Trabalho, correria e múltiplas tarefas para realizar em apenas um dia. A cabeça sempre focada no futuro deixando o presente de lado. Esse era o cotidiano de muitos brasileiros, para não dizer todos. Mas com a chegada da pandemia do Covid-19, toda essa rotina teve que ser esquecida. O futuro se tornou algo incerto, principalmente para os profissionais autônomos, e a procura pela tecnologia acabou se tornando urgente. Aliás, o único meio de comunicação por causa do isolamento.

Foi o que aconteceu com a professora de Inglês Adriana Nóbrega, de 27 anos, que conta não ter sido fácil inicialmente a adaptação, por sua rotina ser bem tranquila antes da pandemia, com as aulas presenciais. Mas após a determinação de isolamento, teve que ficar sem dar aula por duas semanas até que todas as turmas do curso passassem para o método online. (Foto: Arquivo Pessoal)
De suas sete turmas, cinco eram para crianças. Ela conta que para os adultos a adaptação foi bem fácil, já para as crianças foi e continua sendo bem difícil, por 95% não possuírem tablet ou notebook, precisando acompanhar aula pelo celular, o que faz ser algo maçante para os pequenos. São 50 minutos sentados olhando para uma tela pequena, deixando-os bem agoniados. Por isso, a professora conta que sua rotina ficou cansativa, por ter que criar didáticas criativas, como forma de prender as crianças nas aulas, e inventar temas para poder animá-las.
Para Adriana, mesmo após a pandemia, sua rotina irá continuar intensa, o que confessa ser bom, já que com o tempo em casa, conseguiu mais alunos para o método de ensino online, o que, consequentemente, atingiu de forma positiva sua vida financeira. Mas em relação às turmas infantis do curso em que dá aula, ela não vê a hora de a pandemia acabar e poder retornar com as aulas presenciais.
A pandemia trouxe de fato muitas dificuldades, principalmente para quem trabalhava sem carteira assinada. No Brasil, até fevereiro, havia cerca de 38,08 milhões de trabalhadores informais, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim que a pandemia chegou ao país, esses profissionais foram atingidos imediatamente pela determinação de isolamento social e pelos consequentes percalços da economia.

Foi o que aconteceu com a psicóloga Tuanny Duarte, de 28 anos, que assim que começou a quarentena, não teve como passar prontamente para o atendimento online, porque a princípio era necessário ter aprovação dos planos e do Conselho Regional de Psicologia. Mas assim que as liberações ocorreram, dos 30 pacientes, apenas 15 aceitaram o atendimento à distância, dificultando para a psicóloga no âmbito financeiro, por ter que receber menos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Inicialmente, o processo do atendimento online não foi muito fácil porque era algo com que não estava habituada, mas era a melhor opção no momento. Os pacientes também estranharam um pouco no começo, mas depois se adaptaram. O que dificulta um pouco são os intercursos causados pelo acesso à internet ou então o sinal do celular, mas, mesmo assim, o processo terapêutico não deixa de acontecer.
Para Tuanny, sua rotina não irá voltar ao normal mesmo após a pandemia e confessa ter um pouco de receio com esse retorno por conta do vírus, ainda mais por sempre pegar o transporte público lotado, tanto para ir quanto para voltar do trabalho. No atendimento também terá que fazer adaptações, com o uso de máscaras e utilização do álcool em gel, cuidados que antes ninguém tinha.
O tempo de isolamento social, para a psicóloga, vai fazer com que muitas pessoas busquem pelo acompanhamento psicológico, tanto no método presencial quanto no online. Tuanny também confessa que sente muita falta do atendimento presencial com seus pacientes, por ser mais fácil lidar com as questões deles sem interferências da tecnologia. O contato e os encontros com seus colegas de profissão também faziam bem, por poderem conversar e trocar experiências, além das atividades que realizava ao ar livre após um dia intenso de trabalho, um momento para relaxar fora de casa.
Para que o transtorno financeiro dos trabalhadores autônomos fosse menor, o Governo disponibilizou um auxílio emergencial. Mas na prática nem tudo aconteceu como prometido. Foi o que aconteceu com a psicóloga Natasha Souza, de 28 anos, que precisou recorrer aos 600 reais, mas não foi fácil. A demora de mais de um mês para aprovar e disponibilizar o dinheiro fez com que sua renda parasse, deixando-a num momento bem complicado. A sorte de Natasha foi que os planos liberaram o atendimento no método online e assim pôde começar a trabalhar. Dessa forma, apesar da tranquilidade em poder receber, sua rotina mudou completamente. Na clínica ela tinha seu espaço, mas em casa teve que improvisar um local silencioso para poder atender a seus pacientes com tranquilidade.

A psicóloga Natasha Souza recebeu apenas uma parcela do auxílio emergencial do Governo Federal. E provavelmente não vai obter a outra parte, já que a flexibilização social aprovada pelo prefeito Marcelo Crivela, da cidade do Rio de Janeiro, fez com que a profissional voltasse aos poucos para o atendimento presencial na clínica em que trabalha. Por enquanto a maioria dos pacientes ainda prefere ser atendida online. Porém, a partir de julho, as atividades voltaram completamente ao normal. Mesmo com todas as complicações durante o isolamento, a profissional acredita que o atendimento online veio para alertar as pessoas da importância da saúde mental e lembrar como a tecnologia pode auxiliar nisso. (Foto: Arquivo Pessoal)
*Matéria produzida pela aluna Thayná Costa Duarte para a disciplina Teoria e Técnica da Notícia, ministrada pela professora Maristela Fittipaldi
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