Data, celebrada no dia 3 de maio, sugere reflexões sobre papel da imprensa em tempos de fake-news, censura e jornalistas assassinados
Na última sexta-feira (3) foi comemorado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, data proposta pela União das Nações Unidas em 1993. Em tempos em que a profissão sofre com ataques de todos os cantos, tanto nas redes sociais, como nas ruas, é importante refletir sobre o tema. Em um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Brasil aparece como o sexto país mais perigoso para o exercício do jornalismo, atrás de Síria, Iraque, Paquistão, México e Somália.
Esse dado mostra a dificuldade que a imprensa brasileira está vivendo. Uma grande parte da sociedade tem traçado uma imagem ruim dos jornalistas, esquecendo seu papel social de informar o público e propor reflexões. Para o Coordenador de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida, Luís Bittencourt, a violência contra os profissionais de comunicação tem sido estimulada pelos políticos.
“Para mim esse é um dos principais motivos pelo aumento de mortes de jornalistas no país. E não é de hoje. Há quanto tempo estamos acompanhando essa campanha contra a Imprensa? Vem da esquerda e da direita. É uma falta de honestidade mesmo, porque a imprensa tem denunciado crimes de todas as espécies no país”, reflete.
O Observatório da Unesco registrou que 99 jornalistas foram mortos no ano passado, no mundo. Entre 1994 e 2018, foram 1.307 profissionais assassinados. Dados que mostram certa preocupação quanto à liberdade da imprensa para os próximos anos.
“Ameaça sempre houve e sempre haverá porque a liberdade de imprensa depende de fatores políticos e sociais. É preciso estar sempre atento e defender a liberdade de expressão, de falar e de ser ouvido livremente. Governos populistas e autoritários, de esquerda ou de direita, não gostam de imprensa livre”, diz Luís Bittencourt.

O jornalismo profissional representa para a sociedade, uma fonte de informação qualificada e de credibilidade. Isso significa que diariamente milhares de profissionais abraçam o ofício de buscar fatos e informações em fontes primárias e reportá-los às pessoas de forma clara e objetiva. Hoje, por conta das redes sociais, diante de tantas fake news e da facilidade na fabricação de fatos, a profissão de comunicador social se faz mais importante do que nunca.
Com o crescimento das fake news e com a facilidade de qualquer pessoa criar seu conteúdo, o que se tem visto é uma desconfiança das pessoas no jornalista. A estudante de Jornalismo, Thayany Melis, acredita que a irresponsabilidade de alguns profissionais faz com que as pessoas acabem desconfiando da veracidade dos fatos.
“Às vezes a vontade de ser o primeiro a transmitir a notícia é tão grande, que não há uma apuração completa, fazendo com que a informação esteja incompleta ou como já aconteceu algumas vezes, seja falsa”, reflete a futura jornalista.
É importante que a profissão de jornalista seja exercida com ética e princípios fundamentais, compactuados com toda a sociedade, como a busca da verdade, a isenção e a responsabilidade social. Estes valores agregam respeito e credibilidade à imprensa.
O que se espera do futuro da imprensa é que a liberdade de informar com qualidade e responsabilidade sejam mantidas, mesmo com todas as dificuldades que o Brasil enfrenta. A estudante de Jornalismo, Ana Caroline de Carvalho, reflete sobre o futuro da profissão.
“Com os avanços da tecnologia, os monopólios dos meios de comunicação estão quebrando. Acredito que já estamos vivenciando essa mudança na comunicação social. Um exemplo disso é o jornalismo independente”, diz.
A data nos remete à lembrança de que o jornalista precisa continuar fazendo aquilo que foi designado: comunicar-se com o outro, compartilhar informações uteis, importantes, transformadoras, utilizando o seu poder de comunicar, organizando as informações e não tendo medo de expor sua visão de mundo.
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Luhan Alves – 6º Período
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