O Brasil sempre foi um país receptivo. Durante a década de 1870, imigrantes italianos chegaram ao país buscando oportunidades. Em 1908, japoneses desembarcaram em terras tupiniquins. Agora, chegou a vez da arte e da música estrangeira invadirem o Brasil.


Nos últimos dez anos, cerca de 100 espetáculos da Broadway foram adaptados para os palcos brasileiros. Musicais de sucesso como A Noviça Rebelde e Cantando na Chuva estrearam com canções adaptadas para o português. A atriz Bia Jordão, que esteve recentemente em cartaz no Teatro Bradesco com os espetáculos O Mágico de Oz e A Broadway é Aqui, comemora a ascensão do gênero no Brasil. Para ela, participar de musicas é uma imensa alegria: “É uma sensação incrível, algo que só sinto quando estou no palco. É maravilhoso!”.
O novo gênero começou a surgir no Brasil na década de 1960. Nesse período, o teatro de revista já não encantava como antes, logo, o teatro passou a investir em musicais. Durante o regime militar, o gênero cresceu com Roda Viva, Calabar, Gota D’Água e Ópera do Malandro, todos de Chico Buarque. Nesse momento, além de espetáculos nacionais, produções da Broadway começaram a ser adaptadas para os palcos brasileiros.

Com a chegada do século XXI, os musicais brasileiros passam por uma repaginada. São adaptados Les Misérables (2001), Chicago (2004) e Fantasma da Ópera (2005), espetáculos da Broadway. Essas obras contam com alto investimento e produções de nível internacional.
Com o passar dos anos, o gênero cresceu no país e o número de espetáculos tem aumentado cada vez mais. Por ano, cerca de dois a cinco musicais da Broadway estreiam no Brasil com críticas positivas e uma boa recepção do público.

O diretor italiano Billy Bond, responsável por musicais como A Bela e a Fera e O Beijo da Mulher Aranha, comenta que a tendência do mercado é receber cada vez mais produções teatrais do gênero. “Quando começa a funcionar nos outros países e dar resultado, dar trabalho e dinheiro, as pessoas vão atrás do peixe”, declara o diretor. Algo que facilitou a produção dos musicais no Brasil foi a Lei Rouanet, que pode ser alterada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Billy Bond acompanhou de perto a questão e, segundo o diretor, o presidente pretende acabar com o uso indevido da lei. “Não todos, mas muita gente usou essa lei para enriquecer. Ele (Jair Bolsonaro) simplesmente dividiu a verba em 50 ao invés de ser somente um monopólio. Agora, muita gente vai ter acesso a lei, e não serão somente os grandes figurões do teatro que monopolizaram o dinheiro”, declara o diretor.
A coordenadora do Núcleo de Teatro Musical da Cal (Casa das Artes de Laranjeiras), Mirna Rubim, comenta a importância do gênero. “O teatro Musical pode trazer uma enorme geração de emprego, tanto para artistas como para os funcionários de suporte das produções, além de proporcionar momentos de tremenda reflexão e êxtase ao público.”

Mirna é doutora em Voice Performance pela Universidade De Michigan e recentemente estrelou o musical O Som e a Sílaba, de Miguel Falabella. Ela
comenta como os musicais da Broadway podem se tornar um diferencial para os palcos brasileiros. “O teatro musical tem inúmeros apelos que atendem às expectativas do público atual: a música, os cenários belíssimos e uma sensação de grandiosidade e poder. A onda de musicais da Broadway estimulou a existência de musicais autorais e biográficos nacionais. Por conta dessas características, o teatro musical estimula o jovem a estudar, o público a ir mais aos teatros e o mercado acende positivamente em todo o país”, declara Mirna.

Ao que tudo indica, a tendência é a de que os palcos brasileiros recebam cada vez mais produções da Broadway. Cabe ao público se sentar na poltrona e apreciar a magia do teatro.
Gabriel Murillo Monteiro – 7º Período
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