O Fluminense acolheu 13 jovens que estavam sendo mantidos em cárcere privado em um sítio de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. O clube decidiu abrigar os rapazes oriundos de Amazonas, Alagoas, Paraíba e Paraná, que vieram para o Rio em busca do sonho de se tornarem jogadores de futebol.
Os jovens, que têm entre 12 e 18 anos, eram mantidos em cárcere por Jorge Valnei dos Santos, com pretexto de serem treinados para jogar em clubes cariocas, a um custo de R$ 500 por família.
A Polícia Civil fez uma operação na última terça-feira (8) e Jorge foi preso em flagrante pelos crimes de supressão de documentos, cárcere privado e estelionato. De acordo com o delegado titular da 61ª DP, Roberto Gomes, o sítio não possui estrutura profissional e nenhuma autorização de algum órgão público para funcionar.
O Fluminense se prontificou para receber os jovens nas proximidades, precisamente no Centro de Treinamentos Vale das Laranjeiras (CTVL), em Xerém. Além do acolhimento e testagem para coronavírus, o clube permitiu que eles façam uma ‘peneira’ para estudar a possibilidade de realizar o sonho desses jovens de se tornarem jogadores profissionais.

A instituição também ofereceu auxílio psicológico e médico aos meninos, enquanto o contato com as famílias está sendo feito pelo Conselho Tutelar.
De acordo com Mariele Martins, Conselheira Tutelar que faz parte do órgão colegiado de Xerém e está auxiliando na reintegração dos adolescentes, o Conselho Tutelar foi o canal de comunicação responsável pela exposição do caso, com auxílio de uma Assistente Social e equipe de Psicólogos. Os prontuários dos jovens já foram abertos e, no momento, a vara da infância está iniciando o processo para a reintegração dos adolescentes juntos aos familiares.
Mariele ainda alerta para os cuidados necessários a fim de evitar que casos semelhantes ocorram.
“É preciso que os familiares tenham um olhar cuidadoso. Os jovens também precisam controlar as ansiedade de seus sonhos, e avaliar as oportunidades, como conhecer o local em que vão ficar”, finaliza Mariele.
A atitude do clube tricolor repercutiu positivamente, principalmente entre seus torcedores, que utilizaram as redes sociais para exaltar e parabenizar o Fluminense pela ação.
Para o tricolor Pedro Barros, o Fluminense é o ‘Time de Todos’, já que a equipe costuma se posicionar em relação a diferentes causas sociais, como o caso Mariana Ferrer e o apoio contra o ato de racismo na partida entre Paris Saint-German e Istanbul Basaksehir na última terça-feira (8).
O jovem de 16 anos acredita que a atitude do Fluminense foi belíssima e de extrema importância. Além disso, ele comenta o que espera para o futuro dos jovens.
“Quero ver eles vestindo a camisa do Fluminense no futuro. Mesmo que isso não aconteça, tenho certeza que o clube já mudou a vida desses garotos com essa linda atitude. Espero que sirva de incentivos para outros times”, diz Pedro.

A psicóloga Danielle Bides explica que a privação da liberdade desses jovens pode causar comportamentos agressivos, depressão, ideação suicída e outras comorbidades associadas a essas patologias. Portanto, auxílio psicológico e médico aos meninos é fundamental neste momento por terem passado por um evento traumático, afetando a saúde psíquica e física.
“Esse encarceramento não foi apenas físico; foi o encarceramento de sonhos, expectativas e do desejo de tudo aquilo que foi oferecido a cada um deles”, desenvolve a psicóloga.
A especialista ainda enfatiza que o esporte pode ser importante para a reintegração desses jovens na sociedade. “O esporte abre novas oportunidades e perspectivas, servindo como uma poderosa ferramenta de crescimento pessoal, transformando vidas”, conclui a especialista Danielle Bides.
Segundo o Delegado Roberto Gomes, responsável pelo caso, além do cárcere os jovens eram forçados a preparar suas próprias refeições e eram proibidos de ter contato com qualquer pessoa de fora do sítio.
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João Henrique Reis – 4° período
Parabéns João!
Boa reportagem, completa e esclarecesora.
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