Antes mesmo da abertura dos portões, as filas já se formavam na entrada da Bienal do Livro. Eram caravanas de alunos vindas de diversos municípios do Estado do Rio para a 18ª edição da feira literária, no Riocentro. Por meio do projeto “Visitação Escolar”, a Bienal Rio 2017 disponibilizou 145 mil ingressos gratuitos para alunos de escolas públicas. Os alunos dos colégios particulares pagavam meia-entrada.

Para ter direito à gratuidade, as escolas fizeram uma inscrição no site da Bienal. De acordo com os organizadores, o projeto social tem o objetivo de aproximar os estudantes do universo dos livros, colaborando para a criação do hábito da leitura e conscientizando-os para a importância da formação intelectual. Foi destinado exclusivamente aos alunos de 7 a 14 anos e seus acompanhantes, durante cinco dias, especialmente programados para os alunos participarem das atividades de forma mais confortável e organizada. Os dias reservados ao projeto foram 1, 4, 5, 6 e 8 de setembro, no horário de 9h às 17h.

Nesses dias, a criançada fez o Riocentro vibrar. Às 10h, os três pavilhões já constumavam estar lotados de alunos, do Ensino Fundamental até a universidade. Eles buscavam o contato com os livros, os autores de literatura infanto-juvenil e, principalmente, as atividades recreativas, como o teatrinho Entreletras e o espaço Geek & Quadrinhos. A Escola Estadual Covanca, municipalizada pela prefeitura de Magé, trouxe 35 alunos do 4º ao 9º ano. A diretora e professora de história Simea Pio disse que teve total apoio do poder público e os alunos não tiveram nenhuma despesa. “O interesse dos alunos é tão grande que a escola trata o evento da Bienal como um prêmio para os alunos que tiveram melhor aproveitamento escolar no primeiro semestre”, contou Simea.

Mas nem todos tiveram a mesma sorte. Alegando dificuldades financeiras, a Prefeitura do Rio chegou a cortar a participação dos alunos da rede municipal. Após a repercussão negativa junto à população, voltou atrás e, conforme divulgado nos jornais “O Globo” e “JB”, informou que alunos de 33 escolas visitariam a Bienal na sexta-feira (8/9), último dia do projeto. No entanto, a exemplo de Magé, muitas escolas de outros municípios foram à Bienal. A professora Monique Muniz saiu de São Gonçalo para a feira literária com alunos da Escola Municipal Oscarina da Costa Teixeira. Para ela, a Bienal é um bom programa de incentivo à leitura, porque os alunos têm contato com uma diversidade de títulos e gêneros literários, diferente dos livros didáticos a que estão acostumados na escola. Os alunos participaram de diversas atividades e estavam animados com a atividade fora da escola.

Não foram só as escolas do projeto Visitação Escolar que participam da festa literária. Muitos colégios particulares aproveitam o desconto e encheram os pavilhões com seus alunos. O Colégio Fernando Costa, de Seropédica, levou 80 alunos do 6º e 8º anos. Cada aluno investiu R$ 70 no passeio. O professor de geografia Eduardo Azevedo acompanhou as turmas e ficou impressionado com o interesse dos estudantes na aquisição de livros. “Cada aluno gastou, em média, R$ 200 para levar o máximo de títulos para casa”.

Além do interesse pelos livros, a garotada foi para a Bienal atraída por produtos tecnológicos – e-books, games etc – e por atividades que fazem uso da internet, como canais literários, clubes de leitura e resenhas online. Sem dúvida esse mundo literário virtual está abrindo caminhos para a formação de novos leitores. Prova disso foi que, quando profissionais das escolas que estavam na Bienal foram perguntados pela equipe da AGÊNCIAUVA se o mundo conectado ajuda ou atrapalha o interesse das crianças pela leitura, a maioria dos entrevistados respondeu: “Ajuda, desde que a internet seja uma ferramenta para incentivar o hábito de ler”.

Francisco Santos – 5º período
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