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Conheça 10 artistas trans que mudaram a história da música

No mês do Orgulho, a Agência UVA honra a música de artistas trans em uma lista especial

Junho é mês do Orgulho LGBTQIAPN+, dedicado ao pertencimento, acolhimento, conscientização e luta pelos direitos da comunidade. Uma das letras mais invisibilizadas da sigla é das pessoas trans, que engloba pessoas cuja identidade de gênero diferem do gênero estabelecido no nascimento. Nos primórdios da luta pelos direitos da comunidade, mulheres trans, como Marsha P. Johnson na Rebelião de Stonewall, lutaram na frente pelo direito de um todo.

Nas artes e na música, muitas delas foram precursoras de vários estilos e sub-gêneros musicais, como Wendy Carlos, Honey Dijon, SOPHIE e Arca na música eletrônica. Além disso, várias personalidades se tornaram referência de representatividade para a comunidade trans, como Liniker, a primeira mulher trans à vencer um Grammy Latino. Nesta lista especial, a equipe da Agência UVA resgata e homenageia alguns desses nomes já mencionados e mais outros. Em suas músicas, elas trazem ideias de pertencimento e acolhimento da comunidade, junto com suas experiências enquanto pessoas trans.

Wendy Carlos

Carlos é uma das mais revolucionárias compositoras e produtoras musicais do século XX. Nascida em 1939, ela é considerada a matriarca da música eletrônica e uma das pioneiras no uso de sintetizadores, muita das vezes idealizados e criados por si própria. Com Roberto Moog, Wendy Carlos criou o primeiro sintetizador vendido comercialmente, o Moog. Ela tem três Grammys em seu currículo e participou de trilhas de “Laranja Mecânica” e “O Iluminado”, de Stanley Kubrick. 

Wendy Carlos é conhecida pela participação em trilhas sonoras cinematográficas, utilizando de bases eruditas de Bach, Beethoven e composições próprias atráves de sintetizadores. (Foto: Reprodução/El País)

SOPHIE

SOPHIE foi outra revolucionária para a música eletrônica, mas também para a música pop. A artista britânica deixou seu legado na música por suas batidas contagiantes, pegajosas e barulhentas. Sua estreia foi com a mixtape “PRODUCT”, da qual chamou a atenção da mídia especializada, e a canção “LEMONADE” foi trilha para um comercial do McDonalds. Em 2018, ela lança “OIL OF EVERY PEARLS’S UN-INSIDES” (Transgressive, 2018), um marco de sua expressão artística e libertação queer com canções como “Ponyboy” e “Immaterial”. Em 2021, SOPHIE faleceu em um acidente doméstico e deixou um legado para fãs de pop, de música eletrônica e para a comunidade trans.

Seu currículo tem produções para Madonna, Charli xcx, Kim Petras e Vince Staples, além de trabalhos não lançados de Rihanna, Lady Gaga e HAIM. (Foto: Reprodução/Youtube)

Liniker

Antes de seu grande sucesso comercial pelo Brasil e mundo afora, Liniker, com sua antiga banda Os Caramelows, começaram com a publicação de vídeos com apresentações ao vivo pelo Youtube. O viral foi rápido, e entre 2016 e 2019, Liniker lança dois álbuns com sua banda, “Remonta” (Pomm_elo, 2016) e “Goela abaixo” (2019). Em 2021, Liniker começa sua carreira solo com o álbum “Indigo Borboleta Anil” (Independente, 2021), no qual venceu o Grammy Latino no ano seguinte. Em 2024, lançou “Caju”, do qual atingiu o mainstream, especialmente com a faixa-título.

Em suas músicas, a artista paulistana fala sobre amor, resistência, pertencimento e identidade de forma poética e apaixonante com sua potente voz. (Foto: Reprodução/SE79)

Arca

Assim como SOPHIE, a diva experimental da Venezuela Arca tem sua identidade musical marcada na indústria fonográfica atual. Alejandra Ghersi, mulher trans não-binária, cantora e produtora de música eletrônica e industrial, já produziu, colaborou e remixou para artistas como Björk, Kanye West, FKA twigs, Kelela, Lady Gaga, Rosalía, Frank Ocean, Ryuichi Sakamoto e Lil Uzi Vert. Entre 2020 e 2021, atingiu um ápice de aclamação crítica com a pentalogia de álbuns “KiCK”, na qual abordava de forma mais aberta sua não-binariedade e identidade gênero.

Arca também ficou conhecida por suas parcerias em álbuns inteiros com Björk, como “Vulnicura” e “Utopia” (One Little Independent, 2014, 2019). (Foto: Reprodução/The Line of Best Fit)

Linn da Quebrada

Lina Pereira dos Santos, cantora, rapper, produtora e compositora é uma referência para artistas trans no Brasil. Paulistana e criada na Zona Leste de São Paulo, ela ganhou notoriedade com seu primeiro álbum de estúdio, “Pajubá”, lançado de forma independente em 2017, e do qual recebeu aclamação da crítica especializada. Em 2021, Linn lança “Trava-Línguas” seu segundo trabalho de estúdio também aclamado pela mídia especializada. Em 2023, Lina atinge as massas e o mainstream com sua participação no Big Brother Brasil.

As rimas perfurantes de Linn da Quebrada deram voz à vulnerabilidade de pessoas queer, pretas e periféricas. (Foto: Reprodução/UOL)

Honey Dijon

DJ de Chicago e mulher trans preta, Honey Dijon possui mais de vinte anos de carreira na house music. Desde os anos 2000, ela já produziu e remixou para artistas como Beyoncé, Lady Gaga e Madonna. Honey, nascida e criada no berço da house, é uma figura marcante além de suas produções dançantes para as pistas. Ela também lembra com frequência as origens negras e LGBTQIAPN+ da house. Hoje em dia, ela é um dos nomes mais requisitados do gênero eletrônico, com dois álbuns de estúdios: “The Best of Both Worlds” (Classic, 2018) e “Black Girl Magic” (Classic, 2022).

Madonna considerou Honey Dijon como sua “DJ favorita do mundo”. (Foto: Reprodução/Insomniac)

ANOHNI

ANOHNI é uma cantora e compositora inglesa conhecida por sua banda ANOHNI and the Johnsons. Ela, com sua voz grave e exuberante, mescla estilos que vão do soul, jazz e pop orquestrado. Nos anos 2000, ANOHNI and the Johnson atingiu sucesso no meio indie, especialmente com o álbum “I Am a Bird Now” (Secretly Canadian, 2005). Este foi o segundo trabalho da banda com parcerias com Lou Reed, Boy George e Rufus Wainwright, e vencedor do Mercury Prize de Álbum do Ano. Em 2016, ela lança seu primeiro álbum solo, “Hopelessness” (Secretly Canadian) e, também, se torna a primeira artista trans assumida a ser indicada ao Oscar. 

A cantora iniciou sua carreira nos anos 1990, com o coletivo musical performático Black Lips e sua parceria com The Johnsons começou com uma contribuição com o compositor de vanguarda William Basinski. (Foto: Reprodução/Popload)

Urias

De Uberlândia, Minas Gerais, para o Brasil e o mundo, Urias é um dos principais nomes do pop LGBTQIAPN+ brasileiro atual. Hoje, ela é presença garantida em programas de auditório e festivais brasileiros, mas antes ela começou com covers publicados em seu Youtube. Lançou seu primeiro EP, “URIAS” em 2019, e já lançou mais dois álbuns de estúdio: “Fúria” (Mataderos, 2022) e “HER MIND” (Mataderos, 2023), do qual mistura vários idiomas.

Urias, também, é uma das melhores amigas de Pabllo Vittar. Ambas se conheceram na faculdade e começaram suas carreiras musicais na mesma época. (Foto: Reprodução/Terra)

Irmãs de Pau

“Chegou, Irmãs de Pau!” Apesar do nome, a dupla paulistana Isma Almeida e Vita Pereira não são irmãs de parentesco, mas sim no sentido de irmandade e acolhimento da comunidade LGBTQIAPN+. Ambas se conheceram no colégio e firmaram laços nas ocupações contra a reforma educacional do governo de Geraldo Alckminn. Hoje em dia, são um nome emergente do funk mandelão, ou funk paulista. Já lançaram três álbuns: “Dotadas” (Independente, 2021) e “Gambiarra Chic, Pt.1” (2024) e “Pt. 2” (2025).

As Irmãs de Pau já colaboraram com remixes de Pabllo Vittar e Sevdaliza. (Foto: Reprodução/FFW)

Big Freedia

Big Freedia é um dos grandes nomes do bounce, estilo de hip hop “saltitante” de Nova Orleans, Louisiana. Ela cresceu em corais de Igreja e começou no rap no final dos anos 1990, quando lançou seu primeiro álbum. Desde então, se tornou uma das figuras centrais do estilo que ajudou a desenvolver, levando para além de Nova Orleans. Freedia possui colaborações com RuPaul, Kesha, Lady Gaga e Charli xcx. 

Freedia tem samples seus utilizados em canções famosas, como “Formation” e “Break My Soul” de Beyoncé. (Foto: Reprodução/Tipitinas)

Foto de capa: SOPHIE/Divulgação

Reportagem de Vinicius Corrêa, com edição de texto de João Agner

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