Depois que Christopher Nolan introduziu no mundo cinematográfico um Batman muito mais sombrio ao dirigir a trilogia de “Cavalheiro das Trevas”, todos os filmes da DC Comics passaram a seguir essa mesma linha. Longas mais monocromáticos, sérios e ‘adultos’, se contrapondo as obras de sua maior concorrente, Marvel, que produz história mais coloridas, alegres e ‘infantis’. Toda essa tendência vinha sido seguida a risca, mas tudo isso acabou hoje. Data em que a empresa decidiu revolucionar e seguir uma linha mais pop. Dessa experiência nasceu “Esquadrão Suicida”.
É verdade que filmes da DC não vem sendo bem recebidos há um tempo, levando muitos fãs a acharem que a mídia está tentando sabotar a empresa americana. Todavia, o que acontece na verdade, é que a produtora gasta milhões e milhões de dólares em marketing, elevando a expectativa dos fãs e – consequentemente – dos críticos, mas na hora de entregar o produto final, o que se vê de modo geral, é uma confusão de ideias mal aproveitadas.
Contextualizando, o governo americano decide reunir uma equipe de ‘meta-humanos’ e pessoas com habilidades especiais para montar uma equipe de defesa. Porém, por se tratar de um programa proibido internacionalmente, os governantes precisam fazer isso por de baixo dos panos e ter alternativas para concertar possíveis besteiras. A solução foi reunir um grupo de bandidos que, no pior dos casos, seriam culpados pelas missões. E se a ordem fosse seguida a risca, teriam suas penas reduzidas.
O problema é que em um determinado momento da trama, um problema muito maior aparece, algo que não estavam nos planos dos governantes. Para solucionar a adversidade, a equipe precisa se reunir ainda mais rápido e combater o mau. Se tudo isso não fosse suficiente, diversos outros obstáculos surgem no caminho dos personagens principais para atrapalhar a missão.
Até ai nada de diferente de velhas histórias de heróis… E é tudo igual mesmo!
O roteiro não é criativo e parece tentar colocar algumas piadas no meio da trama para tentar fazer com que o espectador não se sinta entediado. Isso sem falar que os tais ‘vilões’ são mais bondosos que voluntários da igreja. O desenvolvimento foi tão mal feito que a maioria dos personagens não possuem nenhum tipo de aprofundamento e foca todas as atenções nas maiores estrelas do elenco. Margot Robbie e, é claro, Will Smith.
Jared Leto – que deu dezenas de entrevistas falando que se envolveu tanto com o personagem que interpretou que não conseguia mais sair do papel – não convence. A verdade é que as únicas cenas do Coringa que precisam existir são as que explicam a transformação da Drª. Harleen Quinzel em Arlequina, as outras são extremamente desnecessárias. A personagem feminina, inclusive, também foi afetada por erros de roteiro, principalmente nas excessivas partes que fica repetindo que é louca, mesmo isso estando claro durante toda história.

Mas ninguém teve mais cenas extras do que Will Smith. O ator, que é um dos mais amados pelos brasileiros, até atua muito bem, mas a persistência em desenvolver sua sub-trama pessoal é tanta, que acaba não dando espaço para o resto do time. Com isso, o tal “Esquadrão”, acaba sendo só uma turminha que segue as ordens do Deadshot (personagem que o artista interpreta no filme).
David Ayer – famoso por comandar o recente filme “Corações de Ferro”, de Brad Pitt – foi capa dos sites de notícias internacionais ao mandar a Marvel “ir para aquele lugar…” semana passada. Essa atitude, que na verdade foi uma grande propaganda, o deixou em uma posição delicada, uma vez que se não entregasse um bom trabalho, ia ser fortemente criticado. Bom, o resultado todos já sabem. O diretor e escritor não conseguiu evitar a avalanche de críticas e está vendo sua obra conseguir somente 29% de aprovação no Rotten Tomatoes, site americano que mede as notas de sites de cinema internacionais, até o momento (dia do lançamento desse texto).
No fim das contas “Esquadrão Suicida” só vai agradar aos super fãs da DC, ao público que gosta desse visual mais colorido e aos jovens que adoram os artistas do caríssimo elenco. Para todo o resto, é bem possível que o longa ganhe o título de pior blockbuster do ano. E como último comentário: não saia do cinema quando começarem os créditos, pois existem mais cenas no fim, importantes para a construção do universo de heróis da DC.
Iago Moreira- 5º Período
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