Comunicação Geral

Se arriscando na guerra

Na noite da última sexta (06), o fotógrafo – especialista em cobertura de guerra – Alexandre Auler ministrou uma palestra para os alunos de Fotografia Digital, do curso de Comunicação Social, no Campus Tijuca. Organizado pelo professor, Altayr Derrosi, o convidado contou relatos que vivenciou em zonas de conflitos reais na guerra da Síria e os impactos que esses trabalhos fizeram na própria vida pessoal. O freelancer Carlos Jr., que apresentou seu trabalho na semana passada, também estava presente.

WP_20160506_20_19_09_Pro
Alexandre Auler (de branco com o braço cruzado) posando com a turma. [foto: Iago Moreira/Agência UVA]

Alexandre teve a primeira experiência em uma zona de conflito na Ucrânia. Pouco tempo depois foi para o sul da Turquia fotografar a resistência dos Curdos, frente ao ataque do Estado Islâmico. O fotógrafo conta que é preciso tomar muito cuidado, inclusive com as pessoas que são aparentemente confiáveis, pois na Turquia é comum ver jornalistas sendo raptados por guias para serem vendidos ao ISIS.

“Quando chegamos lá estava a noite, tudo escuro, e o guia falou: ‘Quando eu falar para correr, corre! ’. Já perto da fronteira estávamos abaixados e quando ele abriu a grade saímos correndo para o outro lado para alcançar o carro que estava a nossa espera. Por eu ser baixinho passei com facilidade, mas tiveram jornalistas que – somado ao nervosismo – se machucaram feio na hora da travessia. Ali é uma situação de guerra real, qualquer erro pode custar uma vida”, conta o fotógrafo ao relatar o momento que entrou ilegalmente na zona de guerra.

tvcom007
Alexandre Auler no meio da zona de conflito

Outro fato curioso que se percebe durante a apresentação de Auler é a alegria que os personagens estão nas fotos, a maioria posando. O jornalista explica que por ser brasileiro a população logo criou empatia por ele. “Eles nunca tinham visto um brasileiro. Quando me conheceram, associaram o futebol, o carnaval e a alegria da nação comigo. Aí ficou fácil me enturmar pois todos queriam conhecer o tal ‘fotógrafo brasileiro’”.

O fotógrafo conta que o maior medo dos jornalistas que estavam trabalhando lá era na parte da noite. Por não haver luz elétrica, os profissionais tinham que ficar a maior parte do tempo a luz de velas – com exceção em dias que ligavam o gerador para acessarem a internet –, em um ambiente hostil e em guerra. “Um dia, no cair da noite, 5 crianças estavam jogando bola em um terreno perto do prédio em que fiquei. Pouco tempo depois escutamos uma explosão e ficamos sabendo que elas pisaram em uma mina terrestre deixada pelo Estado Islâmico”, relata Alexandre, completando que foi um choque geral ao perceberem o quão perto o perigo estava.

Este slideshow necessita de JavaScript.

“Desde que eu voltei da guerra, eu nunca mais fui o mesmo (emocionalmente) ”, comenta Alexandre Auler

Depois da apresentação, o fotografo exibiu o trailer do longa metragem que produziu baseado nas experiências que teve na guerra da Síria. O filme mostra relatos e vídeos reais dos conflitos que acontecem no país.


Iago Moreira- 5º Período

Avatar de Desconhecido

Agência UVA é a agência experimental integrada de notícias do Curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida. Sua redação funciona na Rua Ibituruna 108, bloco B, sala 401, no campus Tijuca da UVA. Sua missão é contribuir para a formação de jornalistas com postura crítica, senso ético e consciente de sua responsabilidade social na defesa da liberdade de expressão.

1 comentário em “Se arriscando na guerra

  1. Avatar de Sérgio

    Bravo Alejandro,
    Acabo de ver seu filme, maravilhoso mostrar a luta desse povo aguerrido

Deixe um comentário