Nesta quarta-feira (08), sexto dia da Bienal do Livro do Rio, uma das pautas que se destacaram, foi a da Política. O evento literário mais importante do país, realizado no Riocentro, Zona Oeste do Rio de Janeiro, recebeu a advogada e apresentadora Gabriela Prioli, e os produtores de conteúdo Vitor diCastro e Bielo Pereira para a palestra intitulada “Política é Pop”.
Após os convidados se apresentarem, a mediadora Claudia Sardinha, que faz parte da curadoria da Bienal do Livro há três anos, iniciou a palestra com a definição de política, e em seguida pediu que os convidado, em uma frase, dissessem o que é política para eles. Todos os convidados, em suas definições, colocaram a coletividade em questão.
Para Gabriela Prioli, política é “a disposição para resolver coletivamente os problemas que nos afetam como comunidade”. Já para Bielo Pereira, “política é saber conviver em harmonia com o outro”, e para Vitor diCastro “política é esse jogo entre o que é coletivo e o que é individual e como a gente faz tudo ornar no mesmo prato”.
Após esse primeiro momento de introdução ao tema, a mediadora pergunta para Gabriela Prioli por qual motivo resolveu escrever seu livro “Política é para todos”, e a questionou: No nosso país, política já é para todos?
“Formalmente talvez, materialmente não. E mesmo para as pessoas que defendem a ideia abstrata de que política é para todos, às vezes a concretização disso é muito mais difícil”, começa Gabriela, que continua desenvolvendo.
“Eu já conheci alguns outros discursos democráticos mas que se desenvolviam com um palavreado difícil. E como a política pode ser para todo mundo, se nós não falamos com todo mundo? […] A política precisa ser facilitada, a política precisa ser discutida numa linguagem para todo mundo”, explica a autora.
O produtor de conteúdo e ator Vitor diCastro ainda reforça que a ampliação do debate político é necessário uma vez que ela implica na vida de cada indivíduo, e que portanto, também influencia nos rumos do país. Ele ainda comenta que o academicismo do discurso, que é predominantemente dominado por homens brancos e héteros, exclui a maior parte da sociedade. “A partir do momento que eu não acompanho o discussão, eu não faço parte dela”, disse Vitor.
“Foi-se o tempo que a minha mãe proibia a gente de falar sobre política, religião e futebol na mesa. Eu não ligo para futebol, e religião ainda é algo complexo, mas a política tem que fazer parte até porque, nós estamos vendo de uma série de eleições onde a aversão a política ganha muito espaço, e a gente vê hoje o resultado disso”, completa Vitor.
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Foto: Bárbara Souza / Agência UVA
No momento seguinte, Claudia Sardinha questiona a produtora de conteúdo Bielo Pereira por qual motivo ela afirma que só a sua existência já pode ser considerada um ato político.
“Pois o meu corpo, a minha imagem, é uma imagem que por muitos anos, por lei, eu não era permitida de estar em certos lugares. Por ser uma pessoa trans, uma pessoa gorda maior, uma pessoa preta… Então a gente vê que historicamente a nossa política exclui. Então estar nos lugares que não são feitos para mim, já é um ato político”, explica Bielo.
Os convidados, ao longo da palestra, discutiram sobre a importância da política nos debates públicos, e os desafios de torná-la mais popular diante das desigualdades intensas do Brasil, e destacaram os privilégios que percorrem certos grupos, ainda mais durante a pandemia.
Uma vez colocada a questão do ponto de vista, conhecido como lugar de fala, e a importância de se expressar e falar sobre diferentes camadas da política, Vitor diCastro, que fala sobre signos na internet, comentou que apesar de colocar questões sobre direitos humanos em seus vídeos, sofre com a tentativa de silenciamento toda vez que resolve falar sobre política em suas redes. Mesmo assim, Vitor afirma que continua falando.
“A gente percebe que nossa voz tem importância”, diz ele.
Ao final, Gabriela termina evidenciando a necessidade de dedicar mais tempo à busca de informação, de pesquisa e dar mais atenção as demais votações, e não apenas à presidencial. Da mesma forma, ela garante que deixar de repetir discursos e buscar seu próprio protagonismo, são formas de exercer seus direitos como cidadão.
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Bárbara Souza – 8° período
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