A pandemia do Coronavírus mudou a dinâmica da vida humana. Tanto no Brasil quanto no mundo, a sociedade teve que se adaptar ao isolamento social e até ao uso obrigatório de máscaras. Funcionários de empresas tiveram que se acostumar a trabalhar de casa, escolas e universidades introduziram o Ensino à Distância (EaD) e muitos alunos e professores tiveram que se familiarizar às pressas com esse novo modelo de ensino.
Leonardo Pachoal Pereira, de 32 anos, Mayra Salgado Poubel Lima, de 33 anos e Juliana Spiguel, de 32 anos, são educadores cariocas que estão passando por esse processo de familiarização. O momento não tem sido bom, tanto em relação à saúde mental como na vida profissional, mas, algumas vezes, acabam encontrando uma válvula de escape. “A gente tenta criar alguns mecanismos para se manter equilibrado, como assistir a filmes, documentários, fazer videoconferências com amigos”, diz Leonardo. Porém, há momentos em que a preocupação com a situação mundial atual fala mais alto. Juliana conta que unir as inquietações acerca das doenças e do mundo todo ao fato de ficar em casa tem sido exaustivo e desgastante.

Os professores tiveram que rapidamente se habituar ao novo modelo de sala de aula. O tempo que antes eles utilizavam para planejar e montar uma aula está se tornando maior, e Mayra relata que suas tarefas profissionais estão disputando tempo com suas tarefas domésticas, o que a desgasta muito. Enquanto ela está gravando, por exemplo, tem que parar tudo para atender à campainha de casa. Outro ponto levantado por Leonardo e Juliana é que a maior preocupação sobre a nova modalidade de ensino é a dificuldade de receber um retorno dos alunos sobre o aprendizado. Suas aflições giram em torno de como os alunos estão se sentindo neste momento, sabendo que eles necessitam de apoio vindo deles e de seus colegas para que não percam a motivação.

Outra questão relatada é quanto aos ajustes dentro de casa. Todos eles tiveram que fazer investimentos, comprar eletrônicos e material de escritório, e instalar seus instrumentos de ensino. Mas o que podem garantir é que, de certa forma, são privilegiados e beneficiados por já terem um espaço específico em suas moradias e condições financeiras que os ajudem a adquirir esse material, ao contrário de boa parte dos professores brasileiros.
“É muito difícil perceber o sentimento dos alunos, pois não temos contato olho no olho”. Com essa frase do professor Leonardo, é possível confirmar a dificuldade de se conectar com os alunos. Não é fácil manter a atenção em uma aula online que dure quase uma hora – ou mais – e há o medo de que os futuros efeitos psicológicos deste período possam causar aos estudantes danos irreversíveis. Contudo, de acordo com as professoras Juliana e Mayra, os alunos têm se mostrado afetuosos, carinhosos e solidários com os professores também. “Eles sabem que estamos fazendo nosso melhor e são muito acolhedores”, diz Juliana.
Uma das grandes discussões desse período na área da educação foi a realização Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em meio à pandemia mundial. Mesmo que os censos mais atualizados mostrem que um pouco mais de 70% da população brasileira tenha acesso à internet, ainda há uma parcela significativa que encontra dificuldade, o que tornaria a participação no exame injusta. Porém, segundo Mayra, cancelar o Enem culminaria nas demissões de professores de pré-vestibulares e isso diminuiria a renda de muitos deles. Por isso, o adiamento da prova não só beneficiaria os alunos, como também os professores.
O mundo pós pandemia traz incertezas e medos. A situação deve demorar a se normalizar e o uso da tecnologia continuará sendo ferramenta necessária no setor educacional. A insegurança quanto ao novo normal também merece destaque na ponderação dos docentes. Dessa forma, percebe-se que os educadores brasileiros vêm passando por grandes dificuldades nesse período tão complicado para o mundo. Porém, não deixam de pensar no bem estar dos seus alunos e se preocupar com o futuro desconhecido.
*Matéria produzida pela aluna Mayara da Cruz Tavares para a disciplina Teoria e Técnica da Notícia, ministrada pela professora Maristela Fittipaldi.
Parabéns, Mayara!!!!!
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