Na segunda-feira (15), o Conselho de Ética do COB (CECOB) chegou a um acordo com Confederação de Vôlei (CBV) a respeito do “Caso Wallace”, que vem se desenrolando desde o início do ano. O acordo assinado entre as partes, incluído nestas o próprio atleta, diminui as sanções impostas pela entidade no começo de maio.
A punição do atleta que era de cinco anos de afastamento das quadras foi diminuída para 90 dias, dessa vez por descumprir a suspensão anterior, aplicada por incitação à violência através das redes sociais. Sendo mantido a punição de um ano fora das convocações da seleção brasileira.

As suspensões impostas para a CBV foram substituídas por um investimento em um programa de valorização da postura ética dos atletas nas redes sociais, sob a coordenação do Compliance Officer do COB, que deve ser arcado com recursos próprios da entidade. Também foi retirada a pena imposta ao presidente em exercício, Radamés Lattari Filho.
Por fim, o CECOB não reconhece o resultado da partida final da Superliga Masculina, entre Minas Tênis e Cruzeiro, realizada em 30 de abril, em razão da participação do atleta Wallace que estava afastado para cumprimento de uma suspensão.
Entenda o “Caso Wallace”
No início do ano, o jogador Wallace publicou fotos em suas redes sociais em um clube de tiro e abriu uma caixinha de perguntas nos Stories do Instagram. Na época, um de seus seguidores questionou se ele atiraria no presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Wallace compartilhou essa interação e abriu uma enquete perguntando se outra pessoa faria aquilo ou não. Embora tenha sido apagado pelo jogador, o post teve uma grande repercussão e continuou a circular nas redes por meio de prints.
A publicação do atleta foi repudiada pelo CBV, COB e Governo Federal por incitar a violência. A Advocacia Geral da União (AGU) foi acionada e denunciou as atitudes de Wallace para o Conselho de Ética do COB, que instaurou um processo contra o atleta. Depois disso, Wallace foi suspenso provisoriamente das quadras.
No julgamento foi decretado, por unanimidade, a suspensão do jogador por 90 dias a contar do dia 3 de fevereiro, quando foi dado início ao processo, de todas as atividades do Comitê Olímpico do Brasil e suas entidades, incluindo a Confederação Brasileira de Vôlei. A suspensão estenderia até o dia 3 de maio.
Tendo em vista que o período da suspensão englobaria a final da Superliga Masculina de Vôlei, marcada para o dia 30 de abril, o Cruzeiro, clube do atleta, tentou reverter a decisão para que o oposto pudesse entrar em quadra na reta final da competição. A defesa de Wallace conseguiu uma liminar junto ao Supremo Tribunal de Justiça Desportiva para poder disputar a partida, alegando dúvidas acerca do alcance da punição em relação às competições nacionais.
Ao ver que as decisões dos dois órgãos eram conflitantes, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) acionou uma instituição privada, o Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA), para chegar a um parecer em relação ao caso. A CBMA, por sua vez, fez prevalecer a decisão do STJD. Dessa forma o atleta ficou liberado para jogar a final da Superliga Masculina de Vôlei.
Wallace entrou em quadra no dia 30 de abril e fez o ponto que deu o título ao Cruzeiro. Essa atitude, portanto, desagradou o Conselho de Ética do COB, que agravou as punições do atleta por cinco anos e suspendeu o repasse de verba para o CBV durante seis meses, por entender que a entidade descumpriu a sua decisão. O presidente em exercício da CBV, Radamés Lattari Filho, também foi suspenso das atividades por um ano.

Para que a modalidade não fosse afetada por essas decisões, principalmente em ano de torneios importantes, como os Jogos Pan Americanos Santiago 2023 e o Pré-Olímpico de Voleibol 2023, o Conselho de Ética permitiu que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) desse continuidade aos projetos em andamento da entidade a fim de não prejudicar as preparações das equipes brasileiras de vôlei de quadra e vôlei de praia, categorias adulta e de base, e as inscrições dos atletas nas competições.
No entanto, com o recente acordo assinado entre as partes, as sanções antes impostas foram diminuídas. O jogador Wallace ficará de fora da seleção brasileira, a qual vai disputar a Liga das Nações, e o restante dos dias devem ser cumpridos durante as férias. A suspensão da CBV e do presidente em exercício da entidade também foram mitigadas e acabaram sendo retiradas. Para isso, a CBV se comprometeu a arcar com um programa educacional de uso correto dos atletas das mídias sociais.
Foto de capa: Maurício Val/FVImagem/CBV
Reportagem de Nathalia Bittencourt, com edição de texto de Anne Rocha
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