Meio Ambiente

Rejeitos de Brumadinho chegam ao Rio São Francisco

No Dia Mundial da Água, a SOS Mata Atlântica divulga análise da qualidade de 220 rios brasileiros

No Dia Mundial da Água, a SOS Mata Atlântica divulga análise da qualidade de 220 rios brasileiros

O relatório “O retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica” divulgado nesta sexta-feira (22), Dia Mundial da Água, pela SOS Mata Atlântica, confirma o que se esperava quando a barragem do Córrego do Feijão se rompeu no dia 25 de janeiro deste ano, em Brumadinho. A lama que percorreu os bairros da cidade mineira, sujando o Rio Paraopeba chegou a um dos maiores rios do Brasil, o Rio São Francisco, conhecido também por Velho Chico.

Foram 278 pontos de coleta de água monitorados, 74,5% apresentam qualidade regular, em 17,6% a qualidade é ruim e em 1,4%, péssima. Somente 6,5% apresentam qualidade boa na média do período de monitoramento e nenhum dos rios e corpos d’água tem qualidade ótima. A iniciativa conta com a participação de 3.500 voluntários que monitoraram 220 rios, de oito regiões hidrográficas do Brasil, entre março de 2018 e fevereiro de 2019.

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Dos 12 pontos estudados do rio São Francisco, nove estavam com condição ruim e três regular Foto: Visual Hunt

Entre os dias 8 e 14 de março, a equipe da SOS Mata Atlântica visitou o Rio São Francisco para analisar a presença dos rejeitos. Dos 278 pontos estudados, 12 eram do Velho Chico, dos quais nove estavam com condição ruim e três regular. As águas que estão impróprias para o uso da população vão do Reservatório de Retiro Baixo, entre os municípios de Felixlândia e Pompéu, até o Reservatório de Três Marias, no Alto São Francisco. Em algumas dessas regiões foram encontradas concentrações de ferro, manganês, cromo e cobre, acima dos limites legais, definidos pela Resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para qualidade da água doce superficial.

A assessora da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, ressalta as dificuldade que as águas brasileiras estão vivenciando. “Os rios brasileiros estão por um triz. Seja por agressões geradas por grandes desastres ou por conta dos maus usos da água no dia a dia, decorrentes da falta de saneamento, da ocupação desordenada do solo nas cidades, por falta de florestas e matas ciliares que protegem os rios e nascentes e por uso indiscriminado de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Nossos rios estão sendo condenados pela falta de boa governança”, afirma a especialista em água em entrevista ao site SOS Mata Atlântica.

No monitoramento do ano passado foi possível comparar 236 pontos com este ano. Os índices regular – 78% em 2018 e 75,4% em 2019 – e ruim – 17,4% em 2018 e 16,9% em 2019 – não apresentaram grande diferença. Já os pontos péssimos pularam de 0 para três e os considerados bons de 11 para 15. Foi possível mensurar a evolução dos indicadores de qualidade da água em todos os 17 estados da Mata Atlântica.

Na última quarta-feira (20), a Vale começou a registrar as pessoas que foram vítimas para pagar as indenizações pela tragédia do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). Até o momento, segundo a Defesa Civil, são 209 mortos identificados e 97 desaparecidos.


Tainá Valiati – 7° Período 

 

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