A festa de comemoração dos 450 anos do Rio de Janeiro está com programação intensa, em diversas áreas da cidade. Do dia 31 de Agosto a 4 de Setembro, foi a vez do Arquivo Nacional prestar homenagem aos cariocas, através de um seminário, gratuito, com a partic
ipação de pesquisadores e professores em diversas áreas do conhecimento. O objetivo era traçar o perfil do Rio, levando em conta o estudo das transformações urbanas, movimentos políticos, manifestações culturais, e registros do cotidiano diário.
O auditório do Arquivo Nacional recebeu um público de cerca de 275 pessoas para prestigiar o evento capaz de analisar o Rio de Janeiro sob diversos angulos. “Como a gente quis fazer uma discussão interdisciplinar, limitamos com pessoas que não necessariamente tenham trabalhado com o acervo. Pensamos em assuntos que fossem relevantes para se discutir a cidade atual. Todos os seminários foram muito bons. Já nos primeiros dias, o auditório quase lotou”, relata a pesquisadora do Arquivo Nacional, Viviane Gouveia.
Um dos aspectos marcantes do seminário foi a interação dos palestrantes com o restantes dos presentes. Cada orador tinha um modo próprio de se conectar com o público, ao mesmo tempo em que transmitia o conhecimento adquirido. “O que mais me chamou atenção nas palestras foi quando o professor Naylor Barbosa, da UFRJ mostrou um programa em 3D, criado por ele. Foi muito legal poder ver a cidade do Rio de Janeiro sendo reconstruída diante de nós. Foi possível ver como eram os monumentos da cidade e comparar com a disposição atual’, afirma a aluna de a
arquitetura, Natália Garcia.
Andrea Maia, professora da UFRJ, expôs um estudo detalhado sobre as inundações do Rio de janeiro desde a sua fundação, por meio de relatos memorialistas e literários da imprensa em geral. “A chuva, por intensa que seja é parte da natureza. Já a enchente é um problema histórico e social. E a modernidade urbana acentuava esse impacto. A modernização do RJ criou, além de tudo, espaços desiguais em termo de vulnerabilidade nas águas, nos quais os mais pobres estavam mais vulneráveis que outros”, mencionou Andrea.
Aline Novaes, professora da PUC-Rio pautou a análise em relação aos primeiros registros jornalísticos e literários, além da importância deles para a formação do pensamento crítico. Paulo Barreto é mencionado pela oradora como um exemplo de cronista a frente do seu tempo, pois costumava fazer denúncias a assuntos pouco questionados, como a exploração dos trabalhadores e os problemas causados pelas enchentes.
O seminário abordou temas como imigrações, lógicas de ocupação e transformação do espaço urbano, imagens e narrativas que contam a história da cidade, opressão e resistência durante a ditadura militar, além do papel da cartografia para se compreender o Rio. Desse modo, foi possível ter uma visão bem ampla do Rio de Janeiro, por conta da diversidade de áreas de estudo exploradas nas palestras.
Luiza Esteves
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