“Abracadabra 2”: Disney aposta em humor e nostalgia com trama atualizada

Fazer reboots hoje em dia é algo complicado, ainda mais quando se toca em uma comunidade de fãs afiada. Tal dificuldade é vista nas respostas fervorosas do público a produtos como a continuação de “Gossip Girl”, a nova série derivada de “Game of Thrones”, o retorno de “Sex and The City” sem uma das protagonistas, o remake de “Ela É Demais”, da Netflix — a lista é extensa, tornando inevitáveis as comparações com aspectos da obra original. Entretanto, isso não tem impedido os grandes estúdios de abraçar o fator nostalgia. Prova disso é a estreia de “Abracadabra 2”, retorno do clássico de Halloween da Disney, quase trinta anos depois.

O primeiro filme, lançado em 1993, introduziu a lenda das irmãs Sanderson, com Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy interpretando um trio de bruxas que sugam a alma de crianças a fim de manter a aparência jovem e, por isso, são condenadas à morte pelos habitantes de Salem. 300 anos mais tarde, na noite de Dia das Bruxas, três amigos acabam trazendo a trinca de volta à vida e precisam encontrar uma forma de matá-las novamente antes que as feiticeiras suguem a alma da mais nova do grupo.

O filme original, dirigido por Kenny Ortega, tornou-se um clássico instantâneo na cultura pop, principalmente com o número musical de “I Put A Spell On You”, apresentado pelas bruxas no longa. A produção atingiu status de cult classic nos Estados Unidos, sendo transmitido anualmente na televisão e ganhando uma continuação literária, especiais na TV aberta, locais de hospedagem decorados como a casa das personagens e fantasias de Halloween. Agora, após décadas de pedidos, os fãs finalmente recebem uma sequência da obra.

O lançamento dos estúdios Disney retoma a premissa, agora situada em 2022, estrelando um trio composto apenas por meninas (Whitney Peak, Belissa Escobedo e Lilia Buckingham) que, após serem enganadas e trazerem as bruxas de volta à vida em um ritual, devem reverter o ocorrido. A introdução da história de origem das bruxas logo no primeiro ato faz com que a nova reencarnação das irmãs venha mais vingativa e cautelosa, trazendo os aprendizados da primeira ressurreição no filme anterior. 

A sequência, dirigida por Anne Fletcher, traz a mesma mistura de fantasia e humor perfeitamente trabalhada no original, contendo dois números musicais que, mesmo parecendo uma tentativa de reproduzir o sucesso da apresentação do primeiro longa, ainda são divertidos. Além disso, por se passar nos tempos atuais, a trama não escapa de atualizações necessárias, como a maior diversidade no elenco, observada tanto em grande escala, vide as protagonistas, quanto em pequenos detalhes, como um trio de drag queens caracterizadas como as bruxas em uma competição de fantasias. Adaptações cotidianas também estão presentes, principalmente no uso da tecnologia, que carrega grande parte do humor no filme. 

Aliás, com o Disney+, o estúdio pôde apostar com força no fator nostalgia para relembrar produções antigas sem investir muito no lançamento em cinema. O mesmo caso se repetirá em novembro, com a estreia de “Desencantada”, sequência de “Encantada”, sucesso de 2009, que será disponibilizado exclusivamente na plataforma.

Por se tratar do retorno de um clássico, o longa acaba se tornando uma produção para todas as idades. “Abracadabra 2” é um filme jovem, com adolescentes no protagonismo, mas cuja abordagem abraça tanto o público conhecedor do legado da obra original quanto a geração que o conhecerá agora. Ainda, as intérpretes das bruxas protagonistas se encontram em sintonia e a familiaridade com os papéis é surpreendente, como se não fizesse quase três décadas desde o primeiro contato com as personagens. O filme garante diversão e magia, além de referências diretas ao antecessor e novas adições ao universo.

“Abracadabra 2” estreia nesta sexta (30) exclusivamente na plataforma de streaming Disney+.

Ficha Técnica — “Abracadabra 2”

Diretor: Anne Fletcher

Roteiro: Jen D’Angelo

Gênero: Comédia, Fantasia

Ano: 2022

Foto de capa: Divulgação/Disney+

Reportagem João Pedro Agner, com edição de texto de Daniel Deroza e Gabriel Folena

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