A novela do Brexit entrou em uma nova e crucial fase desde a última segunda-feira (09). Com a aproximação do recesso parlamentar, obtido pelo primeiro-ministro Boris Johnson, após o aval da Rainha Elizabeth II no fim de agosto, as tensões que envolvem o divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) se intensificaram, sobretudo, pela possibilidade de o Brexit acontecer sem um acordo. A suspensão das atividades no parlamento começaram na última segunda-feira (09) e vão até o dia 14 de outubro, a duas semanas e três dias do prazo final do Brexit, em 31 de outubro.
Parlamentares e governo correm contra o tempo, a fim de acordar propostas que evitem um desfecho ruim para britânicos e europeus. Na última semana, o primeiro ministro tentou convocar novas eleições gerais, porém, o parlamento, em votação, desconsiderou o tema. Numa nova tentativa, Boris Johnson teve o pedido rejeitado novamente na última segunda (09). O premiê disse também, na última quarta-feira (04), que realizará o Brexit mesmo que não haja um acerto com a UE. No entanto, o parlamento, logo depois da declaração, aprovou uma lei que proíbe uma saída abrupta do Reino Unido do bloco. Tal lei recebeu aprovação real da rainha na última segunda (09).
A legislação aprovada pelo parlamento prevê o adiamento do Brexit em até 90 dias, caso não haja um acordo até 19 de outubro. Apesar disso, a pressão para um acerto é cada vez maior. Também na última segunda (09), o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, afirmou que vai renunciar ao cargo na data prevista para o Brexit, 31 de outubro. Bercow disse ainda que, caso o parlamento vote favorável a convocação de eleições antecipadas, deixaria sua função imediatamente. No último domingo (08), o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, também declarou que mais um atraso no Brexit não será aceitável.
O Brexit tem sido um problema para os britânicos, como avalia o cientista político Guilherme Carvalhido. “Ele foi executado em um momento muito específico, o que não refletiu uma condição pertinente para a economia”, comenta. Para ele, um acordo não costurado poderá trazer problemas dessa ordem para a Grã Bretanha, “sobretudo, de restrições na livre circulação de mão de obra no país, visto que tal fato dificultaria a normalização das atividades de trabalho, o que, por sua vez, acarretaria prejuízos para a atividade econômica”, pondera o cientista político.
Vale lembrar que a saída do Reino Unido da União Europeia estava prevista para março de 2019, porém foi adiada duas vezes por conta da rejeição do parlamento ao que foi negociado com a UE pela ex primeira-ministra Theresa May. Em plebiscito realizado em junho de 2019 no Reino Unido, o Brexit venceu por uma margem apertada: 51.9% a 48.1%. Desde então, as tentativas de negociação para se chegar a um consenso com a UE vêm ocorrendo sem sucesso. “A possibilidade de não haver acerto é grande. E a de troca no comando do parlamento também, tendo em vista que o atual primeiro-ministro já foi derrotado uma vez”, conclui o cientista político Guilherme Carvalhido.

Leandro Victor – 7º período
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