Atualmente as mulheres estão cada vez mais se interessando por esportes que antes eram considerados exclusivamente masculinos, como acontece com a Fórmula 1 (F1). Apesar de ainda ser um esporte voltado, principalmente, para o público masculino, muitas mulheres nos últimos anos têm se destacado como fãs da F1 e vêm marcando presença nos autódromos ao redor do mundo. Assim, a esperança é que certos estereótipos sejam quebrados e o esporte pare de ser considerado unicamente masculino.
Da mesma forma que o esporte não está ligado a nenhum gênero, os fãs também não pertencem a classes, idades e profissões específicas. O público vêm crescendo, e conquista novas fãs a todo momento, mas existe uma grande parte que já acompanha as corridas há anos. Um exemplo disso, é a engenheira mecânica, fã da Scuderia Ferrari, Carol Politta (25). Ela conta que assistir Fórmula 1 sempre foi um programa que a aproximou de sua família.
“Todo domingo de corrida eu lembro que sentávamos para assistir. Com o tempo fui me interessando mais e desde então sempre assisto”, comenta.
Além das corridas em si, muitas mulheres são atraídas pelas histórias de superação dos pilotos e das equipes. A estudante de jornalismo, Letícia Pessôa (27), conta que entrou no mundo do automobilismo após conhecer Lewis Hamilton, atual piloto da Mercedes-AMG Petronas Motorsport.
“Além de tudo que ele conquistou, mesmo vindo de uma realidade menos favorecida, eu me identifico com as causas que ele defende. Elas são muito importantes e precisam de visibilidade”, diz.
Ela também explica que além da inspiração, outras duas coisas chamaram sua atenção: as estratégias e a presença feminina. Uma das razões para o crescente interesse das mulheres pela Fórmula 1 é a maior presença de figuras femininas. Como por exemplo, a engenheira Monisha Kaltenborn, ex-chefe da equipe Sauber de 2012 a 2017, a ex-pilota Susie Wolff, atual diretora executiva da equipe Ventura Racing na Fórmula E e a atual campeã da W Series, Jamie Chadwick
Isso tem mostrado às mulheres que elas também podem ter um papel ativo no mundo da F1. Agora, muitas outras mulheres têm trabalhado nos bastidores das equipes de Fórmula 1 ocupando diferentes funções, desempenhando importantes papeis tanto na concepção e construção dos carros quanto no desenvolvimento das estratégias de corrida.
“Vemos o trabalho primoroso que a Hannah Schmitz tem realizado como estrategista da Red Bull. Não faltam mulheres talentosas, mas oportunidades para que elas exerçam o bom trabalho que sabem fazer”, relata Letícia.
A Federação Internacional do Automóvel (FIA) tem reconhecido a importância da presença feminina no esporte e tem tomado medidas para promover a igualdade de gênero. Em 2020, a categoria lançou o programa “We Race As One”, que tem como objetivo promover a diversidade e inclusão na F1, com o aumento e incentivo da participação feminina no esporte por meio do programa “FIA Girls On Track”. Para a engenheira mecânica, Carol Politta (25), essa representatividade ainda está caminhando em passos lentos, e ela acredita que o esporte ainda precisa de mais mulheres.
“Já vemos engenheiras, diretoras e até chefes de equipe, mas ainda são a “exceção”. Mas é muito triste que a gente ainda não tenha nem previsão de quando veremos uma mulher de volta em um carro da F1”, explica.
As fãs de corridas, enfrentam desafios diários devido ao preconceito e a descriminação de gênero. “Acho que o clássico é perguntarem se você realmente entende, fazer interrogatório, falar que assiste porque os pilotos são bonitos e toda essa balela”, desabafa ela.
No entanto, as mulheres têm mostrado que são capazes de superar esses obstáculos e se destacar em um ambiente masculino. Isso mostrando que estão rompendo barreiras e conquistando seu próprio espaço em um ambiente que antes era percebido como necessariamente masculino.
O aumento da presença feminina na equipes é uma tendência que deve continuar nos próximos anos. À medida que mais mulheres se destacam no automobilismo, se tornam exemplos e inspiração para outras que desejam seguir carreira no esporte. Com o tempo, é possível que mais e mais mulheres assumam papéis de destaque na Fórmula 1, tanto nas pistas quanto nos bastidores das equipes.
Foto de capa: Reprodução/Twitter
Reportagem de Giovanna Ventura, com edição de texto de Malu Danezi
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