Nos dias atuais, a busca por uma carreira de sucesso exige um nível de dedicação tão grande que muitas pessoas acabam abrindo mão da vida pessoal. A partir daí, duas coisas podem acontecer: ou ela vira workaholic (viciada em trabalhar) ou ela chega a um nível de stress muito alto e acaba surtando. É com esse debate comportamental que “TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva”, novo longa estrelado por Tatá Werneck, se sustenta.
Contextualizando, Kika K (Tatá Werneck) é uma atriz badalada que está estrelando muitas novelas e propagandas comerciais. Idolatrada por uma legião de fãs, depois de presenciar um suicídio, a personagem enfrenta uma crise existencial sobre a relação da vida pessoal e profissional, enquanto tem de lidar com seu TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo).
A história é comparada, por muitos, como uma adaptação – em escalas bem menores – de “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) ”, de Alejandro Iñárritu, vencedor do Oscar de melhor filme e direção de 2015. Em ambas as histórias os personagens principais chegam a uma Epifania sobre qual caminho as vidas pessoais estão tomando. De acordo com Tatá, a ideia inicial era falar sobre o controle ilusório que as pessoas acham que tem sobre a própria vida. Exemplificando, nas palavras da atriz, “as vezes eu estou mal, mas preciso colocar uma peruca para fazer as pessoas rirem”.
Mesmo sendo uma comédia escrachada, o filme sabe ser sério nos momentos que precisa ser. Isto se dá porque além de falar sobre um assunto profundamente filosófico, trata de um problema seríssimo na sociedade moderna, o TOC. Segundo o diretor Teo Poppovick, o longa tira humor de dentro de uma história dramática. Tema, inclusive, muito debatido durante a coletiva de imprensa.
Ainda falando sobre direção, Teo trabalhou no filme em parceria com Paulinho Caruso. Os diretores usaram uma estética muito colorida e de cortes rápidos. Essa poluição cromática, de acordo com Poppovick, foi proposital e teve o intuito de ativar a sensação de multi estímulos visuais, muito presente na sociedade moderna. “A nossa vida tem vários dramas acontecendo ao mesmo tempo. Essa antítese do purismo é o que tentamos buscar com essa linguagem”.
Verdade seja dita, os diretores tiveram o trabalho facilitado devido ao grande elenco que compunha o filme. A lista de ouro conta, além de Tatá, com Bruno Gagliasso (como Caio Astro, também ator e viciado em pornografia), Vera Holtz (como Carol, a empresária superprotetora de Keka), Luis Lobianco (como Felipão, o fã maníaco), Daniel Furlan (como Vladimir, a verdadeira paixão da personagem principal), Ingrid Guimarães (se passando por ela mesma, e arquirrival de Keka), entre outros.

O elenco de estrelas prova que a comédia brasileira é o gênero cinematográfico que mais cresce no País. E diferentemente dos outros longas, “TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva” não apresenta um discurso apelativo e mostra grandes referências aos clássicos da comédia. Tatá Werneck e Daniel Furlan formam uma dupla incrível, consagrando de vez suas entradas para o mundo da sétima arte.
Iago Moreira- 7º Período

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