Desafiados a reescrever novas versões para os tradicionais contos de fadas, a partir da leitura da crônica “Versões” de Luis Fernando Veríssimo, publicada em sua coluna n’O GLOBO este ano, os alunos de Comunicação & Discurso produziram textos interessantes – confira abaixo e em outros trabalhos que já estão aqui no Beco (Prof. Sandra Machado)
Roberta Oliveira e Flávio Caland
Branca de Neve era uma pessoa muito delicada e gentil, mas se contrariada virava uma fera. Ela vivia com sua madrasta, que a tratava mal, e não aguentando mais a sua rigidez, fugiu do castelo, indo parar numa república de estudantes anões.
Sua madrasta, revoltada, tentou matá-la com uma mandinga, mas sem sucesso, fazendo com que Branca adormecesse e somente pudesse acordar com um beijo da pessoa ideal.
Os anões, vendo sua situação de semimorta, chamaram todos os príncipes do reino que estavam disponíveis, mas nenhum conseguiu acordá-la. De repente, o anão mais atrapalhado da república tropeçou e caiu de boca nos lábios de Branca, fazendo-a despertar do sono profundo.
Hoje, Branca é casada com esse anão atrapalhado, chamado Dunga que, além disso, é mudo. Por isso, ele é o príncipe perfeito para Branca, já que não pode falar besteira e nem mandar na vida dela, deixando-a livre, leve e solta.
Em outro reino distante, havia uma princesa chamada Nevinha, filha de um rei bem liberal, que se casou com uma mulher muito severa e vaidosa. Com o passar do tempo o rei sofreu uma doença grave e morreu. A madrasta, então, assumiu o trono, pois o rei não tinha um filho homem para sucedê-lo. Nevinha tinha um jeito um pouco diferente de agir, gostava de coisas que não eram normais para uma menina parecendo, assim, se interessar mais por atitudes masculinas.
Como era muito vaidosa, sua madrasta se consultava com a deusa da beleza do seu reino, querendo, assim, ser aclamada a mais bela mulher do mundo. E todas as vezes que se consultava era surpreendida com a informação de que Nevinha era a mulher mais bela, o que deixava a rainha louca de raiva.
Pensando em uma forma de acabar com isso e tirar o posto de mais bela de Nevinha, sua madrasta bolou um plano para envergonhá-la e comprometer o prestígio da princesa. Como nevinha demonstrava pouco interesse em se relacionar com os homens em busca de um casamento, sua madrasta fez uma proposta bem sedutora à menina, dizendo que, se ela se casasse com a rainha, ela passaria assim a tomar o lugar do rei em um reinado liberal.
Sendo assim, a deusa da beleza não reconheceria mais Nevinha como a mulher mais bela, pois passaria a ser vista por todos como uma “mulher masculina”.
A proposta mexeu com Nevinha, pois ela viu uma possibilidade de assumir a sua verdadeira identidade, que era o desejo de ser homem, e o trono deixado por seu pai.
Após o casamento viveram felizes para sempre. Nevinha como rei, aclamada e reconhecida pelo povo, e a madrasta reconhecida pela deusa da beleza como a mulher mais bela do mundo.
Em outra época, uma jovem bela, chamada Branquinha, fugiu da casa de seus pais, pois era proibida de comer o que mais gostava: as trufas encantadas dos anões. Elas eram fabricadas no meio da floresta.
O desejo de Branquinha pelas trufas era tão forte que ela foi ao encontro dos anões, onde queria descobrir a receita tão maravilhosa, depois de ver uma campanha super poderosa para o consumo das trufas em todo o reino.
Quando ela soube que os anões não lhe passariam a informação, apesar de ela ser filha do rei, ficou desesperada e bolou um plano para roubar a tal fórmula.
Mas quando colocava seu plano em prática, foi descoberta pelo anão Zangado que, como castigo, a trancou em um quarto feito de trufas onde, não se contendo diante de toda a tentação do chocolate, devorou todas as paredes e objetos.
No fim do dia os anões voltaram e encontraram Branquinha morta e com a barriga inchada. Todos ficaram em pânico, pois se tratava da filha do rei e pensaram, então, numa forma de ressuscitá-la. Descobriram, assim, que, se fosse beijada pelo Coelhinho – que era a logomarca das trufas e representava a fábrica – retornaria à vida.
Fizeram uma campanha na cidade à procura do coelho mágico que foi um sucesso e teve grande repercussão no reino e chegou ao conhecimento do pai. Ele, então, mandou levarem ao local seu coelhinho de estimação que, depois de várias tentativas dos anões, foi o único que conseguiu despertá-la. Depois disso, ela nunca mais quis saber de comer trufas, mas ganhou, junto com o coelhinho, a função de garota propaganda da fábrica e sócia dos anões, integrando a marca das trufas mais poderosa do mundo.
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