Cultura Literatura

Entre festas e mansões, “A Convidada” revela o vazio e a vulnerabilidade de uma protagonista sem rumo

Emma Cline constrói um romance hipnótico sobre pertencimento e a autodestruição de uma jovem à deriva em meio à uma sociedade desigual

Em “A Convidada”, lançamento de Emma Cline, o leitor acompanha Alex, uma jovem de 22 anos que, após ser dispensada pelo homem mais velho com quem passava o verão em Long Island, decide permanecer entre as festas e mansões da ilha, mesmo sem ter onde ficar. Movida pelo desejo de pertencimento, ela se infiltra nesse mundo de privilégios usando apenas sua habilidade de manipular e se adaptar, ainda que suas escolhas deixem marcas em todos ao seu redor.

O romance deixa um gosto amargo no leitor: é uma reflexão sobre desigualdade social, solidão e, sobretudo, sobre a condição das mulheres à margem da sociedade. Alex, que se tornou acompanhante em Nova York para sobreviver, molda-se às expectativas alheias e apaga traços de si mesma na tentativa de ser aceita. Ao longo da narrativa, Cline constrói uma protagonista ao mesmo tempo sedutora e incômoda, capaz de despertar empatia em um instante e repulsa no seguinte.

A autora, no entanto, opta por não revelar o passado da personagem, deixando no ar perguntas fundamentais: quais traumas moldaram Alex? O que a levou a essa espiral de autodestruição? Essa escolha se soma ao final aberto, que divide os leitores e amplia a sensação de incerteza.

Emma Cline, autora de “A convidada” e “As garotas”. (Foto: Divulgação/ Intrínseca)

Com capítulos extensos, escrita afiada e atmosfera densa, Cline constrói um romance hipnótico que explora temas como drogas, manipulação e identidade. Mais do que acompanhar a jornada de Alex, “A Convidada” é um mergulho desconfortável em um mundo de excessos, daqueles livros difíceis de largar, mas impossíveis de esquecer. O título é o novo lançamento da editora Intrínseca e já está disponível em todas as livrarias.

Foto de capa: Divulgação/Emma Cline

Resenha de Luisa Lucas, com edição de texto de Cássia Verly

LEIA TAMBÉM: “Querida Tia” emociona com reviravoltas familiares mas peca pelo excesso de enredos

LEIA TAMBÉM: “A loja de cartas de Seul” narra encontros que surgem por meio da escrita

2 comentários em “Entre festas e mansões, “A Convidada” revela o vazio e a vulnerabilidade de uma protagonista sem rumo

  1. Pingback: “A Última Carta” é devastador, mas irresistível | Agência UVA

  2. Pingback: “Filhos de Sangue e Osso” mistura romance com guerra e explica o candomblé e suas raízes | Agência UVA

Deixe um comentário