Com a proliferação do Covid-19, o ano letivo para todos os estudantes foi interrompido de forma brusca pelo fechamento das escolas e faculdades por conta do isolamento social. Por isso, instituições de ensino iniciaram a virtualização das aulas. Com a ausência de quadros, canetas, cadeiras e alunos em uma sala de aula, o ambiente se renovou em celulares, notebooks e tablets, com lives de professores e banco de dúvidas para os estudantes por meio das palestras online.
O Ensino à Distância (EaD) foi a saída que as instituições encontraram para não haver perda de um ano acadêmico inteiro devido à parada forçada da pandemia. Mas não são todos os alunos que estão aprovando ou se adaptando a esse tipo de aula. Por ser um modelo muito novo, tem seus defeitos, como erro de conexão, travadas durante a explicação do professor, dificuldade de concentração, entre outras dificuldades que interferem no aprendizado.
É por esses tipos de problemas que a aluna de direito Larissa Ramos H. dos Anjos, de 19 anos, moradora de Vicente de Carvalho, no Rio de Janeiro, afirma: “O ensino à distância afasta os alunos do curso, fazendo com que a experiência universitária seja rasa demais, com nenhuma prática e muita teoria”. Ela entrou na universidade esse ano e não pôde aproveitar o ambiente universitário presencial totalmente graças ao isolamento: “Imaginei que seria um mundo novo se abrindo, que envolveria muita adaptação da minha parte, um remodelamento da minha forma de estudar, muita leitura e escrita, além de novas amizades e experiências novas”.

Já para Heloisa Gomes Pereira, de 35 anos, moradora de Vila da Penha, no Rio, que trabalha em uma rede de supermercado e é mãe de Leonardo, de 9 anos, a virtualização não foi bem recebida. Ela trabalha fora e ainda tem que auxiliar o filho em suas atividades diárias. “É muito complicada essa situação. Eu explico a matéria toda para o meu filho, pois ele não entende completamente o que a professora explica. Então faço papel de mãe e professora, mesmo sem tempo, pois trabalho fora de casa”, conta Heloisa.
Para ela, é uma dificuldade a mais em um tempo de pandemia, mas reconhece que é necessário manter o sistema de educação à distância, para o estímulo ao estudo: “Sei que em tempos como esse, temos que ter paciência, pois ninguém espera por uma pandemia. Por isso é necessário muita calma, ainda mais para nós, trabalhadores, que não podemos abrir mão do emprego, mas também seria um desperdício esse ano para o meu filho caso ele ficasse sem as aulas, atrapalhando um ano de sua vida escolar”, analisa a mãe do menino.
Karolina Mendes Aleixo Gomes, estudante de Enfermagem, de 20 anos, que reside em Thomás Coelho, no Rio, também teve que se adaptar ao sistema de ensino do EaD. Como seu curso requer muito conhecimento prático, ele tem uma opinião mais direta sobre o modelo adaptado de estudo: “Estudantes de todos os cursos estão tendo dificuldade para lidar com o EaD, mas nós, da área da saúde, estamos tendo que lidar com o fato de nosso curso ser muito mais estudo na prática do que estudo teórico. Não estamos treinando da forma que devemos por conta do distanciamento social”.
A futura enfermeira também fala sobre o rendimento dos alunos da área da saúde. “O rendimento cai, é inevitável. Precisamos saber de tudo, não podemos errar. Para isso, necessitamos de treinamento prático, não de aulas virtualizadas que só explicam a teoria. Não sei como será mais para frente, mas espero que achem uma saída para nós, atuantes da área de saúde”.

*Matéria produzida pela aluna Lavínia G. Barros para a disciplina Teoria e Técnica da Notícia, ministrada pela professora Maristela Fittipaldi.
Parabéns, Lavínia!!!!!