Da sala de aula

Queimadas no Pantanal causam consequências graves na biodiversidade e economia local

Turismo e pecuária pantaneira sofrem com o fogo. Fauna também é afetada

Uma região de grande biodiversidade e riqueza natural, o Pantanal sofre a maior devastação da sua história. Considerado pela UNESCO, Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera, o bioma sofre com os incêndios florestais que impactam no aquecimento global, setores da sociedade, além de interferirem na fauna e flora da região.

Há aproximadamente dois meses, o Pantanal vem sofrendo com as queimadas, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os incêndios na região cresceram 210% neste ano. Além disso, dados do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) indicam que 15% do Pantanal já foi consumido pelas chamas.

Os incêndios podem ocorrer por questões naturais e mudanças climáticas, como o tempo seco. No entanto, esses não são os únicos fatores. O biólogo Luiz Antonio Solino está trabalhando no combate das queimadas no Pantanal e afirma que atividades humanas influenciam no surgimento dos focos de incêndio, mas que as características da região favorecem.

“As queimadas no pantanal são provocadas pelo homem, porém, o clima tem favorecido à combustão”, explica Luiz.

Na tentativa de combater esses incêndios, os bombeiros encontram dificuldades com a falta de logística, de equipamentos, e maquinários. Dois agentes públicos, que por questões administrativas não puderam se identificar para esta reportagem, estão envolvidos diretamente no combate ao foco de incêndio em Poconé, no Mato Grosso.

“Devido à falta de chuva nos anos anteriores, da estiagem prolongada e das condições climáticas, houve um aumento nos focos de calor e, consequentemente, o aumento efetivo no combate ao incêndio florestal”, conta um deles. O outro explica que todo o trabalho precisa ser realizado com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) – e também é importante que os profissionais na linha de frente estejam bem fisicamente. “Tem sido um trabalho duro”.

Vegetação é vista em meio à fumaça de incêndios no Pantanal
(Foto: Arquivo Pessoal)

Uma estimativa feita pelo projeto ambiental Bichos dos Pantanal estima que cerca de 20% dos mamíferos da região foram atingidos pelas queimadas. De acordo com o bombeiro e o agente militar que nos concederam depoimento a respeito do resgate de animais, o procedimento é realizado por guarnições dos bombeiros e pela sociedade civil, formada por estudantes que se mobilizaram para ajudar. “Todos os animais resgatados são encaminhados para recuperação no posto de coleta, posteriormente são devolvidos aos seus habitats”, comenta um deles.

O biólogo Luiz Antônio também explica que as mortes de animais têm diversos impactos, principalmente influenciando na cadeia alimentar.

“A perda de qualquer ser vivo envolve falta de energia em algum nível trófico”, diz Luiz.

Carcaça queimada de cobra compõe o atual cenário do Pantanal
(Foto: Arquivo Pessoal)

A economia é também um dos mais afetados por conta do fogo que se alastra rápido em áreas pantaneiras. Por conta do Coronavírus, houve uma queda de 90% no turismo do Pantanal, segundo o Sindicato das Empresas do Turismo de Mato Grosso (Sindetur-MT). Com os incêndios, a situação apenas piorou. A secretaria de Estado de desenvolvimento Econômico (Sedec), estima que as queimadas possam impactar o trade turístico pantaneiro, além de atrapalharem a negociação de produtos do turismo, em mais de R$ 10 milhões.

O proprietário da pousada Berço Pantaneiro, Daniel Moura, explica que a economia da região é predominada pelo turismo e pela pesca, e que neste ano houve uma queda na receita devido ao aumento dos incêndios florestais. Ele também conta que apesar da ajuda que o povo da região está recebendo de ONGs com cestas básicas, a situação ainda é grave e perigosa para os habitantes.

“Os moradores se reúnem com o que têm e vão para a frente do fogo, depois seja o que Deus quiser”, relata Daniel.

Além de causar impactos na natureza e no turismo, o fogo também vem atingindo fazendas da região, causando consequências na produção rural, principalmente nas produtoras de gado bovino. O pecuarista Jefferson Silva, de 27 anos, conta que seus principais prejuízos foram a pastagem queimada, gado ferido e morto pelas chamas, além de currais e barracões totalmente consumidos pelo fogo. Apesar de ser otimista e acreditar em uma recuperação financeira a longo prazo, ele só encontra uma única saída no momento para os pecuaristas.

“Rezar! Pois houve perda de vegetação e queima de rebanho. Não tem pasto para alugar nem gado para vender”, descreve Jefferson.

Com o atual cenário do Pantanal, especialistas procuram avaliar o momento pelo qual o bioma enfrenta. A bióloga Chaenny da Silva, de 27 anos, analisa a situação e afirma que é necessário ter um combate maior contra os incêndios florestais na área.

“O Pantanal é um bioma único e a maior planície inundável do mundo. Preservar o Pantanal é proteger diversas espécies e isso deveria bastar para que políticas públicas de preservação fossem aplicadas – o que não vem acontecendo”, afirma Chaenny.

Enquanto as queimadas seguem consumindo o Pantanal, diversos grupos lutam para reverter o desastre que se alastra. ONGs, agentes do governo, biólogos, moradores e voluntários continuam no combate ao fogo e ajudam no resgate de animais de um dos principais biomas do país.

Leia também: https://agenciauva.net/2020/09/15/brasil-sofre-aumento-preocupante-de-mudancas-climaticas-em-2020/

Matéria produzida pelos alunos João Henrique Reis, José Paulo Gonçalves e Rochelle Silva para a disciplina Jornal Online, ministrada pela professora Daniela Oliveira.

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