhamento”, afirma Cecília.
Acima de tudo, é uma política perigosa para a população, pois ao omitir a real situação, as pessoas têm uma visão mentirosa do avanço da pandemia, podendo colocar suas vidas em risco e atrasando a contenção do vírus.
“É realmente uma confusão de discursos diferentes e este posicionamento do Ministério da Saúde desvia a atenção das pessoas e dificulta o acesso a uma informação oficial à imprensa, órgão que seria, até então, responsável por atualizar o número de casos. Ainda mascara o avanço da doença, pois esse discurso acaba passando a sensação de que as coisas estão melhorando, quando na verdade não é bem isso que está acontecendo. Porque a curva da doença está ascendente, sem controle e os Estados estão tendo problemas enormes para lidar com infraestrutura de saúde”, acrescenta Cecília.
Manaus e povos originários
Nesta terça-feira (26) foi inaugurado, em Manaus (AM), a primeira ala voltada para pacientes indígenas no Hospital Nilton Lins. O ministro interino da saúde, Eduardo Pazuello, o secretário de saúde indígena Robson da Silva e o governador do Amazonas, Wilson Lima, estavam presentes na cerimônia.
A ala conta com 53 leitos; sendo 33 leitos clínicos, 15 de UTI e 5 Unidades de Cuidados Intermediários (UCI). O Objetivo é que haja uma união das frentes governamentais para enfrentar de forma eficiente a pandemia no estado do Amazonas que vem sofrendo com as causas do vírus. Em reunião realizada na última segunda (25) entre o secretário de saúde indígena e representantes do Estado do Amazonas e do município de Manaus, Robson da Silva esclareceu:
“Nosso objetivo aqui é salvar vidas e, por isso, trabalhamos juntos para aprimorar o nosso atendimento e anunciar outras medidas importantes que se somam àquelas já adotadas pelo Governo Federal para o apoio às populações indígenas do Amazonas e do Brasil”, diz.
No entanto, um resumo de casos registrados pelo Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena nesta terça (26) evidencia que em todo o Brasil já faleceram 143 indígenas, sendo 99 das mortes no Amazonas, e 1.256 indígenas infectados.
Em carta emitida pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) sobre o Covid-19, o comitê organizado para registrar o avanço entre os povos indígenas expressa preocupação com saída dos índios de suas tribos para acessar o Auxílio Emergencial como uma das causas do aumento da contaminação.
“Não é somente um número. Cada corpo indígena tem uma encantaria ancestral. A cada indígena morto, morre parte da nossa história coletiva”, disse, nas redes da Apib, Célia Xakriabá, professora ativista indígena do povo Xakriabá em Minas Gerais.
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Marina Figorelli – 7º Período
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