Uma pesquisa da consultoria iDados, tendo como base informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, mostra que o número de trabalhadores com ensino superior no Brasil vem excedendo o de postos com exigência de curso no mercado de trabalho. Segundo o levantamento, há 18,3 milhões de formados para 14,5 milhões de vagas disponíveis, o que significa que há quase 4 milhões de pessoas qualificadas atuando em profissões que não requerem o diploma obtido.
Para o economista Durval Meireles, isso é um reflexo do processo de adaptação às novas evoluções tecnológicas que marcam o mundo do trabalho. “O trabalho hoje exige muito mais se pensar e dar soluções aos problemas do que propriamente usar a mão de obra”, avalia. No entanto, o economista ressalta que para economias com índices de desenvolvimento baixos, como a brasileira, esse quadro se agrava. “Embora a oferta de empregos melhore gradativamente, é insuficiente para um país de progressos tardios”, analisa.
Contudo, com o desencontro entre o ensino superior e o mercado, muitos profissionais se veem obrigados a migrar para outras áreas de formação. É o caso de Soraya Ribeiro Feghali, de 30 anos. Sem emprego há cinco anos, desde que concluiu a graduação em Jornalismo, Soraya agora cursa Pedagogia na expectativa de aumentar as chances para uma colocação profissional. “Com o curso atual, tentarei uma vaga para trabalhar em alguma creche ou escola como professora do estado. O único contato que tive com mercado até então foi em um estágio que realizei no quarto período de Jornalismo”, conta.
Entretanto, Soraya não está sozinha. Hoje, o desemprego no Brasil atinge 12,4 milhões de pessoas e os jovens são os mais atingidos por essa problemática. Eles representam quatro milhões desse universo, isto é, apresentam média de desocupação maior que a adulta. Durval Meireles chama atenção, nesse sentido, para as novas medidas propostas pelo governo que visam estimular empregos para esse grupo. “Com a evolução gradual do cenário econômico, o número de jovens inativos deve diminuir”, acredita.
“É um caminho longo a percorrer, mas dependente, grandemente, das reformas e de um percentual mais robusto de crescimento da economia brasileira”, conclui o economista.
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Leandro Victor – 7° período
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