Jornalista conta sua história e fala sobre o futuro do jornalismo.

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Jornalista Sidney Rezende

Sidney Rezende deixou de ser um nome. Virou uma marca de sucesso, pessoal e profissional. Este triunfo tem uma receita: muita dedicação e prazer no que faz e uma mente criativa e aberta para a inovação. “Quanto mais parado for o profissional, menos ele vai acompanhar as mudanças. Quanto mais sensível ele estiver à técnica, ao conhecimento, à leitura e ao mundo, mais sintonizado (com as mudanças) ele vai estar”, completa o jornalista.

O jornalista já foi âncora e um dos fundadores da CBN, apresentador do jornal “Em cima da Hora”, na Globo News, e dos telejornais” Bom Dia Rio”, da Rede Globo e “Brasil TV”, na Globo. Sidney acumulou todas essas funções no decorrer de sua carreira, porém – atualmente – dirige o próprio portal de notícias, o SRZD.

Como tudo começou…

Sidney iniciou sua carreira na área de comunicação trabalhando na famosa rádio “Roquette Pinto”. “Todo primeiro trabalho é marcado com emoção, muita expectativa. Você fica muito motivado. Eu estudava na PUC e uma amiga conseguiu essa oportunidade em um programa pela manhã, chamado ‘Gente da Terra. Terra da Gente’, na Rádio Roquette Pinto, aqui no Rio de Janeiro”, disse o apresentador.

“O programa objetivava o público agricultor, tocando músicas caipiras, que mais tarde vieram a ser conhecidas como músicas sertanejas e passava informações para o homem do campo – como arar, como plantar, que defensivos usar ou não e explicava a legislação agrícola – e foi assim o começo de tudo”, conta Sidney.

Testemunha da transição dos veículos comunicativos, rádio à televisão, o hoje apresentador Sidney Rezende conta como foi sair da radiodifusão e logo em seguida virar âncora de um telejornal, superando os desafios de adaptação e de adequação de linguagens.

Como rádio não usa imagens, é preciso ter uma boa dicção e explicar a notícia de uma maneira simples e direta para que os ouvintes possam entender. Na televisão o processo é diferente, uma vez que a imagem já mostra os detalhes de um assunto e não é preciso narrar tudo, pois – segundo o comunicador – a comunicação fica muito enfadonha e não atrai a atenção do espectador.

Tenho um colega, o Tino Marcos, que é um colega de esportes, que acha que a televisão e o rádio não são primos não. Ele não vê essa ligação. Eu já vejo. É mais fácil alguém que trabalha em rádio se adaptar à TV, do que alguém de TV se adaptar ao rádio. Alguém de jornal e revista se adaptar à televisão já é mais difícil porque são coisas bem diferentes. Agora, quem já faz rádio, já trabalha com áudio, é só entender a imagem”, explica o jornalista.

Rádio na internet

Com anos de experiência no meio, o radialista, agora, presencia o surgimento dos podcast’s que, para muitos, representa a extinção do rádio, mas não para Sidney: “Se você hoje tem uma reportagem que possa usar fotos, áudio, vídeo e conteúdo escrito, melhor. Quanto mais dados, elementos você tiver para apresentar a notícia, melhor será”.

O rádio possui uma característica própria e na internet tem outros espaços que podem aceitar o rádio como ele é conhecido atualmente. O podcast acaba sendo uma ferramenta a mais, que pode ser usada na comunicação”, explica o comunicólogo.

Com convergência digital, os veículos de rádio e televisão começaram a investir muito no conteúdo para ser postado na rede. “Não acho que a internet seja um complemento, acho que ela seja o oposto, um todo; quer dizer, os demais se tornaram um complemento para a internet. Então, rádio, televisão, jornal, informações em geral, entretenimento, vídeos, tudo isso, passou a ter como plataforma de exposição a internet, a web. Então esses outros veículos e meios é que a se adaptaram à realidade de uma plataforma mais ampla. A partir daí nós temos uma rearrumação”, afirma Sidney.

Segundo o apresentador, “as mudanças normalmente se davam na história de 40 em 40 anos. Hoje não sabemos dizer ao certo de quanto tempo se dão, mas podemos garantir que a cada cinco anos se tem uma evolução enorme. Um grande exemplo de evolução é o celular. Quem diria que um celular fosse ocupar esse espaço que hoje ocupa? Ao ponto de você andar por uma avenida como a Rio Branco e ver mais gente olhando aquele aparelhinho do que para a rua? ”.

O site SRZD

O celular tomou uma outra proporção, a mobilidade, a comunicação move além do celular. Ela realmente chegou conquistando e mudando a forma de trabalho em diversas áreas. Toda essa tecnologia não existia há cinco ou dez anos como existe nos dias de hoje. Podendo notar também, que atualmente as pessoas leem e escrevem cada vez menos, e agora, com o advento da tecnologia, a fala tomou o lugar da escrita. Então, você não precisa ter dúvida se a palavra é escrita de maneira correta, se é com s ou com z, basta que você fale.  “Estamos usando mais a fala do que a escrita. Isso é bom? Isso é ruim? Toda mudança tem seu período de adaptação. Nós vamos saber mais adiante o reflexo disso tudo”, afirma o jornalista.

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Design do site SRZD

O ponto de partida para Sidney Rezende fazer a migração para a internet foi o filho, Chico Rezende, que tem seu próprio canal de vídeos na internet. “O site ‘SRZD’ completa dez anos de existência no dia 23 de maio de 2016. Então, uma coisa que você pensa ser uma solução de curto prazo se torna um projeto sólido de médio e longo prazos. O Portal SRZD é uma fonte de notícias sobre tudo que acontece atualmente no Brasil e no mundo”, segundo o jornalista.

Com o intuito de ser diferente, a equipe do site criou o conceito “Um Olhar Diferente”, buscando ver a mesma notícia de um outro ângulo, procurando ver o que está por trás do fato. Depois de muita pesquisa, a produção do site chegou ao futebol da 2ª divisão e passou a divulgar notas sobre clubes de pequeno, fato inédito na época e raro até os dias atuais. Com o intuito de atrair os mais diversos públicos, a redação passou a cobrir festas, competições e desfiles no carnaval.

Jornalismo multitarefas

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Sidney Rezende

A previsão do futuro para o jornalismo é a famosa “multi-função”, na verdade, essa função já estão sendo posta em prática em diversas redações. O profissional que só se dedicava à uma função, hoje em dia, faz cada vez mais coisas ao mesmo tempo e teve que aprender a conviver com pessoas de outras áreas. Com isso, o profissional de comunicação – aquele que realmente estuda ou estudará para isso – terá uma vantagem no mercado.

Ou seja, quanto mais parado for o profissional, menos ele irá acompanhar as mudanças do mercado. Quanto mais sensível ele estiver à técnica, ao conhecimento, à leitura e ao mundo, mais sintonizado ele vai estar. No quadro atual um jornalista pode ser só fotógrafo, só redator ou só repórter, mas é claro que o espaço no mercado vai diminuir, por isso é importante ser bom em tudo. “Quanto mais amplo os espaços, maior a possibilidade de você projetar o seu trabalho. Isso quer dizer que se você puder fotografar, redigir, refletir, pesquisar, apurar e apresentar, melhor. E não necessariamente dentro de um modelo específico. Hoje em dia você pode se apresentar de qualquer forma. A internet possibilita isso”, conclui o jornalista Sidney Resende.


Confira a entrevista completa com o jornalista:


Brigida Brito- 6º Período

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Agência UVA é a agência experimental integrada de notícias do Curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida. Sua redação funciona na Rua Ibituruna 108, bloco B, sala 401, no campus Tijuca da UVA. Sua missão é contribuir para a formação de jornalistas com postura crítica, senso ético e consciente de sua responsabilidade social na defesa da liberdade de expressão.

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