Em março de 2020, a presença de um vírus mortal entre os brasileiros já era nítida e, com isso, houve o começo da quarentena. Essa, que muitos acreditavam que duraria apenas duas semanas, acabou tendo seu prazo estendido e dura até os dias atuais. Com o passar dos meses e a sensação de que a chegada da vacina não seria breve, os trabalhadores precisaram se reinventar, principalmente aqueles que trabalham por conta própria, os autônomos. Donos de estabelecimentos, professores particulares, cuidadores, consultores, motoristas de aplicativos, entre outros, tiveram, em sua maioria, suas vidas transformadas por conta da pandemia, alguns de forma drástica, outros de maneira moderada.

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgado neste ano constatou que, em 2020, aqueles que trabalham por conta própria foram os mais prejudicados por conta da pandemia. Em uma comparação feita entre os trabalhadores autônomos e os privados, fica evidente que, no segundo trimestre daquele ano, os independentes receberam 76% de sua renda habitual, enquanto os privados ganharam 87%. E, no quarto trimestre, os profissionais livres obtiveram 90% de seu lucro comum, ao mesmo tempo que os trabalhadores privados adquiriram 96% de seus ganhos.
“Eu tive sorte de ter conseguido abrir uma loja de estampas de assentos, porque a situação estava complicando, fora algumas dificuldades. Uma delas foi o fato de eu ter que ir a São Paulo para receber meus itens de trabalho e voltar de lá no mesmo dia, para que, assim, pudesse continuar meus afazeres”, relata a autônoma Cristina Nunes, de 39 anos, sobre suas dificuldades na pandemia da Covid-19 e como ela precisou se reinventar para se sustentar.

Foto: Acervo Pessoal
O momento vivenciado pelo Brasil já não vinha sendo bom, mas, com situação pandêmica, agravou-se ainda mais. Assim, diversos trabalhadores brasileiros, em especial aqueles que exercem atividades de forma própria, necessitaram encontrar uma solução para seu sustento.
Assim como Cristina Nunes, outros autônomos conviveram com situações críticas e incômodas desde o começo da pandemia, como a esteticista Suziane Hércules, de 32 anos. Ela afirma que, além das dificuldades financeiras, a compreensão de seus clientes em respeitar as medidas restritivas da Organização Mundial da Saúde (OMS) nem sempre existia, a ponto de ter que colocar um aviso na entrada de sua esmalteria, estabelecendo que não haveria atendimento àqueles que não estivessem usando máscaras.

Foto: Acervo Pessoal
“Já não bastavam as dificuldades financeiras que não somente eu, mas também a maior parte dos brasileiros, vem enfrentando, ainda sou obrigada a explicar o óbvio, que não há atendimento sem a mínima proteção. É falta de respeito não só comigo, mas também com os outros funcionários daqui. É complicado”, afirma a esteticista e dona do estabelecimento.
Vale ressaltar que o uso de máscaras se tornou obrigatório no Brasil desde o ano de 2020, com a chegada do Coronavírus no país. O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já afirmou que “usar máscara é obrigação”. Com a duração de sensação infinita de distanciamento social, muitos cidadãos acabam por se descuidar e deixar de se proteger corretamente de um vírus que já fez mais de 500 mil mortes em território brasileiro.

Fonte: G1-Globo
Máscaras no queixo ou abaixo do nariz ou até mesmo a não utilização delas são vistas de forma recorrente. O uso das máscaras, que já são, por conta do longo tempo de isolamento social, bastante conhecidas e presenciadas não só pelos brasileiros, mas sim por todo o mundo, é essencial na prevenção do Coronavírus. De acordo uma pesquisa realizada na Alemanha e publicada no site VoxEU, a utilização de modo correto das máscaras reduz em 40% as chances de contágio do vírus.
Bárbara de Cássia, de 51 anos, sabe bem disso. Motorista de aplicativo, ela entrou para o meio há pouco mais de dois meses, durante a pandemia, para ajudar a família e para uma melhora de renda e sustento, haja vista a circunstância que enfrentava com a pandemia no Brasil, e costuma receber passageiros que insistem em não usar máscaras.

Foto: Acervo Pessoal
“Nunca achei que pudéssemos, aqui no Brasil, ter passageiros tão mal-educados. Gente que entra no meu carro sem o uso de máscaras, quando o próprio aplicativo exige isso, ou aquelas que ficam conversando sem a utilização delas. É preocupante e, ao mesmo tempo, agoniante. No início, tolerava calada, hoje, já não permito mais”, destaca Bárbara.
O economista Benedito Adeodato faz sugestões para que estes trabalhadores possam sobreviver à pandemia: “Primeiro, é preciso que o governo crie uma linha de financiamento e apoio aos trabalhadores autônomos durante a pandemia e enquanto esse não consegue redefinir seu modelo de negócio”.
Exemplos de apoios dados pelo governo, como financiamento sem juros por 12 meses ou auxílio emergencial, foram citados pelo profissional de economia. “O governo amortece a perda até que o autônomo possa se reinventar. Em tempos de pandemia, não é fácil reinventar. O governo subsidia controladamente, acompanha o esforço do autônomo e retira o subsídio quando esse se reinventa”, explica Benedito, colocando como tarefa decisiva da área governamental fazer com que esses profissionais consigam se sustentar.
Como dito por Benedito Adeodato, “não é fácil se reinventar”, e isso fica claro e explícito ao se observar o momento vivenciado pelo Brasil e, em especial, pelos trabalhadores autônomos. É necessário haver intervenções positivas nesse quesito e cada vez mais estudos, para que apoios sejam dados a esses profissionais, com a finalidade de que eles possam se sustentar, ajudar suas famílias e proteger seus bens, tal como sua moradia, essencial e, às vezes, a um preço nada acessível para muitos brasileiros.
Leonardo Carvalho – 3º período
Parabéns, Leonardo! BJs!