Educação Geral

Primeira opção: estudantes escolhem curso técnico como alternativa à faculdade

Todo estudante, no fim do Ensino Médio, se depara com a dúvida que o persegue durante toda a vida escolar: qual profissão seguir. Geralmente, a escolha fica entre ingressar na faculdade ou entrar no mercado de trabalho direto, mas há uma terceira opção que alia o conhecimento específico ao curto prazo: o ensino técnico. Com duração média de um ano e meio, o curso proporciona uma formação de qualidade em pouco tempo, além do baixo custo. É uma modalidade de ensino antiga, mas com o alto número de candidatos para poucas vagas nas universidades públicas, o ensino tecnicista tem se tornado uma tendência entre os jovens.

Foi a escolha de Yohana Kelly Bastos, de 19 anos. Ela faz técnico em Design de Interiores e pretende cursar Arquitetura e Urbanismo no futuro. Por não poder arcar com os custos de uma graduação tradicional, Yohana preferiu iniciar a formação técnica. “Eu amo essa parte de decoração e arquitetura e juntando isso eu posso fazer um pacote completo. Uma coisa liga à outra. O técnico é mais vantagem porque é de um ano e oito meses, a faculdade são cinco anos”, destaca a estudante.

Quem também optou pelo curso foi Ana Carolinne Pereira, de 21 anos. Hoje é técnica em Administração, se formou há dois meses e recomenda o curso principalmente porque se aprende na prática. Ela também destaca as vantagens do curto tempo e do menor custo. “É uma forma de você descobrir se gosta mesmo ou não de uma faculdade. Às vezes você faz cinco anos e só descobre depois que não gosta disso. Às vezes você gosta de aprender, mas não gosta de colocar aquilo em prática. O técnico é mais rápido. Eu não gostava de Administração e agora eu pretendo fazer por causa do técnico”.

Há também quem tenha desistido da graduação para se dedicar ao curso técnico. Um exemplo é Beatriz Isaksson, de 19 anos. A jovem iniciou o curso de Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) logo após o término do Ensino Médio, mas desistiu no primeiro período. Segundo ela, a faculdade não atendeu a suas expectativas e seu plano é ingressar no curso técnico em Turismo no próximo semestre. “O superior é muito teórico e eu prefiro a prática do que vou lidar no dia a dia da profissão. O técnico é mais rápido em duração, por isso a entrada no mercado de trabalho se dá logo”. Beatriz também destaca que o custo reduzido foi um fator que a influenciou na troca do bacharelado pelo técnico.

A fisioterapeuta Roberta Fernandes Carvalho é professora dos cursos de Massoterapia e Estética há nove anos no Senac. Ela afirma que, por ter duração menor, o conteúdo é mais prático e intenso do que na graduação, o que torna o aluno um bom profissional, não apenas no aspecto técnico. “O mercado de trabalho está sendo muito seletivo, então, além de o aluno ter conhecimento da técnica, ele tem que ter noção de ética, de profissionalismo, trabalho em equipe. Tem que ser um profissional que se enquadre nesses aspectos”. Mesmo após a graduação, há quem queira aprimorar a prática. “Alguns alunos, mesmo depois de terem se formado na faculdade, têm vindo fazer o curso técnico porque querem somar o aprendizado teórico com o aprendizado prático”.

Para ser inserido no mercado de trabalho e sanar a dúvida sobre qual profissão seguir, a formação técnica é a melhor solução até mesmo para projetar a carreira. É o que Gisele Ribeiro, administradora, especialista em Gestão de Educação e professora há oito anos afirma: “Eu acho interessante você fazer um curso técnico quando ainda não tem certeza sobre a sua graduação, porque é uma forma de conhecer mais a profissão e aí, de repente, você tem certeza que quer investir naquela profissão e vai e faz uma graduação. Eu vejo que muitos alunos pensam dessa maneira”.

Recém-formado no Ensino Médio, o jovem dificilmente encontra uma vaga de emprego. Ele precisa se adequar aos muitos requisitos e sua formação mínima não permite. A saída é o ensino técnico, que habilita em pouco tempo. Mas é importante também estar alerta à movimentação do mercado de trabalho e escolher o curso certo.

A professora Gisele Ribeiro destaca os cursos técnicos em Logística, Administração e Enfermagem como os mais procurados pelos alunos, principalmente por terem uma demanda maior de profissionais. “O técnico em logística é o que, atualmente, está tendo uma demanda maior. A Administração é uma área muito generalista. Então, assim como a graduação em Administração, o técnico em Administração também é uma possibilidade de você ter uma empregabilidade grande”.

Assim como há cursos em alta no mercado, há também os que apresentam diminuição de vagas, o que faz reduzir a procura. Um desses casos é a Contabilidade. “É um curso que deu uma caída, até de instituições que estejam fazendo esse curso atualmente, e no mercado de trabalho também não está tendo uma grande procura por esse profissional”.

O curso técnico pode se tornar a formação principal, principalmente quando o aluno se identifica com a profissão e é inserido no mercado de trabalho. Deve parar de ser visto necessariamente como segunda opção. “Não é que você faça o curso técnico e pare, é você fazer o curso técnico e fazer outros cursos de especialização dentro da sua área técnica. O que a gente percebe é que muitos cursos técnicos são fundamentais para o mercado de trabalho e, em relação à empregabilidade, uns estão pagando mais que o próprio curso de graduação. Então, você tem duas vertentes aí: olhar para o curso técnico como um caminho para sua escolha de graduação ou como uma forma de profissão”, finaliza Gisele.


Reportagem de Carla Beatriz Pessôa de Aguiar para a disciplina Projeto Interdisciplinar de Jornalismo Impresso

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