Com a pandemia provocada pelo novo Coronavírus que atualmente abala o mundo, é notória a precariedade de alguns setores da sociedade, principalmente no Brasil, que por muitos anos enfrenta uma grande crise de políticas públicas. Devido ao isolamento social, algumas pessoas vulneráveis ficam à mercê da própria sorte, pela falta de estrutura financeira que se exige nesse momento de enfrentamento da doença. Porém, em meio a tantas dificuldades, é possível encontrar ações de solidariedade com o intuito de mitigar esses problemas.
Diante das diversas ações solidárias, uma destas iniciativas é o projeto Quarentena Sem Fome, cujo objetivo é ajudar duas classes desamparadas nesse cenário: as pessoas em situação de rua e produtores autônomos desempregados, por meio da produção e distribuição de quentinhas. Teresa Cosentino, economista, ex-chefe de Departamento de Operações Sociais do BNDES e ex-secretária de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, responsável e participante do projeto, foi quem idealizou este trabalho que está ajudando muitas pessoas carentes.
“Minhas experiências profissionais, sem dúvida, moldaram meu olhar para o mundo. Meu propósito é gerar renda para pequenos produtores autônomos de refeições e distribuir estas refeições à população de rua”, diz a economista. Ela também fala do quanto se mobilizou ao ver autônomos sem renda devido à crise e do quanto pessoas em situações de rua sobrevivem das redes solidárias, principalmente de alimentação.
O recrutamento foi feito por meio das redes sociais e a iniciativa já ajudou 12 autônomos desempregados, que receberam a ajuda de forma muito bem-vinda, como conta Sérgio Salles, de 38 anos, desempregado há quase três anos. “A ajuda da Teresa foi uma tábua de salvação. Eu vislumbrava um cenário tenebroso”, relata o microempresário. O mesmo aconteceu para Silvani Fernandes, também desempregada há três meses. “Para mim, a ajuda chegou em uma hora excelente. A partir dessa oportunidade, consegui pagar minhas contas. Teresa foi um anjo”. Silvani finaliza ao falar do quanto se sente grata e emocionada por trabalhar para essas pessoas, que lhe ensinam algo novo a cada dia.
Teresa conta que as pessoas em situação de rua sempre recebem as doações com muita alegria e carinho, além de agradecerem bastante pelo trabalho. Alguns até pedem para tirar fotos com os voluntários, o que os deixa emocionados, como descreve Tatiane Frazão, uma das colaboradoras do Quarentena Sem Fome. “É gratificante levar comida para essas pessoas sem lar. Muitas vezes, é sua única refeição do dia. Além da comida levo amor e muito carinho”, afirma a empreendedora, que está desempregada há seis anos, mas já faz esse trabalho há mais de 30 anos.
De fato, o Quarentena Sem Fome está ajudando muitas pessoas, dando suporte aos mais vulneráveis, o que renova as esperanças de uma sociedade mais igualitária e melhor. Teresa conclui: “Me sinto cidadã, me sinto construindo uma sociedade capaz de olhar o outro e perceber nele um cidadão com os mesmos direitos”. Ela lembra que o projeto atua de forma bem espalhada entre Grande Tijuca, Marechal Hermes, Madureira, Maria da Graça, Cachambi, Ilha do Governador, Copacabana, Centro do Rio, São Gonçalo, Caxias e Belford Roxo. Opera todos os dias da semana, sem intervalos, e age desde 25 de março com o objetivo de ir até o fim da pandemia. As formas de ajuda podem ser em dinheiro, doações alimentícias, kit de proteção, roupas e divulgação do projeto nas redes sociais.
*Matéria produzida pela aluna Mayara Vitória Ferreira Silva para a disciplina Teoria e Técnica da Notícia, ministrada pela professora Maristela Fittipaldi.
Parabéns, Mayara! Bjs!
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