Na saída do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta segunda-feira (26/10), que não entende a ‘correria’ para o desenvolvimento da vacina contra a covid-19. Além disso, Bolsonaro voltou a citar a Hidroxicloroquina, pois de acordo com ele, enquanto esteve doente o remédio funcionou tranquilamente.
“Eu dou minha opinião pessoal, não é mais fácil e barato investir na cura do que na vacina? Ou jogar nas duas, mas também não esquecer da cura? Eu, por exemplo, sou uma testemunha. Eu tomei a Hidroxicloroquina, outros tomaram a Ivermectina, outros tomaram Annita e deu certo” comenta, Jair Bolsonaro.
A vacina desenvolvida pelos chineses vem sendo a grande discussão do momento no Brasil. Na última sexta-feira (23), a Anvisa autorizou a importação de 6 milhões de doses da vacina Coronavac para testes, entretanto, mesmo sendo aprovadas, não significa que a vacinação irá ocorrer em breve.
“Caso aprovada, eu tomarei a vacina sim, e o tempo que levou para a vacina ser feita não importa, e sim se conseguiram chegar ao ponto que ela realmente seja totalmente eficaz”, comenta a estudante de enfermagem, Marcela Mello.

Na última semana, João Doria, Bolsonaro e o Ministro Pazuello protagonizaram uma confusão nas redes sociais por conta da vacina. Isso ocorreu após uma reunião entre o ministro da saúde e os governadores dos 26 estados e Distrito Federal, na qual concluíram que o Brasil iria comprar 46 milhões de doses da vacina.
O prefeito da cidade de São Paulo, Bruno Covas, relatou que os resultados obtidos no Brasil são similares ao dos estudos clínicos da fase 3 realizados com cerca de 50 mil voluntários na China. A CoronaVac está na terceira fase de testes aqui no país.
O governo do estado de São Paulo ainda anunciou que os primeiros resultados dos testes da vacina chinesa feitos no Brasil, revelaram que é segura, mas ainda não é suficiente. É necessário aguardar os resultados das fases clínicas.
O doutor em imunologia, João Gomes Neto, explica como são os testes clínicos que são realizados antes da aprovação e distribuição da vacina. Segundo ele, são feitos em duas etapas que são divididas em fases pré-clínicas e fases de estudos clínicos.
Na fase pré-clínica (feita em animais):
- Fase 1: Primeiramente, temos que mapear quais são as principais moléculas do microrganismo (nesse caso, o vírus SARS-Cov-2). Moléculas/proteínas que são primordiais para a estrutura e para o processo de infecção da célula hospedeira.
- Fase 2: Após a primeira fase devemos realizar ensaios com animais para identificar quais dessas moléculas/proteínas que têm uma boa resposta imunitária, ou seja, são identificadas pelas nossas células de “defesa”, e assim poderemos escolher os melhores candidatos para a construção de uma vacina.
Na fase clínica (feita em pessoas):
- Fase 1: Teste da segurança do produto, ou seja, se o imunobiológico (vacina) causa algum efeito colateral grave. São testados entre 50 a 80 candidatos saudáveis e são analisados os possíveis efeitos da vacina.
- Fase 2: Testa além da segurança, a eficácia, podemos imunizar até 1000 pessoas, em um grupo restrito. Desta vez, além dos possíveis efeitos colaterais, analisa se algum desses voluntários se infectou e ficou doente.
- Fase 3: Testa novamente a segurança (em todas as etapas), a eficácia (se alguém fica doente), mas agora em um público considerado “alvo”, ou seja, vacina milhares de pessoas, em várias localidades, e analisa o perfil da população após a imunização.
Cada uma dessas etapas podem ser interrompidas se houver qualquer efeito colateral grave.
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Raphael Pimentel – 7º período
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