Cultura

Inclusão social infantil é tema de debate na Bienal do Rio

A escritora Andrea Viviana Taubman. Foto: Julia Dias / AgênciaUVA

A importância da leitura que retrata a deficiência na vida das crianças brasileiras.

Aberta a todos os públicos e a todas as idades, a maior feira literária do Brasil também chamou a atenção para temas como a inclusão social. Autora do livro “O menino só” – que expõe o complexo mundo das crianças autistas -, Andrea Viviana Taubman conversou com a escritora Alessandra Almeida Maltarollo, que escreveu “As aventuras de uma criança DOWNadinha”, na palestra promovida pelo Grupo Editorial Zit, no Auditório Lapa, na última terça-feira (5/9). Elas falaram da importância de uma literatura infantil que trate de como acolher as crianças com deficiência cognitiva.

 

A escritora Andrea Viviana Taubman. Foto: Julia Dias / AgênciaUVA
A escritora Andrea Viviana Taubman. Foto: Julia Dias / AgênciaUVA

“Diferente não é sinônimo de ruim. Falar e esclarecer o tema é o primeiro passo para que as pessoas possam entender como vivem essas crianças”, explica Andrea. A autora propôs ainda um exercício com o público: se imaginar preso em uma balsa, usando roupas e sapatos apertados, com um apito alto soprando em seu ouvido por incontáveis dias e noites e o vislumbre de pessoas rindo histericamente de você. “Bem-vindos à vida de uma pessoa que está dentro do espectro autista. ”

Andrea abordou o autismo como uma deficiência invisível presente em uma sociedade visual, ou seja, por não ser perceptível a olho nu como as outras deficiências, ele é tratado com ainda mais descuido. No entanto, a divulgação do transtorno está crescendo nos últimos anos. Um exemplo disto é a série estadunidense “Atypical”, que tem como protagonista um garoto autista de 18 anos. A série mostra com precisão a rotina de sua família e a mobilização das pessoas a sua volta para acolhê-lo, o que, afirma Andrea, teve aprovação da comunidade autista.

O livro “O menino só” não possui apenas ilustrações e versos de Andrea. Há também um texto de apoio para esclarecimento direcionado a pais e professores e o resumo dos principais sintomas do TEA (Transtorno do Espectro Autista) para diagnóstico das crianças autistas que os leitores possam vir a conhecer. Todavia, Andrea lembra que cada autista possui características únicas que não dispensam uma avaliação mais detalhada.

Andrea Viviana Taubman e Alessandra Almeida Maltarollo. Foto: Julia Dias / AgênciaUVA
Andrea Viviana Taubman e Alessandra Almeida Maltarollo. Foto: Julia Dias / AgênciaUVA

Apesar de seus livros retratarem a rotina de deficientes cognitivos, ambas as autoras esclarecem que esta literatura também é importante para crianças que não possuem este tipo de deficiência. Alessandra conta que a maioria das famílias que compra seu livro aprecia a forma leve como a Síndrome de Down é tratada, sem o abismo da diferença. “A inclusão acontece quando se vê a criança e não a síndrome. ”

Em “As aventuras de uma criança DOWNadinha”, Alessandra retrata a vida de Clarice, sua filha de 11 anos que tem Síndrome de Down. Graduada em Pedagogia,  a autora diz que Clarice foi a parte prática da sua profissão e que, ao colocar a filha em creches e escolas não especializadas na síndrome, observou que o preconceito se adquire, não nasce com as crianças.

“São as crianças que pedem aos pais para comprarem o livro. Elas o acham colorido e bonito. Nas livrarias, os livros que falam sobre deficiência estão na parte ‘assuntos delicados’, lá em cima, ou seja, não são feitos para crianças. Quando pensei no livro não o queria no alto das prateleiras, queria que as crianças pudessem ler. ”, conta Alessandra.

Os livros “O menino só” e “As aventuras de uma criança DOWNadinha” estão expostos no estande do Grupo Editorial Zit, Pavilhão Azul, Rua I, 25. A editora também tem livros voltados para o público adulto.


Julia Dias – 3º período 

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