O cenário político brasileiro começa a passar por uma importante “metamorfose”. O que se espera diante dos últimos acontecimentos na política brasileira, como a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, é um verdadeiro despertar social no sentido de cobrarmos verdadeiramente uma democracia participativa que se dê de forma consciente e atuante. Podemos resumir tudo isso em apenas uma palavra: representatividade.
Mas é claro que existem dois lados da moeda. A prisão de Lula favorece o processo de justiça contra a corrupção, porém não soluciona os problemas do nosso país. Para o professor universitário, pesquisador na área de ciências sociais e cientista político, Guilherme Carvalhido, o acontecido “satisfaz mais os grupos contrários ao PT e Lula do que necessariamente a estrutura social e política do Brasil”.
Originariamente, o brasileiro sempre foi considerado por muitos como politicamente apático e, neste sentido, parecia não se importar com o crescimento desenfreado da corrupção, sendo apelidado por alguns como “República das Bananas”. Todavia, é nítido que a população não vai ficar calada diante de todos esses acontecimentos.
Uma pesquisa realizada no ano passado, pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostrou que 94% dos eleitores não se sentem representados pelos políticos que estão no poder. O levantamento confirma a rejeição generalizada dos brasileiros à classe política, independentemente de partidos, e ao atual sistema político-eleitoral. Entenda mais sobre essa república no vídeo a seguir.
Uma peça importante nesse sistema é a grande mídia. Todos os dias há uma avalanche de matérias e reportagens na TV, no rádio, na mídia impressa e nas mídias sociais, atacando diversos grupos com suas notícias. Segundo o cientista político Guilherme Carvalhido, a grande mídia defende os interesses de seus donos e de seus editores.
“Eu diria que é impossível uma mídia não ter um posicionamento específico. Acho normal que tenha, inclusive. Mas a mesma precisa se resguardar de um tentativa de neutralidade e apresentar todos os pontos de vista da mesma forma. Inclusive, no meu entender, ela deveria declarar sempre qual é a sua posição”, afirma Carvalhido. Os laços sociais precisam ser definitivamente reestabelecidos e acabar de vez com a institucionalização do individualismo, com o interesse privado ou individual se sobrepondo ao interesse coletivo.
É através da política que se decide o destino de um país. O momento do voto representa a prática pura da cidadania, quando são escolhidos nossos governantes e representantes, e, muito além disso, é o momento que a população influi diretamente na renovação democrática do país. E somos nós, brasileiros, que temos o papel e obrigação de lutar pelo fim da corrupção e mudar todo esse sistema.
Crueldade e repressão: os terrores ditatoriais
Quando pensamos no período ditatorial que se instalou no Brasil, a primeira palavra que vêm à cabeça de quem está lendo ou pesquisando sobre o assunto é “censura”. Mesmo sendo uma palavra pequena, e escrita de maneira simples, ela possui um enorme e pesado significado. O ato de censurar é proibir, é privar o cidadão de um determinado país de seus direitos que estão previstos em lei.
Há cerca de 42 anos, o jornalista Vladimir Herzog era mais um homem que foi calado pela censura. Em 1975, no dia 25 de outubro, Vlado foi cruelmente torturado e assassinado em São Paulo, no Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de defesa interna, o DOI-CODI. O jornalista teria se apresentado voluntariamente para prestar esclarecimentos com sua suposta ligação com o partido comunista brasileiro e sobre uma campanha contra o jornalismo da TV cultura, na qual ele era editor.
Além de ser brutalmente assassinado por espancamento, os militares forjaram a cena do crime, dando a entender que o jornalista tinha na verdade se enforcado com uma tira de pano. Os responsáveis amarraram o corpo pelo pescoço à grade de uma janela e convocaram um perito do Instituto Médico Legal para fotografar a “prova” de que o preso dera fim à própria vida por ter um surto de enlouquecido. A causa da morte seria a de que ele estaria arrependido por ter escrito uma confissão que aparecia rasgada, no chão, na imagem divulgada pelos órgãos de repressão.

A censura oficial da ditadura era institucionalizada e fez com que não houvesse uma pluralidade de opiniões. Com isso, somente as mídias alternativas conseguiam tratar os assuntos de forma diferente do que a grande mídia abordava. A principal diferença entre as mídias brasileiras é que hoje, a censura que ocorre nos meios de comunicação é velada, ou seja, ela é de certa forma encoberta e disseminada. Fazendo com que uma mesma opinião, através das linhas editoriais dos jornais, seja acatada por toda a população.
Reportagem de Gabriel Betbeder e Izadora Peres, e vídeos de Juney Freire e Luiz Paulo Walcyr para a disciplina Oficina Multimídia em Jornalismo
0 comentário em “Os respingos da ditadura brasileira”