Política

Coronavírus: cientista político e sociólogo, Guilherme Carvalhido analisa governo brasileiro

Consequências da pandemia na economia mundial e medidas a serem tomadas pelos governos foram os principais tópicos abordados

Tendo em vista o atual contexto da crise mundial causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a Agência UVA convidou Guilherme Carvalhido: cientista político, sociólogo e mestre em comunicação; para realizar uma análise crítica sobre as atuações do governo e da população diante da atual crise política que assola o Brasil e o mundo.

Em uma análise geral sobre a primeira reação das pessoas diante da pandemia, Carvalhido ressaltou que o Brasil reagiu de forma esperada, comparando-a com a reação que todos os outros países tiveram: “É uma pandemia e, como em toda pandemia letal, são necessárias ações públicas de controle da circulação de pessoas para reduzir a contaminação, visto que o contágio é feito através do contato humano”, comenta.

A respeito das decisões tomadas pelo governo brasileiro, Carvalhido elogiou no geral as ações específicas do Governo Federal, sobretudo do Ministério da Saúde, como sendo adequadas dentro do protocolo possível para a tentativa de combater o vírus. Ele também ressaltou que as ações restritivas para conter a circulação de cidadãos nos âmbitos Estaduais e Municipais foram muito duras, porém, necessárias: “São preventivas, para tentar diminuir o contágio, o que torna essas ações pertinentes para buscar a qualidade de vida das pessoas”, destaca.

Luiz Henrique Mandetta, o Ministro do Saúde, dando depoimentos para a imprensa.
(Foto: Salomão/Ministério da Saúde)

Por outro lado, ele acredita que a brusca redução das atividades econômicas será responsável pelas maiores, e mais duras, consequências da crise. “Esta pandemia se mostra como o maior desafio dos últimos 50 anos na sociedade mundial. Teremos que olhar para o passado e verificar o que foi feito para diminuir os prejuízos”, avalia o sociólogo.

A economia será um tópico bastante delicado para o governo durante os próximos meses. Até o momento, Carvalhido pensa que a decretação de Estado de Calamidade Pública parece adequada para desbloquear a restrição de gastos públicos, visto que os Governos são aqueles que estimulam a recuperação econômica no quadro de crise. “Como sabemos, há leis que, na normalidade, proíbem os gastos além do estipulado inicialmente. Como estamos em crise, a queda dos limites orçamentários mostra-se, no curto prazo, pertinente. Ou seja, até o momento, estamos tendo ações razoáveis para diminuir as dificuldades causadas pela pandemia”, explica. 

A médio e longo prazo, Carvalhido avalia que a população provavelmente irá passar por mais dificuldades, porém os Governos poderão planejar a recuperação com mais tempo, após a crise passar. Na opinião do analista, as principais medidas que deveriam ser adotadas na atual situação são a redução de impostos; o aumento no prazo para pagamento de dívidas e impostos; a diminuição dos juros para empréstimos, tanto para pessoa física quanto jurídica; o aumento do orçamento para a saúde pública e a implementação de políticas específicas para os cidadãos que são autônomos e se encontram fora dos sistemas públicos de remuneração.

Além de possuir um vasto currículo como cientista político, Guilherme Carvalhido também dá aulas de Comunicação. (Foto: Reprodução/TVUVA Notícias)

Sobre a temática da política mundial de maneira geral, Carvalhido comenta que todos os governos terão dificuldades para gerenciar os leitos hospitalares disponíveis, visto que nenhum lugar do mundo apresenta os equipamentos e a mão de obra necessária para suprir todas as demandas que estão surgindo. Para reforçar o pensamento, ele utiliza a Itália como um exemplo de país desenvolvido que atualmente sofre com a falta desses recursos: “Imagine isso acontecendo em um país bem maior e não desenvolvido como o Brasil? Se tivermos um contágio em larga escala, certamente, teremos sérios problemas”, ressalta com preocupação.

Na opinião de Carvalhido, outro fator importante para ser discutido na dinâmica atual são os planos de recuperação econômica pós-crise. Para ele, é essencial que os governos de todo mundo procurem por soluções e estabeleçam novas medidas para recuperar a economia no momento em que as pessoas voltarem às suas atividades normais. “Muitos desafios irão fortalecer ou enfraquecer os governos que estiverem no meio desta crise, efetuando um parâmetro para as atividades eleitorais no futuro”, finaliza o sociólogo.

O Governo Bolsonaro e a crise

O Presidente Jair Bolsonaro recentemente disse que a mídia está fazendo uma ‘histéria’ sobre a gravidade do coronavírus. (Foto: Reproduçao/Perfil oficial nas redes sociais)

As recentes declarações feitas pelo Presidente Jair Bolsonaro a respeito da pandemia também não passaram batidas. Para o sociólogo, desdenhar da importância da prevenção contra o coronavírus foi muito prejudicial para a imagem política de Bolsonaro, principalmente, caso ele seja confirmado como portador da doença no futuro. “Até os seus seguidores mais fortes estão colocando esta atitude como fortemente inadequada”, ressalta.

Ainda sobre o Presidente, Carvalhido alertou para os panelaços contra o governo que estão sendo realizados por todo o Brasil. Ele explica que esses panelaços, em princípio, estão acontecendo nas regiões onde os votos a favor do Bolsonaro foram predominantes em 2018. Para o sociólogo, isso é um forte indício de que os seus eleitores estão insatisfeitos. “Isso poderá afetar a imagem dele para a reeleição em 2022”, destaca o analista.

Outras consequências da fragilidade política do Presidente podem ser encontradas nas discussões de aberturas de impeachment no Congresso Nacional. De acordo com Carvalhido, o Congresso é bastante sensível às manifestações públicas, mas para que um presidente seja derrubado no Congresso ainda será preciso que a sua imagem pública esteja muito enfraquecida. “Até antes o início da crise, o Presidente estava com cerca de 30% de avaliações variando entre “ótimo e bom” em pesquisas populares. Esse resultado pode ser considerado muito bom para o quadro político na atualidade”, enfatiza.

Rhuan Bastos – 7º Período

6 comentários em “Coronavírus: cientista político e sociólogo, Guilherme Carvalhido analisa governo brasileiro

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