Outubro já passou, mas a batalha continua. O nome assusta, um verdadeiro bicho de sete cabeças: neoplasia maligna, mais conhecida como Câncer. Dentre os mais de 200 tipos descobertos, o câncer de mama é um dos três tipos de maior incidência e o que mais atinge as mulheres em todo o mundo. Um diagnóstico que aumenta a cada ano, capaz de transformar a vida de quem o recebe.
Segundo estatísticas do The Global Cancer Observatory (Globocan) foram estimados 2,1 milhões de casos novos para 2018, no mundo. Já no Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) afirma que o câncer de mama também é o que mais acomete as mulheres, exceto os tumores de pele não melanoma.
O Outubro Rosa foi criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, considerada hoje a maior instituição de câncer de mama no mundo. Campanhas como essa tentam aliviar a tensão que atravessa este assunto, dedicando o mês todo a conscientizar e a orientar milhares de mulheres.
Desde então, a data é celebrada no mundo inteiro recebendo cada vez mais adesão e apoio, não só por parte das organizações de saúde, mas de toda a sociedade. O foco é reduzir os riscos e os índices de mortalidade, e incentivar o diagnóstico precoce da doença.

Uma das formas mais comuns de identificar a neoplasia maligna, além da mamografia, é o autoexame. Porém, o caso de Rosana de Fátima, de 54 anos, foi um pouco diferente. A costureira, moradora da Zona Norte do Rio de Janeiro, descobriu o primeiro câncer por acaso, após um acidente em 2007. “A notícia me pegou de surpresa, foi um choque pois eu não sentia nada! Naquele dia, o médico não quis me dizer, mas eu já sabia que era sério”, conta dona Rosana, ao relembrar do dia em que recebeu a notícia.
Após as vinte e cinco sessões de radioterapia, a mamografia e os remédios, Rosana realizou a mastectomia – remoção das mamas – e continuou com todo o acompanhamento em casa. Em 2018, a costureira, que já acreditava ter vencido a luta contra o câncer, foi surpreendida ao sentir um caroço na sua axila enquanto tomava banho. Ao voltar em seu antigo médico, o diagnóstico se confirmou. O câncer havia voltado.
Dona Rosana após o primeiro câncer. / Foto: Arquivo pessoal Dona Rosana durante o tratamento do segundo câncer. / Foto: Arquivo pessoal
A luta precisou recomeçar, de forma mais intensa. Antes, na rede privada, e na segunda vez pela rede pública, Rosana demorou a iniciar seu tratamento por conta das demoras de agendamento e vagas. Apenas em Setembro de 2019 conseguiu iniciar a quimioterapia. Com a pandemia e a doença, Rosana de Fátima não podia trabalhar e contou com doações de amigos e parentes. Apesar das dificuldades, ela diz que nunca pensou em desistir, por conta do apoio que recebeu e da sua vontade ininterrupta de permanecer viva, que permanece até hoje.

“Eu não parava de chorar sem entender porque aquilo estava acontecendo comigo. Eu vi muita coisa durante o tratamento, mas a gente tem que ter muita fé, muita coragem, e o amor da família”, conta Rosana, emocionada.
No fim do tratamento e ainda em acompanhamento, a costureira não deixa sua fé de lado, essencial em todo o processo. Rosana completa contando que tenta permanecer positiva e cheia de esperança. “Foi muito doloroso para mim ver todas aquelas mulheres, foi cansativo para o meu psicológico, mas eu nunca parei de rezar e de me cuidar”, conclui.
A esperança e a rede de apoio são fundamentais nesse processo, capazes de dar às pacientes um final feliz, como no caso de Maristela Benvinda, de 47 anos. A diarista, que fazia acompanhamento regularmente por conta de nódulos nos seios, ficou em estado de alerta após um caroço estranho aparecer em sua axila esquerda, em novembro de 2018. A confirmação chegou no início de 2019. “Quando descobri o resultado meu mundo desabou naquele instante”, comenta.
Durante os meses de tratamento, Maristela contou com o apoio da família e dos amigos, mas se manter ativa também foi essencial para que esse momento tão difícil pudesse ser encarado com mais leveza e otimismo. “Sempre amei dançar e durante o tratamento continuei fazendo as aulas de dança de salão e só não ia quando tinha quimioterapia. A aula me trazia alegria e me fazia esquecer do problema que estava vivendo”, relembra Maristela.
No início deste ano, a diarista recebeu a tão esperada notícia. Após a cirurgia, que, segundo o oncologista havia sido um sucesso, e os linfonodos retirados, dona Maristela estava curada. “Saí da consulta radiante querendo contar a todos”, lembra com emoção. Com tamanha experiência, Maristela comenta o que sentiu após passar por tal situação.
“Sentimento de vitória, de gratidão a Deus e aos meus filhos. Gratidão aos meus amigos, que foram incansáveis nas orações por mim. Hoje, me tornei uma pessoa mais calma, mais compreensiva, penso mais no dia de hoje e em viver cada dia. Valorizo demais a vida, nossa saúde. Sempre me cuidando e alertando para que outras mulheres se cuidem, procurem fazer exames necessários, pois eles foram muito importantes para chegar na minha cura”, finaliza Maristela.
Durante todo o ano, mas principalmente durante o mês de Outubro, o INCA promove ações para a prevenção do câncer de mama. Principalmente durante a pandemia, parte dessas ações são feitas pela internet e por meio de vídeos informativos no canal da instituição no Youtube.
Superação, Ajuda e Solidariedade
É importante ressaltar que, apesar das dificuldades enfrentadas em todo o processo, desde o diagnóstico até às quedas de cabelo, existem iniciativas que buscam dar suporte às mulheres que enfrentam o câncer de mama.
Dentre as instituições brasileiras que se dedicam ao apoio de mulheres com câncer de mama, as mais famosas são: a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA); a Fundação Laço Rosa com um trabalho de voluntariado e produção de perucas; o Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer (GAPC) e o Projeto Social Y Rosa.
Criado pelo tatuador Yurgan Barret e sua esposa também tatuadora, Anne Barret, o Projeto Social Y Rosa começou há cerca de 4 anos. Com uma história de câncer de mama na família, Yurgan e Anne decidiram criar o projeto para ressignificar as cicatrizes nos corpos dessas pacientes, com um trabalho de resgate da autoestima por meio da tatuagem.
O trabalho consiste em redesenhar a aréola usando uma técnica de tatuagem hiper-realista que, durante o mês de outubro, é oferecido gratuitamente. Segundo Anne, a ideia é devolver a confiança para essas mulheres e ajudá-las nesse momento delicado.
“Isso vai muito além da doença. Quando elas recebem o diagnóstico, elas basicamente entendem que podem morrer. Também tem um outro lado pouco falado, de companheiros que disseram não querer ficar com uma mulher ‘incompleta’, e a questão da feminilidade. Durante esse momento, a gente pretende acolher e ajudar essa mulher da melhor maneira possível”, completa Anne.
Imagem de Divulgação. Foto: Murillo Mello Imagem de Divulgação. Foto: Murillo Mello
Bárbara Souza – 8º período
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Parabens pela matéria tive este problema na familia e temos que nos cuidar.
Materia bem esclarecedora.