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“Seguimos querendo ouvir boas histórias”, diz Edward Pimenta na abertura da Secom

O jornalista Edward Pimenta, diretor do GLab, falou como os avanços tecnológicos vêm impactando a indústria da comunicação

Pensar o futuro da comunicação em época de inteligência artificial, fake news, redes sociais e diante do crescimento acelerado das grandes empresas de tecnologia foi o desafio do jornalista Edward Pimenta, diretor do G.Lab (estúdio de conteúdo de marca da Editora Globo), durante a primeira palestra da Semana da Comunicação (Secom) da Universidade Veiga de Almeida. Realizada nesta segunda-feira (29) chuvosa de forma totalmente remota, a conversa com estudantes dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Cinema se deu online, com transmissão ao vivo pelo YouTube e também no ambiente digital, uma espécie de metaverso, desenvolvido pela empresa Live Planet.

Um dos pontos altos da conversa foi quando Edward lembrou de produtores de conteúdo e influenciadores do passado, antes da Internet. Ele citou o jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, que além de inúmeros romances, contos e crônicas, deixou como legado 17 peças, encenadas e reencenadas até hoje. Para ele, o autor era muito lido e consumido porque tinha muito o que falar. “Nelson foi um influenciador do seu tempo”, pontua.

“Na atualidade, temos um ambiente bem complexo, mas ao mesmo tempo muito interessante, para se fazer comunicação. Tanto no passado quanto hoje, o conteúdo é o mais importante. Todos querem ouvir boas histórias, bem feitas, bem produzidas”, diz o diretor do G.Lab.

Plataforma do virtual da LivePlanet, em que aconteceu a conversa durante a aberturada da Semana da Comunicação 2023. Foto: Divulgação

Inteligência artificial (IA) e suas diferentes possibilidades também estiveram no centro da conversa. Sem ser fatalista ou enxergar apenas o lado bom ou ruim desta tecnologia, Edward diz que os avanços com a IA vão impactar enormemente a vida de quem trabalha com Jornalismo, Publicidade, Marketing e outras formas de Comunicação.

“É importante pensar em educar para a IA, pois se já temos desigualdades hoje, imaginem o que pode acontecer a partir de uma outra lógica de produção, busca e curadoria de conteúdo em nossas vidas”, pondera.

O jornalista foi enfático também em relação à dúvida dos estudantes sobre a possibilidade de a Inteligência Artificial substituir pessoas e reduzir vagas num mercado cheio de altos e baixos.

“Nada substitui e jamais vai substituir a capacidade de bons escritores e bons ilustradores, por exemplo. O que essas ferramentas vão fazer, na prática, é ganhar tempo, liberar esses profissionais para pensarem e elaborarem coisas mais interessantes”, reforça.

Redes Sociais: Anitta e Felipe Neto
O jornalista comentou também sobre as discussões em torno da responsabilidade das plataformas de redes sociais na produção de conteúdos – em vários países do mundo o assunto vem sendo debatido e também no cenário brasileiro. Atualmente, está sendo votado pelo Senado Federal o projeto de lei 2630, conhecido como “PL das fake news”. “Nos EUA corre um julgamento contra o Google que pode mudar toda forma de regulamentação das plataformas”, comenta.

Edward destaca, ainda, nomes como Anitta e Felipe Neto, que vem sendo grandes influenciadores para debates além de suas áreas de atuação e influência na discussão política. O importante é destacar que agora a criação de conteúdos não fica mais restrita a veículos tradicionais. 

“Tanto Anitta quanto Felipe Neto são publishers que ocupam o debate público falando de política, democracia, trazendo informação, reflexão e influeciando um grande volume de pessoas”, diz.

Edward Pimenta durante a palestra comenta da influência de Anitta dentro do debate político, além de levantar reflexões de como essas personalidades vem ganhando poder na era digital. Reprodução: Nathalia Bittencourt/Agência UVA

“O digital permitiu a qualquer pessoa produzir conteúdo e influenciar o debate público. Isso é uma coisa maravilhosa, pois durante muito tempo o poder de influência estava na mão de pouquíssimas pessoas. Neste sentido, há hoje uma democratização de acesso”, pondera.

Em um contexto em que todo mundo pode produzir seu conteúdo, a audiência gera feedback imediato. Para o jornalista, o mais importante, seja para marcas, influenciadores, jornalistas ou outros tipos de produtores de conteúdo, são as boas histórias, originais, bem feitas e pensadas para um determinado público.

Para Edward, as marcas vêm entendendo a necessidade de, cada vez mais, se comunicar com o seu público constantemente e transparecer os seus valores, crenças e responsabilidades. De forma a terem um relacionamento mais estreito com a sua audiência – e não apenas pontualmente, como era feito anteriormente, com ações de publicidade pré-Internet. 

“O conceito é antigo, mas ganha muita força com o digital. O princípio é muito simples: eu vou fazer um conteúdo relevante, para um determinado público alvo, como forma de estabelecer com ele uma boa relação para que ele lembre da minha marca toda vez que ele precisar de algo”, reforça.  

Por fim, o palestrante reiterou que a tecnologia deve ser uma ferramenta facilitadora na nossa vida, sendo usada para conectar pessoas, para comunicar sobre assuntos relevantes e encurtar caminhos. Mas quando a tecnologia se torna uma finalidade isso pode ser maléfico. Ele ainda aconselhou os novos comunicadores:

“Nada substitui a capacidade humana. Por isso, devemos investir em aprendizado, em construir uma boa base com múltiplos referenciais e nos mantermos atualizados sempre. É isso que vai diferenciar os bons profissionais e dos excelentes”.

Assista à palestra completa:

Foto de capa: Unsplashed

Reportagem de Nathalia Bittencourt e Daniela Oliveira

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3 comentários em ““Seguimos querendo ouvir boas histórias”, diz Edward Pimenta na abertura da Secom

  1. Pingback: Secom 2023: “Falar é prazeroso, não um sofrimento”, diz especialista em oratória | Agência UVA

  2. Avatar de Lucas Macedo

    A discussão sobre IA ainda vai longe, mas uma coisa é certa, ela veio para ficar.

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