Hoje pauta central, a luta contra o preconceito sexual e de gênero nem sempre foi notícia ou de conhecimento geral. O movimento, iniciado por membros da comunidade LGBQTIAP+ que buscavam seus direitos e lutavam contra a discriminação sofrido, teve início no final da década de 1970. Na época, o indivíduo que mostrava interesse por alguém do mesmo sexo era denominado gay pela sociedade, e o termo passou a abranger todo tipo de pessoa que, de alguma forma, estivesse relacionada a essa causa, sem qualquer recorte. Isso não representava toda a comunidade, e generalizava as demais questões sociais enfrentadas por esta parcela da população.
A evolução da sigla ao longo do tempo
A partir da década de 1980, o termo GLS (o “gays, lésbicas e simpatizantes” do Brasil) começou a ser usado para substituir a palavra “gay” e englobar todo o público que se apresentava como gay, lésbica, e outras sexualidades que não eram definidas pelas siglas, ou que simpatizavam de alguma forma com a causa. Logo depois, na década de 1990, devido à pressão daqueles que não se sentiam representados na comunidade, ela sofreu mais uma modificação: se tornou GLBT, passando a incluir o T para transexuais e travestis.
Anos depois, mesmo que as mulheres fossem representadas pela letra L, ainda era sentida uma maior opressão em relação a elas. Por isso, houve um movimento para que o termo lésbica fosse posicionado como primeiro da abreviação, tornando-se LGBT.
As transformações sociais não pararam, e o termo também não. Com a população se mostrando cada vez mais ativa na causa LGBT, questões de identidade de gênero e orientação sexual ganharam mais espaço, fazendo com que novas letras fossem acrescentadas conforme as demandas na comunidade. Há pouco tempo, utilizava-se LGBTQIA+, uma abreviação para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e outros. Recentemente, a letra P foi acrescentada, representando os pansexuais, o que resultou na nova LGBTQIAP+.
Com essa novidade, algumas pessoas têm questionado o significado da letra P nas redes.
Como resposta, outras vêm fazendo posts numa tentativa de explicar o significado das siglas ao público.
Uma usuária do Twitter produziu uma série audiovisual para explicar detalhadamente cada uma das letras.
Para não restar dúvidas, a Agência UVA te explica o que significa cada letra da sigla, e o que elas representam na comunidade. Confira abaixo.
L = LÉSBICA – Mulheres que sentem interesse e se relacionam afetiva e sexualmente somente com outras mulheres.
G = GAY – Homens que sentem interesse e se relacionam afetiva e sexualmente somente com outros homens.
B = BISSEXUAL – Pessoas que se interessam e são atraídas afetivamente e sexualmente por mais de um gênero.
T = TRAVESTI E TRANSSEXUAIS – As identidades Travesti e Transsexuais (ou transgêneros) não dependem de procedimento cirúrgico para serem utilizadas pelas pessoas que se identificam.
TRAVESTI – Se refere a identidade de gênero e não a orientação sexual. É uma identidade latino-americana, em que algumas travestis se entendem mulheres enquanto outras se entendem fundamentalmente como travestis, estabelecendo um terceiro gênero para além do binarismo homem e mulher. Apesar da variação de identificação, as Travestis são tratadas no sexo feminino.
TRANSGÊNEROS – Pessoas que se identificam com um gênero diferente do que o designado quando nasceram, sendo esses gêneros de identificação homem ou mulher.
Q = QUEER – Como é estudado, a identidade de gênero e a orientação sexual não derivam da função biológica, e sim de uma construção social. Assim, o termo “queer” é uma definição estadunidense que se refere às pessoas que tem uma prática de vida que contrasta às normas e padrões culturalmente impostos. São pessoas que circulam entre as noções de gêneros.
I = INTERSEXUAIS – Pessoas que nascem com variações biológicas na anatomia reprodutiva ou sexual. Está entre o feminino e o masculino.
A = ASSEXUAIS – Pessoas que não sentem atração sexual por outras pessoas de forma total, parcial, condicional ou circunstancial, qualquer que seja o gênero.
A assexualidade ainda tem sua identidade em elaboração, e permanece com questões sendo discutidas na comunidade assexual, inclusive entre assexuais brasileiros. No entanto, é preciso entender que os assexuais não são somente pessoas que não praticam atos sexuais, mas sim aqueles que não consideram as relações sexuais como uma prioridade.
P = PANSEXUAIS – Pessoas que são atraídas de maneira afetiva-sexual por outras pessoas independente do sexo e gênero, sendo não-binários, transgêneros, travestis, mulheres ou homens.
+ – estão representadas no sinal final todas as identidades ainda não definidas e identificadas. O + foi inserido na sigla para representar todas as identidades que se consideram fora do padrão cis-heteronormativo, mas que não estão presentes no termo LGBTQIAP+. O “mais” deixa aberta a possibilidade de novas siglas ainda não incluídas na abreviação, e representa a diversidade dentro da própria diversidade.
Atualmente o movimento ganha força e inclui cada vez mais pessoas que não se identificam com os padrões sociais. Com o aumento gradativo da sigla, cada vez mais são abordadas identidades existentes na comunidade, dando visibilidade ao movimento.
As definições e mais informações sobre o movimento LGBTQIAP+ você pode encontrar no Fundo Brasil e no Observatório de Mortes e Violência LGBTI+ no Brasil.
Foto de capa: José Cruz/Agência Brasil
Reportagem Larissa Teixeira, com edição de texto de Gabriel Folena
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