Cultura Geral

Um ato de resistência

Na última quarta, dia 21, aconteceu a festa de abertura do XV Festival EncontrArte, o Encontro de Teatro da Baixada Fluminense. O espaço escolhido para o evento que abre o encontro deste ano foi a Casa de Cultura de Nova Iguaçu, localizada na área central da cidade da Zona Metropolitana do estado Rio de Janeiro. Ao longo dos últimos quinze anos, o EncontrArte já realizou 248 espetáculos, 31 oficinas de qualificação, 10 seminários e 51 homenagens a artistas, além de diversos workshops. E tudo isso de maneira totalmente gratuita para a população, o que resultou na notável marca de público de 200 mil pessoas.

O coquetel foi iniciado, com um pouco de atraso, por volta das sete e quarenta e cinco da noite, no anfiteatro do complexo cultural. Todas as poltronas estavam ocupadas e havia muitas pessoas de pé na sala – além das que não puderam entrar devido à lotação e tiveram de assistir à cerimônia através do telão colocado no passei público da Casa. Nesta décima quinta edição, foi destacado o quão é difícil para grupos culturais ter um tempo de vida longevo no Brasil, principalmente em áreas afastadas da Zona Sul e do Centro da capital carioca.

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Logo, para comemorar o marco de quinze anos de trabalho bem-sucedido, a equipe do EncontrArte decidiu homenagear trinta indivíduos que têm desempenhado papéis cruciais para a manutenção, como o Secretário de Cultura de Nova Iguaçu, Wagner D’Almeida, Ricardo Motta, representante da Petrobrás – que patrocina o evento há dez anos – e André Guimarães, mais conhecido como Paçoca, o primeiro palhaço com necessidades especiais do Brasil, e que participou de todas as edições do festival.

Cada um dos homenageados que subiu ao palco recebeu uma placa comemorativa – como um troféu – dos quinze anos de vida do EncontrArte. Ao receber o memento, André Guimarães, muito emocionado, fez um breve retrospecto de sua carreira, começando pelo fato de receber esta homenagem no dia em que comemora vinte anos de carreira.

Guimarães também destacou as edições de 2006 – quando recebeu sua primeira homenagem – e 2012, que homenageou Chacrinha e na qual pôde conversar com uma das maiores divas da arte brasileira. “Recebi conselhos dessa grande atriz que, hoje, já está ‘lá em cima’, infelizmente. Elke Maravilha”, Guimarães saudou. O palhaço também aproveitou o momento de solenidade para fazer mais uma homenagem que emocionou o público. “Ao ator Domingos Montagner, que partiu nesta semana última… O grande palhaço Agenor! Fica aqui a minha homenagem”, Guimarães declarou, sendo aplaudido intensamente pelo público presente.

Ao longo de toda a cerimônia, um ponto repetido por todos os homenageados foi a falta de incentivo do governo às iniciativas culturais que não fazem parte do mainstream da produção cultural brasileira, uma vez que muitos festivais e eventos de cultura reduziram seu tamanho, foram adiados ou até mesmo extintos por falta de apoio – “e este é um problema presente não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o pais”, afirmou o secretário Wagner D’Almeida, que, assim como muitos outros, declarou que o EncontrArte “é um ato de resistência”.

Ricardo Motta, aproveitou a “deixa” para endossar a palavra de Wagner, citando um trecho da canção de um dos mestres da Música Popular Brasileira, Milton Nascimento, “Notícias do Brasil (Os Pássaros Trazem) ”, que, segundo contou Motta, seu pai costumava aludir em referência à falta de incentivo a projetos culturais fora das capitais: “Ficar de frente para o mar, de costas para o Brasil/Não vai fazer desse lugar um bom país”.

O Festival EncontrArte acontece, com apresentações de peças teatrais diárias, até o dia 30 de setembro, no Teatro do SESC Nova Iguaçu. Além disso, no dia 26, será inaugurada no Shopping Nova Iguaçu a Mostra “E Aí? – Artes Integradas”, que une expressões culturais diversas como teatro, dança, música, literatura e artes visuais. A programação completa do XV EncontrArte está disponível no site e na página do Facebook do festival.


Daniel Deroza– 4º período

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