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A voz como instrumento de trabalho

Aconteceu na última quinta-feira, dia 13, no auditório do campus Tijuca, o evento “Voz, Arte, Fonoaudiologia e Diversidade”, promovido pelo curso de Fonoaudiologia da UVA. A rodada de debates se propôs a dar mais visibilidade ao trabalho do fonoaudiólogo no meio artístico, na preparação vocal de profissionais que utilizam a voz como instrumento, em comemoração ao Dia Mundial da Voz – em 16 de abril.

Participaram das mesas professores da casa, profissionais do meio artístico e convidados especiais. E quem ficou responsável pela abertura do evento foi o coral formado por alunos do curso de Fonoaudiologia da UVA, que animou o público em plena véspera de feriado com seu repertório. O coral, que surgiu no projeto UVA Talents no fim de 2016, performou três canções e foi aplaudido de pé ao fim da apresentação.

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Coral da UVA na performance de abertura do evento [foto: Beatriz Brito/Agência UVA].

A primeira mesa – composta pelas fonoaudiólogas Luciana Oliveira e Leila Mendes, a atriz Lorena Comparato -, foi mediada pelo professor da casa, Reynaldo Lopes, e colocou em pauta a preparação vocal do ator. Lorena participou de diversas produções televisivas da Rede Globo, e explicou sobre a construção da voz de um personagem junto da fonoaudióloga Leila Mendes, que praticou um exercício vocal com a atriz para exemplificar o tipo de trabalho que é feito para dar forma à voz de determinado personagem.

Luciana Oliveira pontuou: “O trabalho do fonoaudiólogo começa antes da voz. Ele precisa entender para atender bem”. Ela se refere à importância de buscar conhecimento sobre dramaturgia para atuar nesse nicho de mercado. As fonoaudiólogas defenderam que é também necessário entender o contexto em que o personagem está inserido para poder orientar o ator quanto ao trabalho com a voz. “É muito importante ter uma mente aberta, vivenciar e entender.”

Sob mediação da professora Isabela Poli, a segunda mesa contou com a participação de Sylvia Salustti e Aline Cabral – ambas com trabalhos expressivos em dublagem de filmes e musicais. Sylvia é conhecida por ser a voz de personagens como Jean Grey, de “X-Men”, Rapunzel, de “Enrolados”, Mary Jane, em “Homem-Aranha”, e muitos outros. Já Aline, cantora profissional e fonoaudióloga, participou da dublagem de diversos filmes musicais da Disney.

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Lorena Comparato, profº Reynaldo Lopes, Luciana Oliveira e Leila Mendes [foto: Beatriz Brito/Agência UVA].

Este segundo debate colocou em foco o trabalho de voz na dublagem, além dos desafios de tradução tanto de textos quanto de músicas. Sylvia dividiu com o público, de forma bem-humorada, a dificuldade de dublar produções mexicanas, em que o trabalho corporal e vocal dos atores – que beiram o exagero -, exigem mais do ator na hora da dublagem. A dubladora ainda agradou ao público ao ceder aos pedidos para cantar um trecho da canção original do filme “Enrolados”.

Após um rápido intervalo, deu-se início à terceira e última mesa redonda do evento, sobre voz e diversidade humana – com participação da atriz transgênero, Dandara Vital, da empresária Michelle Feller, e o estudante de Marketing, Vitor Franco. O professor da casa João Lopes contextualizou o debate falando sobre o projeto do curso de Fonoaudiologia em que trabalham a readequação de voz de pessoas transgênero.

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Profª Isabela Poli, Sylvia Salustti e Aline Cabral em debate sobre dublagem [foto: Beatriz Brito/Agência UVA].

Michelle e Vitor participam do projeto e, assim como Dandara, compartilharam suas vivências enquanto indivíduos transexuais. A atriz conta que o teatro foi importante para seu autoconhecimento, empoderamento e aceitação, e também que precisam existir oportunidades no meio artístico para uma maior representatividade trans na mídia, e assim possamos falar efetivamente de visibilidade.

Michelle e Vitor elogiaram e agradeceram o trabalho realizado na Clínica UVA, e falaram o quanto tem sido benéfico participar deste tipo de projeto. O jovem, que relatou trabalhar com marketing digital como uma forma de não se expor ao público pelo medo do preconceito, também usou o teatro – e o projeto na UVA – como ferramenta para se conhecer melhor e ganhar mais segurança. Ele conta que ficou se “questionando se precisava ter voz masculina para ser visto como homem” por muito tempo e que “a gente tá lutando por um recolhimento social”.

A brilhante fala do trio sobre representatividade e respeito à diversidade fechou o ciclo de debates do evento, seguido de uma apresentação teatral da peça “Mulheres de Tebas”, do coletivo Damas em Cena. A encenação contou com a atriz Dandara Vital, que é membro do coletivo e encerrou o evento de maneira singular. A fidelidade do público até o fim do evento só comprova que este encontro do curso de Fonoaudiologia, em comemoração ao Dia Mundial da Voz, foi um sucesso.


Beatriz Brito – 5º Período

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