No último sábado (09), a edição comemorativa de 40 anos da Bienal do Livro no Rio de Janeiro recebeu no palco Palavra-Chave os autores Vitor Martins e Stefano Volp, e a ilustradora Luiza de Souza, conhecida na internet como “IlustraLu”, para uma conversa mediada pela também escritora Cinthia Zagatto. A palestra “Mais que um autor” discutiu as diversas funções que um escritor pode exercer para além da escrita.

Ao iniciar a conversa falando sobre suas trajetórias, todos os escritores contaram que entraram no mercado de outras maneiras e hoje possuem livros publicados por grandes editoras. Isso trouxe uma noção de múltiplas funções além da escrita. Quem começou a falar foi Victor, autor do romance LGBTQIA+ “Quinze Dias” e do finalista do prêmio Jabuti 2022 “Se a Casa 8 Falasse”, que também é tradutor e ilustrador. Devido a outras profissões que exerce, acredita que isso auxiliou no seu processo criativo para escrever, como desenhar seus personagens lhe ajuda a pensar em detalhes importantes para a história, e no caso da tradução, a ter mais vocabulário quando escreve em português.
“Em inglês, por exemplo, eles usam muito o “said” para declarar falas. A tradução trouxe para mim uma criatividade para mudar as coisas, colocar “exclamou, “sussurrou”. Assim o texto fica muito mais criativo e é possível aproveitar o nosso idioma que é tão rico”, explicou o escritor.
Stefano Volp é escritor, editor, roteirista, tradutor e organiza o clube do livro Caixa Preta, que resgata um conto de um escritor negro todos os meses em um sistema de assinatura. Mesmo com um diploma de jornalismo, Volp se interessou no mercado literário e fez uma especialização na área após a faculdade, e também usa seu conhecimento para auxiliar outros escritores a criarem suas histórias através de mentorias. Como roteirista, já participou da criação de séries para o streaming, e atualmente está trabalhando na adaptação para filme de seu livro, “O Beijo do Rio”. O escritor também falou de como suas outras profissões auxiliam na criação de suas histórias escritas.
“O trabalho no audiovisual me ensinou a ter disciplina; às vezes um roteiro preciso ser entregue em seis meses, e é possível. Tento aplicar essa noção de tempo na minha escrita”, declarou ele.

Já Luiza começou escrevendo e desenhando webcomics, e publicou seu livro “Arlindo” pela editora Seguinte em 2021. Além da sua própria história, ela também ilustra para marcas, já fez capa de livros e está sempre ativa no seu Instagram postando seus trabalhos.
Segundo ela, todo o processo de criação de um quadrinho é algo muito cansativo e trabalhoso. “Arlindo”, por exemplo, levou dois anos para ficar pronto. Isso pode trazer muita ansiedade e autodepreciação, principalmente quando se tem noção de todos os seus processos para além do desenho. Ela falou sobre como que equilibra a pressão e o processo criativo.
“As coisas que nós escrevemos exigem dedicação, estudo, pesquisa, para além de sentar e escrever ou desenhar. Nós conseguimos fazer as coisas com mais calma quando fazemos o que queremos, não o que esperam da gente”, conta a ilustradora.
Ao final, Cinthia perguntou aos três sobre seus projetos futuros e conquistas que a escrita tem dado a eles. Vitor revelou que está trabalhando no seu novo livro e também no lançamento de suas obras em outros países. Volp também deu detalhes do seu próximo trabalho, que será um thriller e irá tratar de violência doméstica, e por fim, Luiza, se orgulhou dos prêmios e conquistas que tem ganhado com Arlindo, como o CCXP Awards, no último ano.
Foto de capa: Karla Maia/Agência UVA.
Reportagem de Karla Maia, com edição de texto de João Agner
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