Da sala de aula

Rádio mostra sua força em meio à pandemia da Covid-19

Aumento da audiência surpreende o setor de Comunicação e evidencia versatilidade do veículo em cenários atípicos no país

Agora já era, o rádio vai acabar!”, “O Streaming veio para ficar!”, “Os dias do rádio estão contados!”, “A gente tem tecnologia e internet!”, “Rádio para quê?!”. Quem nunca ouviu esses comentários por aí? Pois é, contrariando as falácias, esse meio de comunicação se fortalece a cada dia e obtém números cada vez maiores em sua audiência, especialmente nesse momento conturbado de pandemia.

Em qualquer meio e de todas as formas, o rádio ainda é um bom companheiro
Foto: Wayhomestudio

Sintonia que informa e entretém, o rádio ainda é uma das principais fontes de informação do povo brasileiro. Segundo pesquisa realizada pela Kantar Ibope Media, em setembro de 2020, 78% dos entrevistados, de 13 regiões metropolitanas, afirmaram ouvir mais as programações das rádios durante o distanciamento social ocasionado pela pandemia da Covid-19.     

Com fundamental relevância durante a pandemia, sobretudo por sua credibilidade e prestação de serviço à sociedade, o rádio, a um ano de completar seu centésimo aniversário, soube se adaptar à atual realidade e, mesmo com o surgimento das novas mídias e tecnologias, provou que consegue se reinventar, manter seu público e até ganhar novos adeptos ao meio de comunicação.

O veículo alcança diversos perfis de usuários e a média de consumo das faixas etárias mostra a capacidade que o rádio tem de conversar com diferentes audiências. Ele é acessado em diversos equipamentos: 78% ouvem rádio em casa, 18% no carro e 3% no trabalho, de acordo com o Kantar.

O Dial AM/FM como preferência

O que faz a performance do rádio ser cada vez mais positiva, em meio a uma crise sanitária, por exemplo, vai além da inovação. A pesquisa do Kantar ibope também mostra que o dial AM/FM segue como principal plataforma de consumo, com 84% dos usuários. Esse fato mostra que, mesmo com a possibilidade de consumir esse conteúdo via internet, o ouvinte não abandona a tradicional forma de ouvir rádio.

Para a locutora da Rádio Antena 1 Rio, Nayara Alves, apesar de o mundo ainda estar enfrentado uma pandemia, foi uma surpresa muito boa e, sobretudo, um momento importante na história do rádio. Considerado por muitos como uma companhia diária, o veículo é capaz de estabelecer uma interação com o ouvinte, promovendo bem-estar e tornando sua rotina mais leve e prazerosa.

“Estamos atravessando um momento delicado no país, em função da pandemia e, de certa forma, faz sentido esse aumento na audiência. As pessoas tiveram que ficar mais em casa, seja trabalhando, estudando ou fazendo outras atividades e, o rádio, embora estático, no sentido visual, proporciona a interação do locutor com o ouvinte, por meio do imaginário e a partir da linguagem utilizada”, ressalta a locutora.

Na visão de Nayara, a internet não veio competir, mas sim fortalecer esse laço do rádio com o ouvinte. “Eu faço questão de interagir com o ouvinte, por meio das redes sociais e acho muito importante esse movimento. Existe um grupo muito grande que participa e colabora com o engajamento do rádio na internet. De maneira geral, é um público respeitoso e que gosta de dividir sua rotina com a gente”, conclui.  

Locutora Nayara Alves, no estúdio da Rádio Antena 1 Rio
Foto: Roberta Gomes

O que eles ouvem?

Com números considerados bem equilibrados, diante de tantas opções e nichos disponíveis nas plataformas, pesquisas apontam que 54% dos consumidores de rádio ouvem a programação para se informar e 51% ouvem para se entreter.

Outro fator que colaborou para o crescimento da audiência do rádio é a liberdade que o ouvinte tem de fazer suas atividades, sem perder o contato com a programação. A possibilidade de ouvir o veículo de qualquer lugar estimula o consumo desse meio de comunicação.

A enfermeira Elaine Viturino, 34 anos, afirma ouvir rádio em vários momentos do dia, especialmente quando está indo para o trabalho, de manhã, no seu carro. “Eu adoro ouvir a missa pela manhã, a caminho do hospital. Sinto que meu dia começa bem e eu fico mais calma e pronta para enfrentar a jornada pesada de um hospital público, principalmente em tempos de Covid-19”, diz a jovem.

Para outros, o efeito da pandemia modificou seus hábitos quanto ao consumo de rádio. É o que relata Oruam Santos, 31 anos, motorista de aplicativo: “Eu diminuí meu consumo de rádio nesse período. Antes da pandemia, por conta do meu trabalho, eu passava o dia inteiro ouvindo rádio no carro. Agora, com a falta de clientes, eu fico mais tempo em casa e passei a ouvir mais serviços de Streaming, como Spotify”.

Oruam Santos, motorista de aplicativo, saindo para trabalhar
Foto: Acervo Pessoal

As eruditas também embarcaram na subida do ibope

A rádio MEC FM, emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), foi uma das surpresas nesse “boom” de audiência durante esse período. A rádio teve um crescimento de 40% se comparado ao mesmo período de 2020. Característica do segmento de música clássica, a rádio tem 80% da programação dedicada ao repertório da música medieval, à produção atual, brasileira e internacional. Esse foi seu melhor resultado nos últimos oito anos.

Thiago Regoto, gerente da rádio MEC, em entrevista à Agência Brasil, destacou que o desempenho se deve à singularidade da programação. “A MEC FM apresenta um repertório que nenhuma outra rádio toca. Vamos da música clássica ao jazz, passando pelo choro e a programação infantil. Em um período em que as pessoas estão mais em casa, adequamos o ritmo da programação diária para este novo momento do ouvinte, entendendo que as pessoas precisavam muito desta companhia da rádio, uma leveza nas nossas vidas”.

Nesse contexto, adulto – contemporâneo, o técnico de Automação, Rodrigo Nilo, 40 anos, se diz ouvinte assíduo desse segmento e afirma ter ouvido mais rádio nos últimos meses, especialmente no período da manhã. “Eu sempre gostei muito de ouvir rádio e, para mim, esse momento de distanciamento social só intensificou esse hábito”, destaca.

Dentre tantas alternativas para se esquivar das más notícias e aliviar o estresse, o rádio se reinventou sem perder suas raízes e foi uma das opções mais procuradas, diante desse cenário caótico. Unir entretenimento e informação, de maneira leve e inteligente, fortaleceu o elo com o público antigo, conquistou novos adeptos e alavancou a audiência em todo país. Vale a pena sintonizar.

Roberta Gomes – 3º período

Agência UVA é a agência experimental integrada de notícias do Curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida. Sua redação funciona na Rua Ibituruna 108, bloco B, sala 401, no campus Tijuca da UVA. Sua missão é contribuir para a formação de jornalistas com postura crítica, senso ético e consciente de sua responsabilidade social na defesa da liberdade de expressão.

2 comentários em “Rádio mostra sua força em meio à pandemia da Covid-19

  1. Maristela Fittipaldi

    Parabéns, Roberta! Bjs!

    • Obrigada, Professora! Fiquei muito feliz com o resultado final da matéria. Gratidão por todo aprendizado no semestre 🙂
      BjO grande!

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