Foi depois das culturas de massa, do consumo e da mídia, que a cultura pop ganhou o primeiro lugar no pódio. Esse termo surgiu na década de 50, quando começou a evolução tecnológica, principalmente dos meios de comunicação. Atualmente, o termo cultura pop é usado para nomear os assuntos que estão em alta nos debates populares. Aqui no Brasil, um dos temas mais discutidos no momento é o Big Brother Brasil, que acabou recentemente.
O reality show é tão querido pelo público que muitos brasileiros modificam a rotina para assistir ao programa. “Quando eu acordo, sempre a primeira coisa que eu vou procurar saber é o que já aconteceu no Big Brother enquanto eu estava dormindo”, afirma a técnica de enfermagem Nayara Alves, de 22 anos.
A ansiedade reinou na temporada deste ano, pois o BBB 21 foi marcado por muitas polêmicas e expôs questões como a cultura do cancelamento, a pressão psicológica e o complexo de inferioridade. Temas que estiveram muito presentes em várias discussões, tanto na internet quanto em palestras acadêmicas.
Durante a Secom, Semana da Comunicação da Universidade Veiga de Almeida, os alunos contaram com a participação do ex-BBB e influenciador, Danrley Ferreira e do pesquisador do PPGCOM, programa de pós-graduação em comunicação, da Universidade Federal de Pernambuco, Thiago Soares. Na palestra “Cancelados X Amados: Fake News, preconceito e política de cancelamento no BBB”, foi debatido como o olhar sobre o programa Big Brother Brasil mudou com o passar do tempo.
O pesquisador Thiago Soares acredita que o BBB é um produto central para pensar a cultura pop no Brasil, pois cria um ecossistema que gera como consequência a reconfiguração da própria indústria do entretenimento e a forma como as mídias de comunicação são usadas. “O programa pode ser visto como uma espécie de laboratório para se observar a realidade social brasileira”.

Assim como o pesquisador, existem pessoas que também têm esse olhar de como o programa se tornou uma mini réplica da sociedade. A artista visual Raquel Carvalho, de 64 anos, que acompanha o programa somente quando há polêmicas ou temas importantes e virão os assuntos do momento, diz: “Ali eu vejo também que há uma possibilidade de se refletir em cima daquilo que a gente está vendo”.

Foto: Acervo Pessoal
O BBB está na 21ª edição e o pesquisador Thiago Soares faz uma breve análise sobre a evolução da opinião do público a respeito do reality show. Antes, o programa era visto como uma forma de alienação, o que mudou no início dos anos 2000, quando as universidades brasileiras passaram a debater mais sobre política e a politizar questões como racismo, orientação sexual e diferenças de classes sociais. Essas discussões foram importantes para o Big Brother Brasil conquistar mais fãs e, com isso, uma relevância maior.
O pesquisador ressalta que o mundo vive uma era de performance, na qual todos estão buscando como se posicionar nas redes sociais. Nessa troca de informação, as pessoas acabam construindo diferentes critérios de julgamento, a partir dos quais vai se moldando um carácter social. As emoções que o público sente por cada participante acrescentam mais a vontade de expor opiniões nos meios de comunicação, o que acaba gerando combustível para a exclusão de determinado indivíduo, que seria a cultura do cancelamento.
A politização de temas importantes, apelidado de bandeiras, estava em alta nas edições anteriores. Em 2019, assuntos sobre posicionamento político estavam começando a tomar grande relevância no Big Brother Brasil. O ex-participante, Danrley Ferreira relembrou que a vencedora da edição de que participou, Paula von Sperling Viana, foi indiciada por intolerância religiosa ao ter atitudes preconceituosas ainda quando estava dentro da casa.

Foto: Instagram
“É muito interessante ver que quando a gente está lá dentro, não tem noção de tudo o que está rolando aqui fora”. Essa fala de Danrley mostra como o que acontece fora da casa, afeta e é afetado, pelas situações que ocorrem durante a exibição do programa. Ainda ao comentar sobre as fake news que divulgaram sobre ele, ressalta: “O público monta a imagem de que eu sou o pobrinho, que eu sou o coitadinho e que se eu não corresponder a isso lá dentro, rola tudo o que rolou no meu caso”. Esse teria sido o motivo pelo qual o influenciador foi eliminado.
Nayara também comenta a respeito disso: “As pessoas confundem muito. Um reality é para ser um entretenimento, mas elas acabam ultrapassando o limite com um fanatismo, surreal”. A técnica de enfermagem acredita que o público influencia muito o jogo, principalmente quando se junta para cancelar alguém. “Eu espero que as pessoas de fora tenham mais empatia e respeitem a família dos participantes”, conclui.
Sabrina Marques – 3º período
Parabéns, Sabrina! Bjs!
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