No último sábado (5), jogadores e funcionários do clube alvinegro Figueirense Futebol Clube foram agredidos durante o treino por torcedores com identificações de uma torcida organizada do time. As violências teriam ocorrido devido a má atuação do clube e deixou ao menos 5 atletas com danos físicos. A nutricionista do Figueirense, Cíntia Carvalho, fez um desabafo no instagram a respeito do caso: “Nós estávamos trabalhando. Quem trabalha no futebol não é vagabundo, trabalha sábado, domingo, feriado, trabalha para ter resultados positivos – nem sempre a gente consegue.”
Não é de hoje que casos de invasões e agressões por torcidas organizadas estampam as manchetes dos veículos de comunicação, times como Fluminense, Vasco, Botafogo e Flamengo já tiveram o banimento dessas torcidas dos estádios. Há cerca de 3 anos como membro da Torcida Jovem do Botafogo, Breno Campos, 22 anos e jornalista, comenta que os torcedores podem e devem cobrar bons resultados aos clubes, mas que usar selvageria não é o caminho adequado. “Jogadores, direção e comissão técnica, pra mim, precisam ser cobrados com mais ímpeto, mas não com violência e com morteiros como foi visto. É necessário ter em mente que o principal de um clube de futebol é o torcedor dele, porque são eles que sustentam a instituição quando a situação aperta.”

Em protesto a invasão sofrida pelo Figueirense Futebol Clube, na 9ª rodada do Brasileirão série A, atletas permaneceram de braços cruzados por 30 segundos após o apito inicial com a bola parada no centro do campo. O clube realizou o boletim de ocorrência na noite de sábado (5) e busca a punição dos infratores.
Nesta quinta-feira (10) a Polícia Civil deu sequência ao inquérito após ouvir os jogadores do Figueirense, a fim de conseguir identificar os culpados pela invasão ao estádio Orlando Scarpelli na tarde do último sábado (5). Além das agressões físicas, os atletas relataram estarem sofrendo ameaças por meio de mensagens nas redes sociais. No twitter, muitos internautas prestaram apoio às vítimas e repudiaram quaisquer tipos de agressões dentro ou fora dos estádios.
O estudante de 25 anos, Rodrigo Carvalho, e ex-membro da torcida organizada Dragões Rubro-Negros, do Flamengo, diz que a questão das torcidas organizadas é somente a ponta do iceberg, pois a sociedade é marcada pela intolerância. Além disso, Rodrigo enxerga que as idas ao estádios é uma forma de aliviar o estresse, mas que muitos torcedores canalizam seu ódio pelo time adversário, ou até mesmo pelo próprio time (em caso de um resultado negativo) em violência física e verbal. Para ele, a violência acontece em muitos aspectos e corroboradas pelos próprios dirigentes dos clubes, então mesmo que as torcidas organizadas sejam impedidas de adentrarem aos jogos, as agressões não cessarão.
“Ouso dizer que na maioria das vezes os indivíduos não têm dimensão das barbaridades que estão praticando ou falando. Mulheres assediadas, homossexuais xingados, torcedores brigando… E a torcida organizada ainda nem chegou ao estádio… Certo que chegam causando um rebuliço ainda maior. Trazendo medo àqueles “torcedores comuns”, que por diversas vezes cometem as mesmas atrocidades dos grupos uniformizados, eles se sentem legitimados a representar a torcida como um todo”, diz Rodrigo sobre a violência nos estádios.

Muitas brigas acontecem dentro e fora dos estádios, no Maracanã, por exemplo, com o intuito de acabar com esses conflitos, o time que for visitante pode ter sua torcida liberada aos 40 minutos do segundo tempo ou somente quando toda a torcida do time mandante sair do estádio (que não tem um tempo certo), para que os torcedores rivais não se cruzem na parte externa. Os responsáveis por esse controle se comunicam por meio do rádio e quando julgam seguro, liberam a torcida adversária.
O jovem de 22 anos, Eduardo Moura, torcedor do Fluminense diz que já presenciou algumas brigas dentro do estádio por divergências de opiniões juntamente com o uso do álcool, além disso, já viu torcidas organizadas do mesmo time marcando para brigar e confusões nas arquibancadas por conta da política do clube, como escolha de presidentes, dirigentes, entre outros. “Agir com violência nunca é a solução e não considero essas pessoas torcedoras, e sim marginais”, completa.
O integrante da Raça Rubro-Negra do Flamengo há 11 anos, Matheus Zidan, 25 anos e estudante de engenharia elétrica, afirma que a torcida organizada que ele faz parte repudia qualquer ato de violência contra qualquer pessoa e que não acredita que seja dessa forma que se cobre resultados positivos de um elenco. Assim, os protestos organizados pela Raça sempre foi de forma pacífica, seja para apoiá-los ou cobrar melhores resultados. “Em 2019 fizemos protestos de incentivo no aeroporto Santos Dumont. Tudo dentro dos conformes, o próprio Jorge Jesus conversou com a gente para saber nossas contestações, o time seguiu crescendo e o resultado foi o que todos nós sabemos”, finaliza o estudante.

A torcida Ira Jovem do Vasco da Gama já realizou protestos e invadiu treinos dos jogadores, é o o que menciona o professor de Educação física João Lucas Monteiro, 23 anos, mas não com agressão e sim para dialogar e cobrar melhores resultados. João é a liderança da Região da Zona da Leopoldina da Ira há 3 anos. “Muitas torcidas cometem o erro de cobrar jogadores quando um clube está em má fase, porém, na grande maioria das vezes os responsáveis são os dirigentes. Jogadores são apenas funcionários contratados pelo clube. Se estão ali, houve aval do alto escalão do clube. Por tanto, são os dirigentes que deveriam ser cobrados”, conclui.

Alessandra Borges – 7º período.
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