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Podcast: uma vertente do mundo nerd

O avanço das novas tecnologias proporcionou a expansão e troca de conteúdo nas últimas décadas, e um formato específico teve destaque: o podcast. Desde 2004, a produção de conteúdo na internet através do gênero ganhou espaço, aliando a facilidade de se produzir, disponibilizar gratuitamente, e também a diversidade de temas discutidos. O ouvinte tem a liberdade de ouvir apenas os programas que lhe interessam, sejam eles sobre cinema, música, política ou variados assuntos, característica que originou o nome deste estilo de produção – o termo podcast é uma fusão de iPod e broadcast, a transmissão via rádio.

O primeiro programa brasileiro deste formato foi o “Digital Minds”, que surgiu em outubro de 2004, agregado ao blog homônimo de Danilo Medeiros. O blogueiro buscava uma maneira de se diferenciar de outros sites na época, e encontrou no podcast o seu diferencial. Em novembro do mesmo ano, surgiu o “Podcast do Gui Leite”, criado por quem dá nome ao programa. A difusão de programas foi tão grande que, em 2005, aconteceu no Paraná a primeira edição da Conferência Brasileira de Podcast – a PodCon Brasil -, primeiro evento brasileiro dedicado exclusivamente ao assunto. Nesta edição, nasceu a Associação Brasileira de Podcast – ABPod -, presidida pelo podcaster Maestro Billy. Após esse primeiro momento, os podcasts sofreram um apagão – inúmeros programas chegaram ao fim. Apenas em 2008 que o cenário foi retomado, com novos programas sendo produzidos.

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Equipe do “99 Vidas” [arte: Reprodução da Internet].

Entre os programas sobre cultura pop aqui no Brasil, se destaca o NerdCast – do site “Jovem Nerd” -, que completou uma década em 2016 com recorde de 1 milhão de downloads por episódio e primeiro lugar de audiência em podcasts no país. Junto com o Rapaduracast, do “Cinema com Rapadura”, foi um dos primeiros sobre cultura nerd e cinema no Brasil. O Nerdcast também foi o precursor dos podcasts no país com mais de 60 minutos de duração. Um episódio, em média, dura 90 minutos – diferente do formato nos EUA, que têm menos de uma hora.

Em 2010, Izzy Nobre e Jurandir Filho, dois apaixonados por videogames clássicos, decidiram registrar sua paixão pelo universo gamer que os acompanha desde a infância em forma de podcast. Então, criaram o “99 Vidas”, cujo conteúdo sobre games em formato de podcast foi o primeiro no país. Bruno Carvalho e Evandro de Freitas se juntaram à dupla logo após algumas edições, para compartilhar também tudo sobre games clássicos. E, na sexta-feira – 21 de abril – o Geek & Game Rio Festival promove o encontro desses quatro amigos, onde poderão dividir suas experiências após sete anos de podcast e falar sobre a dinâmica do grupo.

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Logo do podcast “Senta Aí” [arte: Reprodução da Internet].

Embora diversos podcasts brasileiros tenham grande alcance e sucesso, as dificuldades para quem está começando são diversas. O podcaster Cláudio Gabriel comenta que a maior dificuldade enfrentada no país é a divulgação. “O YouTube tomou espaço e fez isso se tornar uma máquina. Tanto que a maioria dos podcasts está migrando para o YouTube”, diz o estudante de Ciências Sociais da UFRJ, integrante do programa de cultura nerd “Senta Aí”. Ele também aponta: “É difícil se manter devido à pouca oferta de profissionais de edição de áudio. Os brasileiros dão muita relevância ao áudio. Isso não é feito nos EUA.” Um contratempo muito comum também é a falta de periodicidade, afetada pela dificuldade de reunião de participantes de um podcast.

O painel sobre o podcast “99 Vidas” no GGRF poderá dar luz à discussão sobre o futuro do formato com a ascensão do YouTube. De 2005 pra cá, o site de vídeos teve um crescimento estrondoso, se tornando umas das principais mídias de criação e propagação de conteúdo da internet. Com a difusão dos canais, é natural que o podcast seja repensado para o público consumidor de conteúdo em vídeos – alguns mais conhecidos, como o NerdCast, são republicados no site de forma “pirata” e possuem grande número de acessos, o que fortalece a ideia de que o formato do podcast resiste – mas ainda pode ser revisto para se adequar a um novo público.


Beatriz Brito – 5º Período

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