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É fácil se identificar com as músicas da Taylor Swift

A jornalista relata como crescer com a cantora de sucesso mundial Taylor Swift foi inspirador

Por Juliana Ramos

Se identificar com as músicas de Taylor Swift é muito fácil, e não estou falando apenas de relacionamentos amorosos. Apesar de já conhecê-la e gostar de suas músicas de grande sucesso como “You Belong With Me” e “Love Story”, minha história com Taylor começa quando o álbum “Red” é lançado, em 2012. Com o CD físico em mãos e com um rádio, coincidentemente da cor vermelha, eu cantava e dançava as músicas no quarto onde passei a maior parte da minha infância e adolescência, no bairro de Irajá, na cidade do Rio de Janeiro.

Com um pôster da Taylor na porta do meu armário, que vinha de revistas quando ainda faziam sucesso, eu desejava comprar tudo que estava relacionado a ela. Com o apoio da minha mãe em minha obsessão, ela sempre comprava essas coisas quando eu pedia, e graças à ela, tive a oportunidade de ter isso.

CD “Red” atualmente.
(Foto: Juliana Ramos / Acervo pessoal)

O ambiente escolar pode ser muito cruel para muitas crianças e adolescentes, e não foi diferente para mim. Com implicações e assédio vindo por parte de meninos da minha turma, consegui passar por cima disso tudo sendo fã dela e da inspiração que ela me dava. A forma que ela conseguia passar pelas dificuldades da vida e não deixar ninguém a derrubar foi uma inspiração para eu fazer o mesmo por mim. Músicas como “Mean” e “Stay Beautiful” fizeram com que meus dias ficassem melhores e passasse pelas batalhas da vida como uma menina vencedora.

Eu era muito nova e não sabia muito sobre feminismo, mas pelos meus quinze anos comecei a pesquisar e estudar sobre, e tudo que eu estava passando começou a fazer sentido. Confesso que fiquei com muita raiva do mundo e das pessoas, principalmente meninos e homens. Nunca tinha me dado bem com o sexo oposto, nem cheguei a ter amizades com eles; para mim eles eram apenas cruéis.

2014 foi o ano mais importante para mim como fã da Taylor. Com o lançamento de seu álbum de sucesso “1989”, fiquei ainda mais feliz em ser fã dela. Lembro-me como se fosse hoje, ouvindo o disco e prestando atenção nas letras das músicas durante os intervalos das aulas. Escutá-las me fazia bem, eu me agarrava aos significados de cada uma e, de alguma forma, me encaixava como se fosse sobre mim. Eu ainda adorava ficar criando teorias sobre as músicas do 1989 com outros Swifties nas redes sociais e passar horas lendo as que outros fãs criaram. Era a minha diversão.

Passei um tempo afastada de Taylor e das notícias sobre ela. Foi algo que aconteceu naturalmente, pois estava dando mais importância aos idols de K-pop, devo confessar. Crescer é encarar a realidade dura e fria sobre o mundo, e isso inclui o país norte-americano. Com conhecimentos mais aprofundados, a verdade dos Estados Unidos e o brilho se apagando do sonho americano, mesmo sem já ter desejado construir minha vida no país, foi mais um motivo para não dar muita importância aos artistas de lá. Entretanto, era a Taylor; eu sabia que não podia deixar de apoiá-la e que sempre a admiraria. Em 2022, com o anúncio de “Midnights”, voltei a acompanhar sua carreira. Não quero tirar Taylor totalmente da minha vida, já que temos uma linda história juntas. 

Em 2023, finalmente ouvi ao vivo as músicas de todas as eras pelas quais sou extremamente apaixonada. Fiquei alguns dias sem acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Mesmo que não tenha sido há muito tempo, ainda lembro quando eu chegou a minha vez de entrar no estádio com o ingresso. Eu o segurava como se minha vida dependesse dele, e bom, naquele momento dependia. Assim que ele foi aprovado, eu comecei a chorar de alívio, felicidade e que finalmente eu poderia deixar a ansiedade e preocupação do meu corpo e mente. Chorando, eu e minha irmã subimos a rampa do estádio com o coração leve, mas acelerado para assistir o show.

Como mágica aos meus olhos e ouvidos, eu finalmente estava vendo Taylor Swift ao vivo, mesmo que de longe, mas o que importava para mim era estar lá. Quando Taylor subiu no palco, me senti em um filme. O mundo pareceu parar, um arrepio subiu no meu corpo inteiro, lágrimas de emoção caiam em meu rosto frio, e minha mão, que segurava o celular filmando, tremia com todas sensações que eu sentia ao mesmo tempo e com pulos que eu dava. O dia 19 de novembro de 2023 ficará marcado no meu coração como a memória mais mágica e surreal que guardo. 

Taylor é uma grande escritora, e sua capacidade de se expressar nas letras de suas músicas sempre foi uma grande referência para eu fazer o mesmo. Gosto de escrever desde que eu era muito nova, tenho o sonho é publicar livros com minhas histórias fictícias e poesias. Com o passar da vida, eu sempre caía no bloqueio criativo, e acabei deixando a escrita pessoal de lado. Porém, a chegada do álbum “The Tortured Poets Department” me deu animação para voltar a escrever poemas, pegando as minhas recentes histórias da vida e todos os meus sentimentos. Mas, Taylor? Talvez eu não consiga fazer isso de coração partido, preciso dele inteiro.

Como eu disse no começo, é fácil se identificar com as músicas de Taylor, e não precisa ser apenas com as relacionadas a amor. Sim, de fato, ela escreve músicas sobre seus ex-namorados, e em um mundo machista e sexista, ela foi e ainda é muito julgada por isso. A verdade é que as pessoas esquecem da parte mais importante: ela escreve músicas sobre ela mesma, sobre suas histórias e seus sentimentos, e é por isso que eu e muitos fãs nos identificamos com ela. Uma grande mulher com uma carreira gigante, com uma história de vida inspiradora, e um exemplo de força para muitas meninas e mulheres atualmente. Isso é o que importa.

Capa: Divulgação/TaylorNation

Crônica de Juliana Ramos, com edição de texto de João Agner

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