Algo que tem preocupado os brasileiros nos últimos dias foi o aumento do preço do arroz, que em determinadas regiões teve o seu valor dobrado. Essa inflação afeta a todos, mas as famílias de baixa renda, que já tinham dificuldades antes para conseguir fazer o dinheiro durar, agora sofrem mais.

É o caso da faxineira Penha Damiana Vitoriano, de 66 anos, moradora de Caxias. Ela afirma estar apavorada com a alta do preço, e completa dizendo que tem colocado água no feijão para render.
“Meu Deus! Disseram que foi por causa das queimadas. 5kg de arroz que era 9 reais, agora está 26 reais. Arrebentou com meu salário.”, afirma Penha.
O aumento do preço do arroz pode ser explicado pelo alto consumo devido à pandemia, na qual as pessoas começaram a consumir mais, comprar mais produtos – especialmente alimentícios – e fazer a própria comida em casa. Isso, por si só, já demandaria um aumento no preço, principalmente em um momento em que as pessoas estão ficando mais em seus lares, comprando e estocando esses alimentos básicos, como arroz, feijão, etc.
“Evidentemente o Brasil é um grande exportador também de commodities. Devido a desvalorização cambial, os preços das commodities que o Brasil produz e exporta ficaram muito baratos. Então, devido a esse ganho, visto que ao ganhar num câmbio tão desvalorizado (para comprar um dólar é preciso R$ 5,50), os exportadores e produtores de arroz acabam também atendendo a demanda externa”, explica o economista e professor Durval Meirelles.
Como já havia um aumento da procura interna das famílias brasileiras para consumo dos produtos básicos, somado ao aumento da demanda externa, houve essa alta na demanda – tanto interna como externa – fazendo o preço do arroz subir.
“Visto isso, o governo zerou as agrícolas de importação do arroz pra zero. Isso propicia um aumento da oferta externa de arroz. Então, possivelmente daqui a alguns meses, não sei se o preço vai cair imediatamente. Mas, possivelmente, se houver uma oferta grande de arroz importado, os preços estabilizam.”, completa o economista.
Agora, do ponto de vista de um profissional da nutrição, como é o caso de Alice Giem, o aumento de preço dos alimentos – especialmente o do óleo, arroz e feijão – vai impactar a alimentação da população. A base do prato do brasileiro, principalmente o de baixa renda, é o arroz e o feijão, combinação que oferece nutrientes essenciais, como carboidratos, proteínas e aminoácidos.
“Para falar sobre a substituição desses alimentos no dia a dia, temos que levar em consideração o valor nutricional, o preço do alimento e o hábito alimentar, que não é fácil de mudar tão rapidamente. O arroz, por exemplo, poderia ser substituído por tubérculos e raízes, como a batata-doce e o aipim, mas é necessária uma avaliação de cada caso, de cada indivíduo, para ver qual seria a substituição mais apropriada e a mais aceitável”, informa Alice.
O que se pode fazer agora é esperar essa situação se ajustar, visto que não há um tempo determinado para o preço sofrer uma queda ou se estabilizar. O cenário poderá variar de forma mais repentina baseado em possíveis intervenções do governo e autoridades responsáveis para controlar a inflação do alimento.
Rafael Barreto – 8º período
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