‘A morte dela foi uma tentativa de calar não só a Marielle, mas o que ela acreditava’, diz ex-professora

Maré promove evento em homenagem a Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes.

Manifestações organizadas pelo PSOL e por movimentos sociais em vários estados do Brasil marcaram um mês da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Pedro Gomes, assassinados no dia 14 de março no Rio de Janeiro. Na Maré, bairro onde Marielle cresceu, o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM) realizou o sarau “Eu sou porque nós somos” no último sábado, em homenagem à vereadora e a Anderson. Marielle foi aluna e professora no CEASM. Lá, ajudou a mais de mil favelados a ingressar em universidades públicas do Rio.

Não vão conseguir calar a gente não, vamos continuar defendendo os interesses dos direitos humanos, principalmente de quem mora na favela.”

O CEASM é uma organização não-governamental e foi fundado em 1997. No ano de 1998, iniciou seu projeto de curso pré-vestibular comunitário. Nesse mesmo ano, Marielle se matriculou e teve aula com a professora de história Cláudia Rose, uma das fundadoras do centro de estudos. Cláudia e os demais professores foram importantes não só para a formação acadêmica da vereadora, como também para a de outros jovens que não tinham oportunidades para ingressar em uma faculdade.

“Seria legal que tudo isso que veio à tona, viesse por um lado positivo e não pela morte da Marielle. A morte dela foi uma tentativa de calar não só a Marielle, mas calar aquilo que ela acreditava. Não vão conseguir calar a gente não, vamos continuar defendendo os interesses dos direitos humanos, principalmente de quem mora na favela”, afirma a professora Cláudia Rose.

Hoje, os ex-alunos do CEASM estão fazendo a diferença na vida de muitas outras pessoas, dando aulas em universidades e escolas públicas. Além disso, a formação política de Marielle Franco também começou nesse curso, porque foi onde ela conheceu pessoas engajadas na política partidária.

Mensalmente, o centro de estudos organiza saraus e busca levantar diferentes temas. Além da didática passada nas atividades, o evento também é uma estratégia de arrecadação de renda para o CEASM. Aos alunos é pedido doação de alimentos e bebidas que são vendidos no sarau. Todo dinheiro arrecadado é revestido em prol do bom funcionamento do curso. No sarau do mês de abril, os organizadores e alunos decidiram homenagear Marielle e Anderson. O evento contou com oficinas, exposição, desfile afro, música e a Cia Busina Teatral, e teve a participação especial da MC Luana Hansen.

No curso do CEASM, os alunos pagam uma taxa de R$ 30 e o corpo docente possui 27 educadores que atuam de forma voluntária. As aulas são ministradas durante a semana e, aos sábados, acontecem aulas de reforço com monitores. Embora tenha capacidade para 150 alunos, hoje o corpo discente tem 120 inscritos. Isso porque conforme os estudantes vão conseguindo emprego, fica difícil conseguirem conciliar com o horário das aulas.

Alessandra Borges – 5ª período e Letícia Heffer – 6º período