Em meio à pandemia, entre vírus e cloroquina, a população precisa a todo momento distinguir o real da fantasia. As fakes news são um impasse que assolam o mundo não é de hoje. Em 1835, o repórter Richard Adams anunciou no jornal americano The Sun uma das primeiras notícias falsas a circular pelo mundo: uma série de seis artigos publicados relatando a descoberta de vida na lua atribuída ao astrônomo John Herschel. Hoje, com a globalização e o advento da internet, as fake news são uma realidade ainda mais preocupante, e com o surto do Covid-19, a propagação vem sendo muito mais exacerbada.
O Massachusetts Institute of Technology (MIT) comprovou que as fake news têm 70% mais chance de viralizar que notícias verdadeiras. O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que a desinformação vai desde conselhos prejudiciais à saúde a teorias conspiratórias. O mesmo também revela a jornalista Alana Rizzo, que fundou uma iniciativa que visa combater a desinformação: o Redes Cordiais. A jornalista diz que as pessoas não acreditam nessas notícias porque querem e sim porque elas mexem com as emoções. Ela alerta que é preciso ficar atento se de fato a informação não parece suspeita e se a fonte é confiável.

Mas o uso sem limites de algumas redes sociais fortalece esse ciclo vicioso. Nesse cenário de Coronavírus e notícias falsas, o maior vilão dos usuários entre as redes sociais é o Whatsapp. Uma pesquisa desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que 73,7% das fake news sobre o novo vírus circularam pelo aplicativo de troca de mensagens. O aposentado Luciano Gonçalves dos Santos, 57 anos, conta que recebe muitas informações na rede e não é sempre que consegue checar e garantir a veracidade. Ele também afirma já ter sido vítima de fake news por lá: “Recentemente compartilhei um conteúdo sobre terem encontrado pedras em um caixão no cemitério de Manaus. Em seguida me responderam dizendo ser falso e apaguei imediatamente”.
Apesar de o Whatsapp ter se tornado o novo jornal contemporâneo, os meios e os comunicadores oficiais ainda trabalham duro. A especialista reforça a importância do jornalista no combate às informações falsas: “O jornalismo, além de ter um método, segue um rastro. Existe uma pessoa jurídica por trás, que é responsável por aquela informação”. E ainda conscientiza sobre o fato de a luta ser coletiva: “Todo mundo tem responsabilidade, inclusive de ser aquele chato do Whatsapp que vai falar que tal notícia é falsa”.
E Luciano não é o único aposentado que passa muito tempo em casa fuçando as redes sociais. Claudia Rocha, 54 anos, também vivenciou algo parecido e conta sua frustração. A aposentada relata que recebeu logo no início da pandemia um link com estatísticas falsas quanto ao vírus e diz ter compartilhado e descoberto recentemente que se tratava de fake news: “Fico muito chateada. Não se brinca com isso”.
A OMS definiu a disseminação de desinformação sobre o vírus de “infodemia” e alertou sobre o risco de o excesso de informação afetar a saúde mental. Para que se aliviem as tensões desse mal e seja possível combater o vírus no Brasil e no mundo, é preciso agir coletivamente. Alertar as pessoas quando vir uma notícia suspeita e buscar por fontes confiáveis são os primeiros passos para amenizar a propagação das fake news.
*Matéria produzida pela aluna Luiza Cattoni para a disciplina Teoria e Técnica da Notícia, ministrada pela professora Maristela Fittipaldi.
PARABÉNS, Luiza! Bjs!!!
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