No Brasil, menos de um quinto da população possui forte interesse em política. De acordo com um estudo elaborado pelo Instituto DataSenado com colaboração da Universidade de Brasília (UnB) e divulgado em 2022, 53% dos brasileiros se preocupam com política, mas apenas 18% com alto interesse no tema.
As razões que podem explicar esses números são diversas, como baixo nível de compreensão sobre o sistema político e deficiências no ensino, o qual dificilmente esclarece o assunto. Por outro lado, o sentimento de desilusão, alinhado à concepção de que os atores políticos procuram preservar a população alienada do debate, têm influência incisiva.
No entanto, a política está presente na rotina de todas as pessoas muito mais do que se pode imaginar. É ela que define o preço de produtos básicos, tais quais comida e itens de higiene; um Diretório Central dos Estudantes (DCE) ou uma Associação de Moradores são organizações políticas; relações familiares são mediadas politicamente com diálogo, argumentação e convencimento; até mesmo a omissão ou a inatividade são ações políticas.
Logo, por mais que muitas pessoas digam não gostar de política, tal conceito está presente o tempo todo no dia-a-dia de uma sociedade; e até as que têm consciência do fato não sabem como se envolver de maneira mais ativa. Por isso, a Agência UVA preparou um resumo de como alguém pode exercitar a democracia participativa.
Fiscalização
Grupos podem se reunir para realizar o monitoramento das sessões legislativas a fim de acompanhar o trabalho elaborado por vereadores e deputados estaduais ou federais. Ou, ainda, qualquer indivíduo pode selecionar um parlamentar para analisar seu desempenho.
Além disso, todo cidadão tem acesso aos Portais da Transparência, tanto para acompanhar as licitações, os gastos e as receitas dos políticos eleitos pela população, quanto para observar se as informações disponibilizadas estão de acordo com a Lei de Acesso à Informação (LAI), de 2012.
Debate público
Os cidadãos podem articular redes de mobilização local ou se engajar em coletivos, organizações e movimentos sociais com os quais se identifiquem. Desse modo, torna-se mais provável a conquista de melhorias em relação às pautas discutidas na luta unificada.
Além disso, ações como organização de abaixo-assinados, criação de fóruns para debater políticas públicas ou projetos de lei, consultas públicas e matérias legislativas foram amplamente facilitadas na era digital.
Atuação
Até mesmo na escola ou na universidade, qualquer um pode participar de lideranças estudantis, sendo representante de classe ou aderindo a grêmios estudantis ou diretórios acadêmicos, por exemplo.
Ainda, em escopo mais amplo, toda pessoa pode se filiar a um partido político, independentemente de ideologia ou preferências políticas. Dentro de uma organização partidária, o indivíduo pode participar dos debates sobre quem será candidato nas eleições, além de colaborar em conferências sobre alianças e planos de governo do partido. E, por fim, o cidadão pode lançar sua própria candidatura a algum cargo eletivo.
Foto de capa: Fernando Frazão/Agência Brasil
Reportagem Gustavo Pinheiro, com edição de texto de Daniel Deroza
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