Na noite da última sexta (06), o fotógrafo – especialista em cobertura de guerra – Alexandre Auler ministrou uma palestra para os alunos de Fotografia Digital, do curso de Comunicação Social, no Campus Tijuca. Organizado pelo professor, Altayr Derrosi, o convidado contou relatos que vivenciou em zonas de conflitos reais na guerra da Síria e os impactos que esses trabalhos fizeram na própria vida pessoal. O freelancer Carlos Jr., que apresentou seu trabalho na semana passada, também estava presente.

Alexandre teve a primeira experiência em uma zona de conflito na Ucrânia. Pouco tempo depois foi para o sul da Turquia fotografar a resistência dos Curdos, frente ao ataque do Estado Islâmico. O fotógrafo conta que é preciso tomar muito cuidado, inclusive com as pessoas que são aparentemente confiáveis, pois na Turquia é comum ver jornalistas sendo raptados por guias para serem vendidos ao ISIS.
“Quando chegamos lá estava a noite, tudo escuro, e o guia falou: ‘Quando eu falar para correr, corre! ’. Já perto da fronteira estávamos abaixados e quando ele abriu a grade saímos correndo para o outro lado para alcançar o carro que estava a nossa espera. Por eu ser baixinho passei com facilidade, mas tiveram jornalistas que – somado ao nervosismo – se machucaram feio na hora da travessia. Ali é uma situação de guerra real, qualquer erro pode custar uma vida”, conta o fotógrafo ao relatar o momento que entrou ilegalmente na zona de guerra.

Outro fato curioso que se percebe durante a apresentação de Auler é a alegria que os personagens estão nas fotos, a maioria posando. O jornalista explica que por ser brasileiro a população logo criou empatia por ele. “Eles nunca tinham visto um brasileiro. Quando me conheceram, associaram o futebol, o carnaval e a alegria da nação comigo. Aí ficou fácil me enturmar pois todos queriam conhecer o tal ‘fotógrafo brasileiro’”.
O fotógrafo conta que o maior medo dos jornalistas que estavam trabalhando lá era na parte da noite. Por não haver luz elétrica, os profissionais tinham que ficar a maior parte do tempo a luz de velas – com exceção em dias que ligavam o gerador para acessarem a internet –, em um ambiente hostil e em guerra. “Um dia, no cair da noite, 5 crianças estavam jogando bola em um terreno perto do prédio em que fiquei. Pouco tempo depois escutamos uma explosão e ficamos sabendo que elas pisaram em uma mina terrestre deixada pelo Estado Islâmico”, relata Alexandre, completando que foi um choque geral ao perceberem o quão perto o perigo estava.
“Desde que eu voltei da guerra, eu nunca mais fui o mesmo (emocionalmente) ”, comenta Alexandre Auler
Depois da apresentação, o fotografo exibiu o trailer do longa metragem que produziu baseado nas experiências que teve na guerra da Síria. O filme mostra relatos e vídeos reais dos conflitos que acontecem no país.
Iago Moreira- 5º Período
Bravo Alejandro,
Acabo de ver seu filme, maravilhoso mostrar a luta desse povo aguerrido