Na noite de domingo (02) um incêndio consumiu toda a parte interna do Museu Nacional, localizado na Quinta da Boa vista. Bombeiros passaram toda a noite tentando controlar as chamas, que rapidamente se alastravam pelo interior da estrutura. Entretanto, ainda pelo começo da manhã e com o incêndio já contido, o corpo de bombeiros realizou nova varredura pelo local em busca de novos focos que pudessem iniciar uma nova queima e fecharam toda área no entorno devido ao risco de desabamento.
Com 200 anos completados em 2018, o Museu Nacional foi criado por D.João VI em 16 de agosto de 1818 como parte do plano de promoção do progresso cultural na então colônia portuguesa. O museu então passou a adquirir um número de itens cada vez maior, seja por compra no exterior ou como presentes diplomáticos concedidos ao imperador.
O Museu Nacional abriga o maior acervo da América Latina sobre paleontologia, zoologia, geologia, etnologia e etc. São mais de 20 milhões de itens catalogados que variam entre meteoritos, fósseis de dinossauros que caminharam sobre solo brasileiro a milhares de anos, os restos do mais antigo fóssil humano já encontrado no país, que recebeu o nome de “Luzia”, assim como o maior acervo de itens egípcios na América Latina. Peças como o esquife de Sha-amun-em-su, múmias, cerâmica egípcia e sarcófagos compõe o quadro.

Paulo Buckup é professor do programa de pós-graduação em Ciências Biológicas na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e esteve entre os pesquisadores que se arriscaram ao salvar o máximo de peças que conseguissem faz uma avaliação dos danos causados pelo incêndio. ” Os prédios dos Departamentos de Vertebrados, Departamento de Botânica, Biblioteca Principal, Pavilhão de Salas de Aulas, Laboratório de arqueologia na Casa de Pedra, Anexo Alipio de Miranda Ribeiro, e anexo da coleção do Serviço de Assistência ao Ensino não foram atingidos. O prédio principal (Palácio da Quinta da Boa Vista) foi perda total “.
Buckup ainda pontua quais foram as maiores perdas. “As grandes perdas foram os materiais da exposição e as coleções situadas no prédio principal: arquivo e acervo histórico, maior parte das coleções entomológicas, antropológicas, coleções de aracnologia, e crustáceos. O acervo de paleontologia e mineralogia talvez possa ser parcialmente resgatado se for feito um trabalho cuidados após o rescaldo.
Das coleções de vertebrados, perderam-se os exemplares das exposições antigas que seriam incorporados na nova exposição, mas a maior parte do acervo científico está preservada”.
Mestra em História Social da Cultura, Elisa Goldman comenta que a perda de parte do acervo é consequência de más decisões políticas. ” A questão do incêndio no museu é demonstrativa do grande descaso do atual governo com a política cultural e a gente entende como consequência do descaso, da falta de investimento e da falta de manutenção do museu, algo pontuado desde 2015. Entendemos então que a política do teto de gastos voltados para a política cultural é efetivamente uma política de esvaziamento dos investimentos públicos e isso se traduz na perda irreparável do acervo”.
Até a finalização da matéria não ouve liberação do local por parte da Defesa Civil nem qualquer pronunciamento oficial*
Gustavo Barreto – 8º período

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