A ansiedade vem se tornando um assunto cada vez mais comum, principalmente entre os jovens, e durante esse período de quarentena devido à pandemia do Coronavírus, os consultórios de psicólogos estão cada vez mais lotados. Muitos desses jovens já tinham algum tipo de ansiedade, mas com as mudanças, suas emoções se tornaram extremas, principalmente as negativas, e seus níveis de ansiedade foram severamente aumentados, a ponto de atrapalhar seu dia a dia e a convivência familiar. Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) nos meses de maio, junho e julho deste ano confirma que 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa na pandemia do novo Coronavírus.
A psicóloga Sandra Estevez, de 42 anos, explica: “Foi inevitável que os quadros de ansiedade aumentassem nessa pandemia. Até porque, quem tem ansiedade são aquelas pessoas que planejam muito o futuro, que querem muito que aquele sonho se realize. Nessa quarentena, todos esses sonhos e planejamentos foram mudados, até cancelados em algumas situações”.

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Sandra lembra que as pessoas tiveram que se readaptar a um novo modo de vida, a novas rotinas, e se adequar a novos horários. “Para quem tinha aquela ‘mania’ de planejar muito o futuro, de certa forma acabou, pois não conseguimos mais planejar o dia de amanhã, porque vivemos em um momento de muita incerteza. Isso faz com que nossas emoções também entrem em um “curto-circuito”, pois essa nova realidade está nos fazendo deixar para trás tudo o que tínhamos costumes de fazer com certeza”.
O transtorno de ansiedade é uma doença relacionada ao funcionamento do corpo e às experiências de vida, transtorno esse que tem sintomas muito mais intensos do que aquela ansiedade normal do dia a dia. Preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho e falta de controle sobre os pensamentos, imagens ou atitudes, que se repetem independentemente da vontade, são exemplos de sintomas mentais. Tremedeiras, tonturas, enjoos e falta de ar são considerados sintomas físicos.

Mas, se por um lado, há jovens que já eram afetados antes da pandemia, por outro, existe uma quantidade crescente daqueles que experimentam a ansiedade pela primeira vez e estão se vendo cada vez mais frustrados e irritados com seus novos problemas, também fazendo com que suas emoções os atrapalhem. E com a quarentena, tudo vem se tornando dificuldade, principalmente com o novo método de ensino à distância, algo a que alguns estudantes tiveram dificuldade de se adaptar.
Luísa Ventura, de 16 anos, que cursa o segundo ano do Ensino Médio, é uma delas. Em meados de 2020, ela teve sua primeira crise de ansiedade, pois não conseguia se adaptar ao novo método de ensino à distância. “Eu sentia falta da sala de aula com os professores e meus amigos, sem contar que não conseguia associar todas as matérias de uma vez só, e isso me sufoca até hoje. Acho que todo jovem sentiu o impacto de precisar ficar de quarentena. É horrível não poder visitar meus parentes, principalmente meus avós. Me sinto sufocada ficando só em casa e às vezes acabo virando uma bomba relógio, pois fico estressada com toda a situação em que estamos vivendo”, confessa.

A emoção é um estado mental que pode causar até mesmo impactos físicos, provocados por estímulos de diferentes naturezas, que podem ter várias reações afetivas diferentes. As emoções têm grande importância na vida de todos, são elas que definem as reações. Muitos jovens estão experimentando os extremos das emoções durante essa pandemia, principalmente as negativas, e às vezes todas ao mesmo tempo, o que acaba deixando-os abalados e cansados de viver em uma constante montanha russa emocional.

Estudante de Cinema, Ana Beatriz, de 22 anos, conta que a pandemia a afetou mentalmente. “Minhas emoções e ansiedades estão à flor da pele, pois estou muito agoniada de não poder sair e sempre estar em casa. E eu quero sair, quero ver gente. Infelizmente isso me leva a brigar, tanto em casa, com meus familiares, ou com meus amigos, pelo celular. Não poder sair e ter que ficar em casa, ou se sair para ir ao médico ou mercado e precisar usar máscara é muito ruim. Aumenta minha ansiedade e minhas próprias questões internas”.

A busca por psicólogos em tempos de pandemia também aumentou muito, tanto por parte dos jovens quanto dos familiares, que procuram ajuda para tentar ter algum controle sobre a ansiedade. Mas muitos tentam resistir à terapia e a aceitar ajuda. “Recebi muitos pacientes novos com ansiedade. As pessoas estão com muito medo do que o futuro reserva, medo da morte, de perder pessoas queridas. A grande ansiedade do momento é o medo do amanhã e de que maneira ele vai acontecer”, lembra Sandra. Muitos psicólogos estão ficando com suas agendas lotadas devido a essas procuras e não conseguem atender a todos que buscam por ajuda.
Mas é preciso lembrar que nem todos conseguem pagar por uma ajuda psicológica e às vezes acabam guardando tudo para si ou tentam compartilhar suas angustias com pessoas confiáveis. A dificuldade de se adaptar ao profissional também acaba afetando bastante gente. As pessoas são diferentes e muitas precisam passar por vários psicólogos até achar um que as agrade positivamente. “Já passei por duas psicólogas diferentes por ter uma certa dificuldade para me adaptar, mas sinto que estou no caminho certo agora”, diz Luísa.
O atendimento psicológico também está ajudando Hellen Farias, de 18 anos, estudante de Direito, a se sentir melhor. “Eu tento ao máximo conversar com as pessoas ao meu redor ou pelas redes sociais, mas ainda sinto um vazio, e isso cria um grande abismo dentro de mim. Às vezes tento pedir ajuda, mas quando percebo já estou guardando tudo para mim. Faz dois meses que estou em uma psicóloga, e mesmo que o atendimento seja por vídeo chamada, eu já me sinto um pouquinho mais leve”.

Foto: Reprodução Instagram
Falar sobre crises de ansiedade e emoções vem se tornando um assunto cada vez mais normal, conforme novos casos aparecem, não só apenas nos jovens brasileiros e sim do mundo inteiro, e futuramente espero que todos possam se recuperar dessa montanha russa emocional que essa pandemia nos deixou e seguirem em frente com os novos desafios que enfrentaremos, pois devemos aprender a conviver com esses novos sentimentos em nossas cabeças.
Giovanna Ventura Ramos da Rosa – 3º período
Parabéns pela publicação de sua matéria, Giovanna. Bjs!
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