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Um segmento em ascensão

O jornalismo de games surgiu no Brasil na década de 1990, ao contrário dos Estados Unidos, que em 1981 possuía revistas com conteúdo cem por cento voltado para os jogos. A linguagem era direcionada para crianças e adolescentes, com bastante propaganda e serviço. “Antigamente existia uma apelação maior para dicas e macetes, diferente de hoje, onde há mais informações técnicas e matérias voltadas para causar euforia sobre os jogos em si”, conta Flávio Zeferino, de 31 anos, que trabalho do Departamento Pessoal de um escritório e, por cerca de dez anos – dos 15 aos 25 –, consumia revista sobre o tema, mas, atualmente, utiliza a internet para esta mesma finalidade.

As antigas publicações não se utilizavam de grandes textos e tinham atalhos para chamar mais jogadores. Hoje, com o público amadurecido e cada vez mais participativo, surgiu à necessidade de um jornalismo especializado, e com jornalistas cada vez mais presentes em eventos, conferências e competições. Com o intuito de mostrar como os jogadores são muito mais ativos atualmente do que na época em que a indústria de games ainda estava nas suas primeiras décadas. Sendo assim, os sites voltados para jogos, não ficam restritos aos consoles, nem aos PCs e nem aos smartphones. Graças, ao aumento de fluxo e velocidade de informação em escala global e maior diversidade de possibilidades estéticas e multimídias para transmissão de conteúdo. Publicações são voltadas para todos os tipos de informações, desde dos melhores games, jogadores, opiniões, críticas, valores de produtos, histórias e sobre o seu lançamento.

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Antigo Guia de Jogadores para Microcomputadores publicado nos Estados Unidos [foto: Reprodução da Internet].

Atualmente, as matérias, vídeos e imagens são disponibilizados em questão de segundos na web, diferente das revistas que são, em termos gerais, periódicos mensais. “Demorava dias para que pudéssemos ter acesso às informações sobre os jogos, era incrível ler sobre os personagens e como passar de fases em menos tempo. Agora, temos uma gama de conhecimento que antes nunca imaginaríamos”, afirma o militar Sérgio Melo, de 28 anos. Antes, as publicações só estavam disponíveis nas bancas depois do lançamento dos jogos. Para não saírem em desvantagem, os editores realizam grandes reportagens, com direito a dados e gráficos sobre o desempenho dos games. Eram dependentes direto das indústrias e se alguma informação saísse antes da divulgação oficial, as redações poderiam ser processadas e nunca mais receber nenhuma nota.

Quando não se encontra uma informação completa, não demora muito para que outros sites de notícias possam analisar e se aprofundar. “Algumas informações sobre os jogos não são objetivas, os produtores de alguns games tem que publicar mais. E nem todos tem acesso a maioria dos lançamentos. Uma vez, fiquei sabendo sobre um game que iria sair, através de um amigo que leu em um site internacional”, diz Jefferson Vasques, 24 anos, estudante de Análise de sistema. Sendo assim, para estar sempre à frente dos outros veículos, são necessários que os meios de comunicação possam ter o contato direto com esses dados e terem permissões para publicá-los. “Eu escrevi para um blog de tecnologia. Só contava sobre as novidades dos games e o que seria lançado. Buscava as informações direto dos fabricantes, em inglês, e explicava em português”, relata a jornalista de 28 anos, Patrícia Porto.

E o avanço das tecnologias é um fator que provocou grandes mudanças no mundo como um todo, inclusive no jornalismo. “É uma mudança muito significativa, dos anos 90 para os nossos dias. Primeiro, em função de toda a cultura digital, que se desenvolveu de uma maneira enorme, gerando toda uma mudança no imaginário das pessoas sobre o desenvolvimento do conteúdo dos games”, afirma Diana Damasceno, professora do curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida, e curadora de comunicação em uma startup que produz games educativos, publicitários e de treinamento para colaboradores de empresas de diversas áreas.

Sobre a junção do mundo dos games como o mundo do jornalismo, Diana declara que as transformações do meio fazem com que os profissionais da área aprendam na prática constantemente. “Nós estamos, mais uma vez, aprendendo fazendo, porque nós não temos mais a separação nítida entre o que é impresso e o que é eletrônico. Nós temos, hoje, temos um jornalismo multimídia. Então, o game é, na verdade, mais um elemento para que se transmita a informação e esta ideia parte do conceito de gameficação, que tem se espalhado cada vez mais no mundo e que tenta trazer a ideia original do game enquanto entretenimento para trabalhar conteúdos muitas vezes sérios, pesados, considerados chatos, de uma maneira mais acessível às pessoas. E o jornalismo de games, agora, está começando a tomar pé, muito mais fora do país, mas aqui no Brasil também”, ela salienta.

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Antiga revista sobre videogames [foto: Reprodução da Internet].

No entanto, apesar do crescimento, a acadêmica acredita que o jornalismo de games ainda está muito restrito a um público específico. “É uma opinião minha. Nós temos algumas faixas de leitores, espectadores, navegadores do jornalismo que também estão se redefinindo. Tem o público mais velho, que não associa ainda o game à informação seria. Por outro lado, temos um público intermediário, na faixa dos trinta, trinta e poucos anos, que já começa a associar, mas ainda não faz o uso, até por causa da correria do dia-a-dia. E o público muito jovem, que não lê notícia, que está bem focado no game em sua função original, o entretenimento”.

E, apesar de ser uma jornalista com anos de experiência, Diana não assume uma postura excludente aos novos geradores de opinião e informação da era digital, como bloggers, vloggers e etc. “Acho que são complementares, o que os blogueiros, vlogueiros e afins colocam, não tendo formação de jornalista, é algo complementar, com um olhar diferente do nosso. Nós olhamos o mundo de uma determinada maneira e eles olham de outra, o que eu não acho que seja excludente, mas, complementar, de fato. É você entender esse movimento de que você pode olhar diversos pontos de vista e escolher o seu olhar pessoal”.

O jornalismo de jogos contribui não só para divulgar os jogos como também aproximar os jogadores em comunidades virtuais, cobertura de eventos e publicidade de produtos oficiais. Desse modo, eles passam a gerar matérias, que contempla o conteúdo original ou até o subverte, forçando as empresas a construírem uma nova relação com esse público. Mas, é claro que o segmento sofre das mesmas mazelas que o jornalismo como um todo: poucas oportunidades, dificuldade em vislumbrar plano de carreira, baixos salários. Ainda assim, há inúmeras maneiras de criar e postar conteúdo, seja de forma autoral ou em sites especializados. Os portais de notícias ainda não superaram o mercado estrangeiro, onde há diversos sites de games para segmentação: mobile, eSport, indie, podcast e vídeo. O tempo o mercado tem tudo para crescer e mais pessoas para consumirem, necessitando apenas de espaço nas grandes mídias.


Pamella Castro – 7º Período

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Agência UVA é a agência experimental integrada de notícias do Curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida. Sua redação funciona na Rua Ibituruna 108, bloco B, sala 401, no campus Tijuca da UVA. Sua missão é contribuir para a formação de jornalistas com postura crítica, senso ético e consciente de sua responsabilidade social na defesa da liberdade de expressão.

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